Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Com novo ministro MS libera cloroquina para pacientes com coronavírus

Edição nº 1728 - 22 de Maio de 2020

Em documento assinado pelo ministro interino, general Eduardo Pazuello, e divulgado nesta quarta-feira 20 com o novo protocolo, o Ministério da Saúde recomenda a prescrição do medicamento desde os primeiros sinais de Covid-19 apresentados. Os ex-ministros, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich caíram por discordar do presidente em relação ao isolamento social e uso da cloroquina. 

A orientação do novo ministro, que nomeou outros nove militares do Exército para atuar no Ministério da Saúde, é pela prescrição de cloroquina ou sulfato de hidroxicloroquina, ambas combinadas com azitromicina, mesmo para casos leves. As doses dos medicamentos se alteram conforme o quadro de saúde.

"Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o tratamento da covid-19. Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente", diz um trecho do documento.

Na manhã da quarta-feira em que anunciou o novo protocolo para Cloroquina, com o consentimento do paciente, o presidente Bolsonaro fez piada: "Toma quem quiser, quem não quiser não toma. Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma tubaína", afirmou, rindo, mas reafirmou que o novo protocolo da cloroquina é uma "esperança". Depois da piada, ao concluir disse: “Que Deus abençoe o nosso Brasil".

 

Em carta aberta ao Presidente, Cientistas pedem a liberação da cloroquina

Um grupo formado por cientistas e pesquisadores brasileiros, através de carta aberta Presidente da República, no último dia 7, clamam pela liberação da Hidroxicloroquina (HCQ) para os pacientes de Covid-19.  Na carta, os profissionais apresentam dados que comprovam a eficiência do medicamento quando usado precocemente: “Quando a HCQ é administrada na dosagem certa, e na hora certa, precocemente, salva vidas, e muitas! Se salvasse somente uma, já valeria a pena, Sr. Presidente, pois a Palavra é clara em nos mostrar que “uma vida vale mais do que o mundo todo”. Mas a HCQ salvou, salva e salvará muitas vidas!”. 

Citando o evangelista João, dizem os cientistas na carta: “João 8, 32 é, Sr. Presidente, o seu lema: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Hoje, Sr. Presidente, conhecemos ainda melhor a verdade sobre a HCQ. E essa verdade nos deixa livres de receios ou de medos de efeitos colaterais, e permite que digamos, com mais determinação ainda, que é hora de agir, e rápido!”

Os cientistas apontam através de gráfico, os países que adotaram o HCQ no tratamento com grande eficácia. E apontam ainda o baixo custo em relação aos medicamentos adotados até então. 

Assinam a carta 13 profissionais, dentre eles o sacramentano Carlos Prudêncio, cientista do Instituto Adolf Lutz, em São Paulo. 

 

Outras opniões: Mandetta alerta: cloroquina mata

O ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, tem se recusado a endossar o uso generalizado antes da palavra final dos cientistas. A decisão em não adotar a cloroquina e manter o isolamento social foram decisões que levaram a sua queda pelo presidente Bolsonaro, que defende a cloroquina e o fim do isolamento.

O ex-ministro, no dia 18 último fez um alerta em entrevista concedida à jornalista Natália Cancian, da Folha de S. Paulo: ‘cloroquina, o remédio prescrito por Jair Bolsonaro, mata’. “Começaram a testar pelos quadros graves que estão nos hospitais. Do que sei dos estudos que me informaram e não concluíram, 33% dos pacientes em hospital, monitorados com eletrocardiograma contínuo, tiveram que suspender o uso da cloroquina porque deu arritmia que poderia levar a parada cardíaca”, afirma o ex-ministro, alertando que o Brasil terá pelo menos mais doze semanas “duras” adiante. 

Já nessa quinta-feira 21, Mandetta afirmou que Jair Bolsonaro tentou obrigá-lo a mudar a bula da cloroquina para o medicamento ser indicado ao tratamento de pacientes diagnosticados com coronavírus, mesmo sem comprovação científica. 

"Me pediram para entrar numa sala e estavam lá um médico anestesista e uma médica imunologista. [...] E a ideia que eles tinham era de alterar a bula do medicamento na Anvisa, colocando na bula indicação para Covid”, afirmou o ex-ministro. 

Fiocruz - Há um mês, 7 de abril, estudo feito com a cloroquina pela Fiocruz mostrou que a mortalidade no grupo de pacientes com coronavírus em estado grave é a mesma de quem não usou o medicamento. Outra pesquisa aponta remédio contra a AIDS mais eficaz que a cloroquina no combate ao Covid-19.

Os resultados preliminares de um estudo feito com a cloroquina pela Fiocruz e pela Fundação de Medicina Tropical mostraram que a letalidade no grupo de pacientes com Covid-19 testado, em estado grave, foi de 13%. De 81 doentes internados que tomaram o medicamento, 11 morreram. A taxa de mortalidade verificada em pacientes em iguais condições que não usaram a droga é de 18%, segundo estudos internacionais, inclusive da China. As informações são da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

A proximidade dos dois índices não permite afirmar, por enquanto, que a cloroquina possa fazer diferença fundamental no tratamento dos doentes infectados pelo novo coronavírus. 

“Os otimistas podem achar que [a taxa com o uso da cloroquina] é menor. Os pessimistas podem achar que é igual. Estatisticamente, é igual, na margem de confiança”, diz o infectologista Marcus Lacerda, da Fiocruz, que participa do estudo.

A pesquisa deve seguir, portanto, até que os dados sejam conclusivos. “Tudo pode. Mas não podemos achar nada”, diz ele, reafirmando que é preciso esperar pelas conclusões científicas e seguras do estudo.

Ele prevê que 440 pacientes, de diferentes hospitais do país, sejam testados – e pode durar ainda de dois a três meses. O grupo de pesquisa é integrado também pela cardiologista Ludhmila Hajjar, do Incor de SP.

Já fechando a edição vem a notícia de estudo publicado nesta sexta-feira 22 pela revista médica The Lancet, a de mais prestígio no mundo, informando que, a partir de testes em 96 mil pacientes, ficou confirmado que o remédio prescrito pelo Ministério da Saúde, a hidroxicloroquina para combater o coronavírus, mata. Ela aumenta o risco de complicações cardíacas, e não ataca a Covid-19.