Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cidade tem 4 pacientes internados

Edição nº 1720 - 27 de Março de 2020

ET - Sabe-se que diagnósticos são bem melhores do que prognósticos, ainda mais em tempo de pandemias. No entanto, inteligência humana, ciência e tecnologia estão demorando para encontrar um antídoto contra o novo coronavírus. Uma das respostas pode estar na Cloroquina, um remédio usado contra alguns tipos de malária e doenças reumatológicas. A Secretaria de Saúde tem alguma outra informação no meio médico além dessa?

Reginaldo – Nossa equipe está bem preparada, inclusive temos esse medicamento em estoque. Ele é indicado para uso de curto prazo, apenas em pacientes graves hospitalizados devido ao coronavirus. O Ministério da saúde já liberou o seu uso e creio que muito rápido o Brasil conseguirá sair desta situação de crise. Essa parte clínica está sob a responsabilidade dos médicos Diogo Cassiano e Guilherme Faria, e vejo que estão fazendo um excelente trabalho na Santa Casa. Tudo muito bem organizado, seguindo os protocolos, adequando os espaços no que for possível. Vamos ter mais ou menos uns dez leitos para atender a população mais intensivamente. Mas se precisar, podemos estender esse número até 50.

 

ET- Como a Secretaria de Saúde tem orientado seus profissionais que atuam na linha de frente (médicos, enfermeiros e até mesmo os funcionários administrativos, verdadeiros heróis) para lidar com os casos suspeitos do novo coronavírus nas UBSs (Unidade Básica de Saúde) da cidade e na Santa Casa?

Reginaldo – Desde quando começamos a nos mobilizar para enfrentar essa pandemia, criamos um Comitê Municipal com os gestores, médicos e enfermeiros dos vários segmentos da área de Saúde. Sob minha coordenação, como Secretário de Saúde e Gestor do SUS, criamos protocolos que devem ser seguidos pelas equipes criadas cada uma com seu diretor responsável atuando em diversas áreas de atendimento. Os médicos do comitê, os diretores de cada grupo e o secretário de Saúde estabelecemos também um canal de comunicação, via whatsApp, em tempo real e com algumas estratégias. Por exemplo, tudo o que é urgente deve ser digitado e os casos não urgentes devem ser gravados. Procuramos descentralizar os serviços para melhor atuar. Em nossas Unidades, seguindo o protocolo, estamos separando pelo espaço físico os pacientes, por exemplo, gestantes, crianças, doenças crônicas, farmácia, etc. Estratégia especial foi criada também na Santa Casa, sob a coordenação das enfermeiras Luana Galdino, que integra o comitê, e Natália Servato, diretora da Santa Casa. Nas questões dos recursos humanos, nossa equipe está muito empenhada, graças a Deus, e recebendo ainda a adesão de alguns voluntários.

 

ET - No tocante aos a) EPIs (Equipamento de Proteção Individual) para segurança dos profissionais; b) leitos com respiradores artificiais e c) UTIs (Unidade de Tratamento Intensivo) para os casos graves, essas unidades e a Santa Casa estão bem equipadas para enfrentar, neste mês de abril, conforme dizem, o pico da doença?

Reginaldo – Em relação aos EPIs, estamos tentando comprar o que é possível. No momento, a gente está mais ou menos abastecido, com a ordem de evitar ao máximo o desperdiço. Os leitos com respiradores artificiais, possivelmente, teremos mais ou menos uns seis respiradores, utilizando os três respiradores das ambulâncias. Com relação ao atendimento intensivo, estamos trabalhando para montar três leitos na Santa Casa, que espero estar funcionando nos próximos 25 dias. 

 

ET - O prefeito Wesley disse ao ET que Sacramento é uma das poucas cidades que está em dia com a verba mensal de subvenção do Hospital Regional, em Uberaba. Em relação aos pacientes de Sacramento, o HR chegou a receber algum paciente com a Covid-19 e foi bem atendido ou ainda não foi preciso? Caso necessite, qual sua expectativa?

Reginaldo - Com a contribuição financeira do município sempre em dia, até o momento Sacramento sempre foi bem atendida. Porém, agora é uma situação totalmente diferente, pois o HR é uma das referências da região, pronta para receber todos os pacientes graves. Pelas informações que temos, das dez UTIs já montadas no hospital, que tem capacidade para 30 unidades, mas pelo que sabemos devem ser estendidas para 50 UTIs. A ideia é chegar a 100 leitos em Uberaba utilizando a estrutura do antigo  prédio desativado do Hospital São José. Os prefeitos da região, secretários de saúde, vereadores, liderados por Paulo Piau, de Uberaba, estamos todos fazendo gestões junto ao governador e deputados para conseguir o máximo de equipamentos e aparelhos para equipar esses hospitais.

 

ET - Sua expectativa... 

Reginaldo - Até o momento, graças a Deus, não precisamos transferir ninguém para Uberaba por conta da Covid-19. Até esta sexta-feira, dia 27, às 6h da manhã, a cidade está com quatro pacientes suspeitos internados, todos sendo monitorados pelos nossos profissionais, sem necessidade de transferência. Minha expectativa é sempre otimista, esperando, sobretudo que equipemos a tempo, caso necessite, a Santa Casa com nossas próprias Unidades Intensivas, a fim de evitar essas transferências, a exceção dos casos mais graves mesmo. 

 

ET - Considerando as estratégias de combate ao novo coronavírus com a publicação de vários decretos não apenas de alertas, mas de exigências para fechamento de comércio, de escolas, etc e publicidade nas várias mídias, a população tem correspondido a esse apelo do governo municipal?

Reginaldo - Quanto à população eu estou muito satisfeito.  Eu acho que ela entendeu a responsabilidade, embora tenha ainda muita gente de fora, inclusive, fazendo oposição ao governo. Não é hora disso, eu acho que agora é momento de darmos as mãos (vale a expressão, sem tocá-las) e nos unirmos em pensamento, ação e oração. Pajeiem esses idosos, não os deixem sair. As equipes chegam em suas casas para vaciná-los e não os encontram, dificultando nosso trabalho.  O isolamento social é necessário até para que as ruas e os locais não tenham aglomeração e as pessoas, que realmente precisam trabalhar, encontrem espaço e segurança para poder exercer o seu serviço.

 

ET - A vacinação dos idosos começou no último dia 23. Qual a programação feita pela Secretaria de Saúde para sua agilização, na cidade e na zona rural, entendendo que ela não imuniza contra o novo coronavírus, mas atua frente aos demais subgrupos de gripes?

Reginaldo - A Secretaria de Saúde está promovendo, com 06 equipes em campo, duas campanhas de vacinação, ambas volantes, isto é, as equipes vacinam os idosos nas portas de suas casas, por isso a necessidade do idoso permanecer no domicílio. A primeira, contra a Gripe comum, inicialmente para os idosos acima de 80 anos, depois para os acima de 60 anos e, por último, as equipes volantes vão também vacinar os acima de 55 anos, de acordo com o cadastro do E-SUS, onde todos os idosos de Sacramento estão cadastrados. Num segundo momento, após finalizar os cadastrados, os idosos, que eventualmente não foram vacinados, poderão ligar na UBS mais próxima e requisitar a equipe.  Já a vacina contra o Sarampo, vamos montar um Drive Thru, isto é, a pessoa vai receber a vacina sem sair do veículo, no Parque de Exposição. 

 

ET - Sobre a vacinação na zona rural

Reginaldo – O atendimento eletivo da zona rural foi suspenso até o fim do isolamento social, para evitar que as equipes de saúde permaneçam por muito tempo dentro dos veículos. No entanto, estamos atendendo na UBS Aracy Pavanelli, sob a responsabilidade da Dra. Thaísa Cesário. Após vacinar os idosos na cidade vamos realizar a vacinação nas Unidade Rurais.

 

ET - Que balanço o Sr pode fazer até esta quinta-feira sobre os casos suspeitos, infectados e infectados que foram curados no município de Sacramento e (se possível) na região, conforme dados oficiais da Secretaria Regional)?

Reginaldo - Hoje nós estamos com quatro pacientes internados, sendo duas crianças que preocupam a gente um pouquinho mais. E estamos com 18 casos notificados, com um caso particular já descartado através do exame. Quatro aguardam resultado dos exames já encaminhados.

 

ET - Gostaríamos de saber como a Covid-19, mudou a sua vida. Como  está sendo o seu dia a dia como principal autoridade responsável pela Secretaria de Saúde do Município? Tem obedecido a quarentena, ficando em casa?

Reginaldo - Eu estou assumindo, sim, com muita responsabilidade, esse comando, mas obedecendo também a recomendação de permanecer em casa, mesmo porque, beirando os 65, estou nesse grupo de risco. Então, eu acho que a hora é de muita responsabilidade. Isso tudo mudou muito a minha vida. Não tenho dormido muito bem, com sonos intermitentes por conta de toda essa preocupação.  Por outro lado, estou muito feliz e fortalecido, porque eu consegui a resposta da nossa equipe, desde os médicos até as pessoas que estão lá no serviço mais humilde.  Faço também uma reflexão espiritual no sentido de entender que nós não valemos nada, pois um único 'viruzinho' faz todo esse reboliço na humanidade, o que nos faz ter consciência de que o que manda no mundo é o Amor ao próximo. Não temos que nos preocupar se vai ou não faltar dinheiro depois dessa pandemia. Nossa preocupação no momento é o “Amai uns aos outros como eu vos amei”. A gente estando vivo consegue resolver os problemas, morto não tem jeito... Então, vamos tentar manter todo mundo vivo depois a gente vê o que que a gente faz