Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Clemir dá nova versão sobre morte de Zezé

Edição n° 1195 - 05 Março 2010

O chapa, Clemir Eurico de Souza, suspeito de ter matado com Fabiana Silva Campos, a dona de casa, Maria José Rodrigues da Silva – Zezé, na noite de 31 de janeiro, acompanhado do defensor público, Sandro Donizete dos Santos, apresentou, em novo depoimento ao promotor de Justiça, José do Egito de Castro Souza e ao delegado Cezar Felipe Colombari da Silva, uma nova versão para o crime que chocou a cidade.

Clemir confessou que presenciou o assassinato e viu quando Fabiana matou Zezé com uma facada na barriga, por causa de drogas. “Maria José havia encontrado drogas nas coisas de Fabiana, desconfiava dela e iria entregar as drogas para seu filho policial, para que fossem adotadas as providências contra Fabiana”, afirmou no interrogatório, realizado na segunda-feira, 1º.  

No depoimento, Clemir, que se encontra preso, confirma que esteve na casa de Maria José no dia do crime, por volta das 21h20, saiu e retornou por volta das 23h00. O portão estava fechado, mas de fora percebeu uma discussão dentro da casa a respeito de drogas e que ouviu uma voz de mulher dizer: “Sai com essa faca prá lá”. Clemir disse que estava saindo e que foi chamado por Fabiana. “Uma pessoa encapuzada colocou uma arma em sua nuca, momento em que Clemir presenciou Fabiana tentar estrangular a vítima, que chegou a pedir um copo d'água”. 

Contou ainda que o homem encapuzado tirou uma arma do bolso e deu para Fabiana, que colocou cinco balas. Fabiana pediu por tudo o que era mais sagrado que Maria José entregasse a droga, porque ela estava sendo caçada e se não entregasse a droga morreria. Num dado momento, o homem encapuzado disse: “A ficha caiu, agora não vamos mais poder trabalhar aqui, tava tão bão”.

 O homem deu um soco em Maria José 'por cima do olho', após ela ter implorado para não matá-la, que entregaria a droga. Maria  caiu desacordada, o homem encapuzado segurou-a pelo pescoço e Fabiana desferiu um golpe de faca e que a faca estava no quarto de Fabiana. 

Declarou mais Clemir que foi ameaçado e que o fizeram procurar um pacote que estava escondido. Ele tentou correr, mas foi pego, porque não consegui pular o muro. O homem encapuzado e Fabiana encontraram uma sacola com um 'pó branco' no meio das roupas sujas, umas barras iguais às de chocolate e uns 'trenzinhos' enrolados em papel alumínio, declarou. 

Afirmou mais que Fabiana pegou certa quantia em dinheiro, além de roupas, jóias e bijuterias e procurou por um cheque de um cliente, que estava em poder da vítima, mas não sabe dizer se ela encontrou o cheque. Sobre o sangue em suas roupas, Clemir disse que não soube como se sujou. 

Segundo ainda Clemir, eles permaneceram na casa até por volta das 4h00. Disse que apanhou e foi ameaçado, até que o homem encapuzado fez uma ligação e, momentos depois, foi buscado por dois homens num Gol preto e que ele recebeu um soco na cabeça e foi levado no Gol preto até perto de sua casa. Os dois elementos pegaram a sacola com as drogas e foram embora.

Clemir disse também que o homem encapuzado falou para Fabiana: “Quando você estiver longe, já sabe o que fazer”. E disse mais: “O endereço é 262, você não é boba, comunica o Uberabinha, o Prata, o Catalão e o Presidente Prudente”. Sobre a inscrição, “CV cocoete”, ao lado da vítima, Clemir disse que foi Fabiana quem escreveu. 

Clemir acredita que Zezé tenha sido morta no sábado, porque no domingo seu filho iria visitá-la, ocasião em que contaria sobre as drogas. 

Sobre o fato de ter passado pelo local onde a faca foi encontrada, na manhã seguinte, Clemir disse que foi coincidência ter passado ali naquela hora. Confessou também que não fugiu, porque estava tranquilo, pelo fato de não ter participado do crime. Afirmou ainda que seus filhos já vinham sendo ameaçados, desde que ele descobriu que Fabiana traficava drogas e ele a teria advertido para não traficar na casa de Maria José.  

Por fim, Clemir afirmou que pediu para Fabiana não matar Maria José e que ela disse que não tinha dó nem da mãe dela e que se ela não matasse Maria, ela iria morrer, e que a ideia do homem encapuzado era a de por fogo na casa.  

Apesar das declarações prestadas nos interrogatórios, Clemir não convenceu o Promotor que o denunciou Clemir e Fabiana por latrocínio, acatando o parecer do inquérito. Nesse caso, os dois não irão a júri popular, serão julgados pelo júri singular apenas com a presença do juiz e a pena varia de 12 a 30 anos de prisão.