Papa nomeia bispo Dom Paulo administrador apostólico para Diocese de Formosa

O uberabense e bispo de Formosa (GO) dom José Ronaldo Ribeiro, do clero diocesano, continua preso e ainda não tem data para ser liberado. Ele foi detido durante “Operação Caifás” desencadeada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) com apoio da Polícia Militar na manhã da última segunda-feira 19. O objetivo da operação é desarticular quadrilha suspeita de desviar dinheiro da Igreja Católica. O chefe do bando, conforme as investigações, seria o uberabense e bispo, que já atuou em Janaúba (MG) por cerca de sete anos, onde, supostamente, operava esquema semelhante. Além dele, foram presos cinco padres, um monsenhor e dois funcionários administrativos da Diocese de Formosa.

A suspeita é de que a quadrilha tenha desviado cerca de R$ 2 milhões dos cofres da igreja católica. Os valores seriam oriundos do dízimo, oferendas na missa, doações e festas das igrejas. Parte do dinheiro desviado foi encontrada em um fundo falso de um armário na casa de um dos envolvidos. Também foram apreendidos objetos de luxo, como relógios e computadores. 

O Papa Francisco nomeou nessa quarta-feira 21 o arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto, da arquidiocese de Uberaba, administrador apostólico da Diocese de Formosa (GO), em substituição ao bispo Dom José Ronaldo, .

Nessa quarta-feira 21, o Papa Francisco nomeou o arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto, da arquidiocese de Uberaba, administrador apostólico da Diocese de Formosa (GO), em substituição ao bispo Dom José Ronaldo, que continua preso.

Dom Paulo ajudará nas atividades da diocese, até que novo bispo assuma a diocese. Após ser nomeado, Dom Paulo escreveu, em um comunicado, que está "feliz com a confiança, mas preocupado com os desafios que, certamente, terá de enfrentar".

As investigações tiveram início depois que frequentadores da igreja fizeram denúncias aos promotores de Justiça. Um dos promotores, em entrevista coletiva, disse: “Segundo os fiéis, desde a vinda do bispo, dom José Ronaldo Ribeiro, o sistema de administração e controle da contabilidade se desmantelou e não houve transparência”. Já uma promotora de Justiça que também participou das investigações disse à imprensa que já estão configurados crimes de apropriação indébita, associação criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Igrejas mais lucrativas - Segundo notícias da imprensa regional, as denúncias feitas aos promotores de Justiça apontam que o juiz eclesiástico fez vista grossa para denúncias de desvio de recursos e que padres pagavam “mesada”, entre R$ 7 a R$ 10 mil,  ao bispo para se manterem em igrejas mais “lucrativas”. Um pároco, que contribuiu com as investigações, inclusive, chegou a ver esse repasse", acusou o promotor Douglas Chegury, citando as paróquias de onde o dinheiro foi roubado pela quadrilha: além de Formosa, as paróquias de Posse e Planaltina.

Na decisão que determinou a prisão temporária do grupo, o juiz Fernando Oliveira Samuel citou ainda que há indícios de que o dinheiro era usado para bancar despesas pessoais e que carros da Diocese de Formosa – responsável por gerir as paróquias do Nordeste goiano – eram usados com fins particulares. Segundo as denúncias, foram comprados fazenda com criação de gado, veículos e até uma agência lotérica, como forma de lavar o dinheiro. 

As apurações apontam que o grupo age desde 2015. As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. 

Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa. E, agora, à TV Anhanguera, Dom José Ronaldo disse que o advogado dele ainda não teve acesso ao processo e nega envolvimento dele no caso.