Número de infectados pela Covid-19 em Minas Gerais pode ser 16 vezes maior, aponta estudo

Minas Gerais pode ter 56 mil indivíduos infectados pelo coronavírus, aponta o levantamento feito por cientistas mineiros e é a projeção mais próxima da realidade. O estudo dá conta de que existam 16,5 casos da doença para cada um confirmado oficialmente. O índice é quatro vezes maior que a média nacional. No país, são 3,8 pessoas com a COVID-19 para cada caso aferido. 

O levantamento foi coordenado pelos professores Leonardo Costa Ribeiro, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, e Américo Tristão Bernardes, do Departamento de Física da Universidade Federal de Ouro Preto e a  pesquisa foi divulgada nessa terça-feira 12. 

A primeira edição do trabalho foi apresentada há cerca de um mês e, à época, o cálculo mostrava subnotificação de 7,7 vezes em âmbito nacional. A base para o estudo da UFMG e UFOP são estatísticas sobre hospitalizações concebidas pela Fiocruz, com a análise matemática da evolução temporal de internações, entre 2012 e 2019. O cálculo parte de uma técnica de regressão, replicando com grau de precisão acima de 90%, o comportamento típico dos casos de hospitalização por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Aplicando a técnica para 2020, chega-se à perspectiva de casos sem o surto provocado pelo coronavírus. A distinção entre a curva matemática que representa os números esperados e o volume real de internações dá a medida da subnotificação.

O número de testes no Brasil cresceu. Há um mês, eram realizados 296 testes por milhão de habitantes, e, há dois dias, foram feitos 1.597 testes por milhão. Por outro lado, em Minas Gerais, o índice da testagem é baixo, são 476 testes por milhão de habitantes, atrás de Amazonas e Distrito Federal, por exemplo, com 1,6 mil testes.

O estado é, entre as demais unidades federativas, o terceiro lugar para o nível de internações por SRAG, e isso tem reflexo na pesquisa dos professores. Minas Gerais figura apenas na 11ª colocação na relação de casos confirmados de Covid-19. Combinando o alto número de hospitalizações pela síndrome com números baixos de testes e casos confirmados chega-se à realidade da grande subnotificação nos registros oficiais sobre o coronavírus.

O Brasil ocupa a oitava posição entre os números de contaminação em nível mundial e a 27ª em testagem por milhão de habitantes entre os 30 países mais afetados pela COVID-19.  

(Fonte: Jornal O Estado de Minas)