Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Grandes epidemias da História da Humanidade

Edição nº 1722 - 10 de abril de 2020

A História da Humanidade não é marcada apenas pelos grandes impérios, grandes guerras e o avanço material e tecnológico do homem no tempo, mas também pelas grandes doenças que afetaram os mais diversos povos, causaram momentos de grande tensão e, em alguns casos, grandes transformações. 

Uma epidemia faz referência a doenças que se disseminaram por uma região geográfica limitada, uma cidade por exemplo. Já o termo pandemia é utilizado para uma doença que se espalha por muitos lugares, diversos continentes, como é o caso recente da Covid-19, que se espalhou pelo mundo. 

 Reportagem da Revista Exame, edição de 17/3/2020, dá conta de que Epidemias já fizeram 3 bilhões de vítimas no mundo. “Pode parecer até exagero, mas nos últimos 1.500 anos mais de 3 bilhões de pessoas no mundo morreram em decorrência de doenças provocadas por novos vírus e bactérias. Do ponto de vista histórico, portanto, o número de vítimas fatais do coronavírus, até o momento, é ainda pequeno: quase 8.000 mortos no mundo.”

 

Idade Antiga - 4.000 a.C. até 476 d.C.

A Idade Antiga, período compreendido entre a invenção da escrita (4.000 a.C.) até a queda do império romano (476 d.C.) quase passou sem epidemias. O primeiro surto epidêmico, a Peste de Atenas/Peste do Egito que, acredita-se, causou a morte de 35% da população, aconteceu no finalzinho da idade, entre os anos 430 e 426 a.C.. Com base em ossadas de valas comuns encontradas no final do século XX, chegaram à conclusão da ocorrência de febre tifoide e, apontam que a grande circulação de pessoas por causa da guerra facilitou a disseminação da enfermidade.  Outras diversas pestes foram registradas Peste Antonina, possivelmente causada pela varíola; Peste de Cipriano, possivelmente causada por varíola ou sarampo, e são ainda hoje objeto de estudos.

 

Idade Média 476 d.C. até 1453

A queda do grande império romano (476 d.C.) marca o início da Idade Média, aquela mesma em que um historiador francês referiu-se como 'A longa noite que durou mil anos', e que tem como marco final e início da Idade Moderna, a tomada de Constantinopla (1453). O período foi marcado por uma das maiores pandemias da humanidade, a Peste Negra (1347-1353), causada a partir das pulgas dos ratos que continham a bactéria, Yersinia pestis.

Como o coronavírus, teve início também na China, de onde se espalhou para o restante do mundo conhecido através das secreções do corpo e vias respiratórias. Em seis anos matou mais de 50 milhões de pessoas na Europa, o equivalente a 1/3 da população. Sua chegada à Europa está diretamente relacionada com as caravanas de comércio que vinham da Ásia, através do Mar Mediterrâneo, aportando nas cidades costeiras da Europa, como Veneza e Gênova. 

A peste foi denominada de 'negra', porque a doença provocava grandes manchas negras na pele, seguidas de inchaços em regiões de grande concentração de gânglios do sistema linfático, como a virilha e as axilas. Esses inchaços também eram conhecidos como “bubões”, por isso a Peste Negra também ficou conhecida como Peste Bubônica.

Os médicos da época, embora não tivessem ideia do que causava a doença, perceberam que o isolamento era uma forma de evitar que a peste se propagasse ainda mais. Assim, pessoas começaram a se isolar em suas casas, e os doentes mantinham contato só com os médicos. 

 

Idade Moderna  1453 até 1789

A velha e conhecida Gripe também matou milhões de pessoas já na Idade Moderna, que começou com a tomada de Constantinopla (1453) e foi até a Revolução Francesa (1789). A primeira pandemia reconhecidamente de gripe, teve também início da Ásia, no verão de 1580, e se espalhou para a África e Europa, e América do Norte. O Brasil, com seus poucos portugueses e mais de 5 milhões de indígenas ficou de fora. 

Há outros registros de pandemias de Gripe. Quase 200 anos depois, ela reaparece na Rússia em 1729/1733 se espalhando para o mundo. Menos de 50 anos depois, reaparece na China, em 1781 e, depois em 1830/1833, dali se espalhando para o resto do mundo... 

Algumas gripes deixaram um rastro de destruição muito grande, como por exemplo, a Gripe Asiática, que foi detectada em maio de 1889 também na Rússia, em Bukhara, e, em dezembro, já havia se espalhado pelo mundo.  Causada pelo subtipo H2N2 do vírus influenza, a doença tem uma taxa de mortalidade muito alta. 

Em 1957/58, o vírus H2N2 ressurgiu novamente na China causando mais de 70.000 mortes nos Estados Unidos. Outra pandemia de origem asiática, foi a Gripe de Hong Kong que se iniciou na China, em 1968, causando 500.000 casos em apenas duas semanas. A doença se espalhou pelo mundo, através dos soldados que lutavam na Guerra do Vietnam e chegou à América do Sul e a África do Sul em 1969.

A Rússia, mais uma vez, foi berço de outra pandemia, a do Cólera, entre 1840 a 1860, que matou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo.  A bactéria cólera está presente em locais onde o saneamento básico é precário. A doença já ocasionou sete pandemias (epidemia simultânea em muitos países ou continentes). 

 

Gripe Espanhola  1918/1919 

Caso à parte, foi a pandemia da Gripe Espanhola, doença identificada no início de março de 1918 em tropas dos Estados Unidos que treinavam no Kansas. O aparecimento da doença coincidiu com o fim da I Guerra  Mundial, (1914/1918) E em outubro de 1918 já havia se espalhado para todos os continentes. Estudos apontam que a Gripe Espanhola é uma doença extraordinariamente mortal e violenta, mas terminou tão depressa quanto começou, desaparecendo por completo em 18 meses. 

A Gripe Espanhola foi a pandemia mais devastadora que se conhece. Em seis meses, 25 milhões de pessoas estavam mortas (algumas estimativas apontam que esse número seja duas vezes maior). O vírus foi reconstruído recentemente por cientistas do Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que estudavam restos de cadáveres preservados pelo permafrost (solo constituído por terra e rochas permanentemente congelados no Alasca). O vírus foi identificado como H1N1. Em Sacramento, sabe-se, ela matou um de seus mais consagrados filhos, Eurípedes Barsanulpho. 

 

Fonte: Carla Aranha/internet/Jornal ET