Trágico acidente mata rei do Congado e seu neto

O Rei do Congado de Sacramento, Sebastião Inácio da Silva, 68, e seu neto, Rones Maciel Inácio, 13, morreram tragicamente vítimas de acidente, ocorrido no domingo, 21, por volta das 16h00, na MG 190, no local denominado Estreito. 

Um Fiat Panorama, placa BKQ-2895, dirigido por Ailton Lúcio da Silva, 30, seguia sentido a BR 262, quando ao se aproximar da curva foi pego por um caminhão carregado com batatas, placa BWG-7778, Divinolândia/SP, conduzido por Reginaldo Luiz da Costa. Pelas marcas no asfalto, o caminhão saiu de sua pista de rolamento entrou na contra-mão e abalroou o Fiat na sua mão de direção, arrastando-o em meio à carga que caiu, até jogá-lo numa ribanceira e seguiu cerca de 20 metros, tombando no acostamento. 

Além do motorista Ailton, o sogro Sebastião, que morreu no local, e seu filho Rones que morreu a caminho do hospital, encontravam-se no Fiat, sua esposa, Rosalina Elaine Inácio, 34 e a filha A.E.I, 9. O automóvel ficou totalmente destruído.

Morre Sebastião Inácio, o 'Rei do Congado'

A rodovia MG 190, na altura do Km 185, local denominado Estreito, a oito quilômetros da cidade, foi palco de uma tragédia sem precedentes. Um caminhão carregado de batatas, placa BWG-7778, de Divinolândia/SP, dirigido por Reginaldo Luiz da Costa, invadiu a pista contrária batendo contra um Fiat Panorama, conduzido por Ailton Lúcio da Silva, 30.  Seu sogro, Sebastião Inácio da Silva, 68, o rei do Congado do Terno de São Benedito, morreu no local; seu neto e filho de Ailton, Rones Maciel Inácio, de 13 anos, morreu a caminho da Santa Casa. Ailton e sua filha, A.E.I., de 9 anos, foram conduzidos em estado grave para o Hospital das Clínicas, em Uberaba. E Rosalina, filha de Sebastião e esposa de Ailton, permaneceu na Santa Casa, onde passou por exames, suturas e permaneceu internada, sem poder participar do velório do pai e filho. 

O motorista do caminhão sofreu ferimentos leves e foi atendido na Santa Casa, onde ficou em observação. De acordo com pessoas que não querem se identificar, na Santa Casa, Rosalina disse que só viu quando o caminhão fez a curva, invadiu a pista e a carga caiu sobre o carro deles. 

A Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar de Sacramento permaneceram no local até a chegada dos legistas que periciaram o local. Os corpos de Sebastião e Rones foram encaminhados para o IML de Araxá e só foram liberados por volta da 1h00 da madrugada.  

Notícias veiculadas no Jornal da Manhã, de Uberaba, dão conta de que, “de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, o caminhão seria apreendido, já que a documentação não está regularizada”.

Velados no Velório 'Mauricio Bonatti', em meio a muita comoção, Sebastião e o neto foram sepultados às 13h00 Sebastião era casado com Maria Aparecida, pais de seis filhos, avô de 25 netos e seis bisnetos.

De acordo com o delegado Cesar Felipe Colombari, agora é esperar o laudo técnico da perícia, para, em seguida, ouvir o motorista, os sobreviventes e tomar as providências cabíveis. 

ESCOLA ESTADUAL BARÃO DA RIFAINA PRESTA HOMENAGEM PÓSTUMA A ALUNO

A fé é como uma bússola que direciona os navios incertos para o mar da serenidade. Neste momento de despedida, é a fé que nos fortalece, para a continuidade de nosso cotidiano, entregando a Deus os nossos passos e tendo a certeza da existência da vida eterna, na Casa do Pai. 

“As pessoas boas não morrem, ficam encantadas”, disse Guimarães Rosa. É assim, encantado, que permanece nosso Ronis Maciel Inácio Pereira. Seus gestos e seu riso estão encantados e podem ser vistos em cada criança e em cada coração aberto, desta escola.

Sua despedida nos remete a complexa mistura de pranto e riso. Nosso pranto é de dor e de saudade, mas a lembrança mais forte que Ronis nos deixa é de riso, de alegria e de felicidade.

Ronis ingressou em nossa escola em 2006, sempre destacando–se nas atividades esportivas e culturais. Sua alegria sempre foi intensa em todos os momentos e ele soube deixar entre nós a marca de uma personalidade ímpar, inesquecível. Será lembrado por todos nós, porque soube ser amigo de todos; e a alegria de viver, foi sua maior lição deixada aqui na terra. 

Ronis, siga em paz, segura na mão de Deus! Seja acolhido pelo Menino Jesus e pela Mãe do Céu. Sua missão foi cumprida e sua lembrança está eternizada em nossos corações.

“O que foi para Deus não está perdido...” 

“Ele ia se aposentar e se dedicar à Congada”

Delcides Tiago, presidente do Terno de Congada São Benedito, lamentou a trágica perda de  Sebastião Inácio, o rei do Congado, e seu neto Rones. “Perdemos dois congadeiros em poucos dias. Na semana passada (sexta-feira, 19) perdemos o Armandino de Souza e, hoje, o nosso rei e um soldado, o menino Rones. Uma perda irreparável. Sebastião era uma grande pessoa, um grande líder e o menino, que estava crescendo na tradição. O Rei Tião iria se aposentar, ele nos disse isso na reunião que tivemos no domingo, para discutir um novo uniforme para o Terno. Disse que voltaria para a cidade para se dedicar de corpo e alma ao Congado. Essas foram as últimas coisas que ouvimos dele. Ele saiu e foi para casa e aconteceu essa fatalidade. Foi uma grande perda para nós. Somos uma família no Congado e sentimos muito a sua morte. Vamos prosseguir a sua luta. Perdemos um Rei, mas não  vamos deixar acabar, vamos manter a tradição deixada por vó Tonha, pela Terezinha e por ele e as futuras gerações não vão deixar acabar, porque nós as estamos educando para isso. Nós as ensinamos a valorizar as origens, para que isso seja preservado. Estava combinado que eu iria levá-lo pra roça, aí o Ailton, seu genro, disse que o levaria. Deus sabe o que faz...”

“O que foi para Deus não está perdido...” 

José do Carmo Martins, o mais antigo capitão de Moçambique na cidade, com a sua fé emana serenidade com as suas palavras e comove. À pergunta, como o Sr. sente a perda do rei Tião?, disse: “Na minha fé, o que vai para Deus não está perdido. É mais um filho que vai para junto de Deus. Sebastião era uma pessoa simples, mas de um coração muito grande, ele ajudava muito as pessoas e me ajudou muito. Vai fazer muita falta na nossa caminhada, mas Deus, Nossa Senhora e São Benedito vão olhar por ele e o menino, porque ele foi um homem de bem. Mas nós do Congo e do Moçambique, nenhum de nós perdemos. Eles partiram para junto de Deus e nós ficamos. Vamos fazer o que puder, de mãos dadas, um apoiando o outro nesse reinado com muito amor, perdão, tolerância, porque somos uma família. O que foi para Deus não está perdido, na minha fé, não está perdido. No dia de amanhã, nós estando firmes na caminhada, vamos nos encontrar todos na eternidade. Não podemos nos abater, não vamos arriar diante dos trabalhos da vida, porque com fé em nossa Senhora do Rosário e São Benedito vamos conseguir fazer o que temos que fazer até o dia que Deus chamar por nós. Peço que lembrem deles com orações, porque ninguém se salva sozinho. Vamos rezar pedindo que os anjos sejam os seus guias na eternidade para junto de Deus Pai”.  

“Estamos perdendo nossas raízes...’’

A rainha do Congado, Lucimar dos Reis, neta da Vó Tonha, coroada rainha em outubro do ano passado, reinou com o tio Sebastião desde a festa de sua posse. “Para nós são duas perdas grandes, porque somos família de sangue e família do Congado. Essa morte chegou para nós de maneira muito assustadora, a gente baqueia e se não segurar na mão de Deus a gente se abate. Fizemos uma reunião, planejando pra festa, todos muito alegres, apesar da morte do Mandino na sexta-feira, a reunião já estava marcada. Cheguei em casa em Rifania e a notícia chegou atrás. Estamos perdendo nossas raízes... Mas não vamos deixar morrer o que eles nos ensinaram. Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Deus vão nos ajudar a superar isso tudo”, diz. 

Sobre a sucessão do Rei Tião, Lucimar diz que agora a diretoria, os congadeiros e moçambiqueiros terão que se sentar e conversar sobre quem assumirá o comando. “Precisa ser uma pessoa do Congado, que dedicue, que se doe, que participa. Agora temos também essa nova tarefa, escolher um sucessor, que será coroado na festa de outubro. Vamos fazer a festa, porque essa sempre foi a luta deles, do meu avô, da minha avó, da minha mãe, dele e de todos que participam. Eles, toda vida lutaram para manter essa tradição”, justificou.

“Um momento que nos faz sentir e sofrer...”

Antônio Francisco, ex-presidente do Terno de Congado também deixou uma mensagem de solidariedade. “Aqui reunidos, nós vivemos uma situação que nos fazer sentir, sofrer, mas é momento de pedir a Deus a proteção e que olhe por essas duas pessoas. Coroei Sebastião, ele que foi incumbido de reinar por nós. Reunidos assistimos sua coroação, hoje reunidos assistimos a sua partida. Mas a vida nos dá a oportunidade de aprender aquilo que nós somos. Sabemos que para cá viemos, mas que no amanhã todos nós partiremos, não queríamos que fosse dessa forma, mas Deus quis assim. Como membros da Congada reunidos com todos os presentes pedimos a Nossa Senhora do Rosário, que receba de braços abertos esses dois filhos. Obrigado, Sebastião, obrigado Rones e temos a certeza de que Vó Tonha, Tereza e tantos outros os receberam nos braços para os entregar a Deus”.