Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Morte de Donaira comove cidade

Edição nº 1212 - 02 Julho 2010

A empresária rural aposentada, Donaira Maria Borges, 70,  morreu  entre 16h30 e 17h00 dessa terça-feira, 29, na MG 190, a cinco quilômetros de Sacramento, quando seu carro, um Fiesta sedã 2010, cor prata, placas HHE 7154, capotou, caiu numa ribanceira de cerca de 30 metros e incendiou-se. O horário foi determinado através de informação de uma testemunha, o guarda da serraria, que teria visto o carro passando na rodovia por volta das 17h00.

De acordo com a filha Margareth  Borges, Tuca, sua mãe teria ido a Uberaba fazer uma consulta médica. “Ela não saiu escondida, conforme noticiou um jornal de Uberaba”, corrigiu a filha, recordando que Donaira tinha consulta marcada para o dia 29. “Ela havia me falado sobre essa consulta, eu apenas esqueci. Naquela manhã, meu marido, Mário, esteve com ela em sua casa, onde foi levar uns papeis para ela assinar, quando também ficou sabendo que ela estava saindo para Uberaba”, disse. 

Mário lembrou das brincadeiras com a sogra naquela manhã. “Eu fui levar uns papeis para ela assinar sobre alguns terrenos que estamos vendendo aqui na chácara e buscar minha moto que havia ficado em sua casa desde o dia anterior, quando estávamos todos lá vendo o jogo do Brasil. Ela estava feliz, alegre e brincou comigo: 'Se você não tirar essa moto de trás do meu carro, eu passo por cima' ”, lembrou o genro, para quem Donaira era muito mais que mãe. “Ela foi o pai que não tive e também mãe”, disse, emocionado.  

 Prosseguindo, Mário lembra que colocou a moto do outro lado da garagem para buscá-la mais tarde e brincou com ela: “Onde a senhora acha que vai?”, sabendo então que ela estava de saída para Uberaba. A filha Tuca lembrou ainda que a mãe iria a Uberaba dia 29, quando retornou à sua casa, às 14h00, para buscar a moto com o marido. “Foi aí que Mário me contou que ela estava em Uberaba e eu me lembrei que ela tinha de fato essa consulta marcada para esse dia”, disse ao ET. 

Antes de Donaria sair da cidade passou pelo Sindicato Rural para pegar a guia da Unimed para as consultas.  “Ela pegou as guias com a Valdete, no Sindicato, e saiu. Passando pela avenida Visconde do Rio Branco, ela acenou para a neta que estava  na porta da  loja onde trabalha. Não sei de onde saiu isso que ela teria ido escondida. Ela tinha o costume de ir ao  médico em Uberaba e depois da consulta ela dava umas voltas para as compras. Ela deve ter ido a algum supermercado fazer compras, porque estava combinado outro encontro na casa dela para assistir ao jogo do Brasil, nesta sexta-feira”. 

 

Policial vê o carro em chamas

 

De acordo com Tuca, quem viu o carro em chamas, foi um policial amigo da família. “Por volta das 18h40, o policial Rogério, amigo da família, estava indo na Serraria Capri levar uns coletes, quando avistou o carro em chamas no buraco. Ele é muito amigo da família e disse que ficou pensando rápido de quem poderia ser o carro, até que lembrou do carro da mamãe e  ligou para o meu irmão, Alexandre, que não sabia que ela tinha ido para Uberaba. O Alexandre foi à casa dela e viu que o carro não estava. Veio aqui em casa e falou com meu marido, e foram os três até o local do acidente e, mais tarde, foi também ao local, o meu irmão, José Antônio”, conta, emocionada, a filha Tuca.

Eram 19h39, quando o celular de Tuca tocou, com a cunhada Gabriela avisando que sua mãe poderia ter sofrido um acidente. “Na hora, respondi que era ela, e eu tive essa certeza, porque quando ela ia a Uberaba, sempre retornava por volta das 17h00 e me ligava, avisando: 'Cheguei!'. E até aquele momento, ela não havia me ligado. Aí fomos para lá...”

Tuca, o marido e os demais familiares buscam uma resposta sobre o que teria acontecido. Comentando o fato, alguns mecânicos também ficaram surpresos pelo fato de o carro ter incendiado, e não explodido, conforme noticiou-se também, depois de cair em uma pequena ribanceira, a cerca de 30 metros do leito da estrada, com danos generalizados. 

O mais provável é que Donaira teria perdido o controle direcional do veículo e capotado. Por coincidência, do lado oposto, onde há cerca de cinco anos sofreu um acidente semelhante. “Acreditamos que mamãe morreu com o choque, o impacto foi muito grande e ela usava marca passo. Quando as chamas tomaram conta do veículo, ela já estava morta, do contrário ela teria saído do carro, pois as portas não ficaram presas”, conta, com a voz embargada, lembrando que Donaira foi encontrada com a cabeça recostada na porta do lado do passageiro. O fogo tomou conta totalmente do veículo e, carbonizada, Donaira foi reconhecida pelo número de seu marca passo, quando a perita ligou para o médico em Uberaba e este confirmou que o aparelho era da empresária. O corpo só foi levado para o IML por uma questão de praxe, depois que o carro foi retirado do buraco pelo serviço de Guincho do Alonso. O laudo final da perícia só será divulgado dentro de 30 dias. 

Mesmo com sua idade avançada, os cuidados que deveria ter pelo uso do marca passo, nada impedia Donaira de cumprir os seus gostos. “Nada demovia mamãe de realizar e fazer os seus gostos. Ela usava marca passo e levava uma via normal. E não tinha por que não levar, periodicamente ela fazia suas consultas. Eu a levei várias vezes em Uberaba, mas volta e meia, ela ia sozinha. Mamãe morreu fazendo o que gostava. Ela era aventureira”, diz a filha Tuca, com lágrimas nos olhos, lembrando que sua mãe era sua melhor amiga.

 O corpo de Donaira chegou a Sacramento por volta da 1h40 da manhã em urna lacrada e após ser velada por familiares e amigos e receber as bênçãos proferidas pelo pároco, Pe. Valmir, e Pe. André, foi sepultada às 13h00, no Cemitério S.Francisco de Assis.

 

Donaira era uma mulher forte, decidida e muito amiga

 

De personalidade forte, Donaira era firme, decidida e muito amiga, adorava reunir a família e trabalhar nas festas. “A gente era criança, ali na Capitão Borges, nossa casa era cheia de crianças, ela fazendo coisas gostosas. Depois que ficou viúva, mamãe morava sozinha. Não gostava de companhia, mas gostava da casa cheia, tanto é que nos reuníamos todos lá para os jogos do Brasil. Mamãe era muito alegre, fazia comidas, organizava a casa, botava a televisão na varanda pra assistirmos  aos jogos do Brasil”, conta Tuca.

Mulher trabalhadeira, apesar da idade, não media esforços em ajudar a filha nas festas da paróquia. “No ano passado, ela trabalhou em todas as festas. Fomos festeiros de Santo Antônio este ano e ela me deixou muito feliz, porque me ajudou muito. Mamãe era uma pessoa cativante e ultimamente ela estava muito feliz”, recorda a filha Tuca. 

“- Com nossos encontros em sua casa, por conta dos jogos do Brasil, os filhos, netos, todos em volta dela, ela estava muito feliz – recorda mais. Ela tinha com o que se ocupar, fazendo comida, fazendo as coisas para a festa do Brasil. Mamãe era aventureira, decidida,  firme, era a opinião dela e pronto, mas era uma pessoa muito boa, alegre, era amiga. A morte dela foi um choque.  Quando saía em suas viagens, nós tínhamos a preocupação normal de filhos. Aguardando ela chegar, ligar e izer: 'Cheguei' ”.

Donaira Maria Borges era viúva de José Borges dos Santos Sobrinho, Juca do Donde, e deixa os filhos Elizabete (Leonardo), Margarete (Mário), José Antônio (Maria Dulce), Bernadete, Alexandre (Gabriela, 10 netos e três bisnetos.

A família convida para a missa de 7º dia neste domingo, às 19h30, na Igreja Matriz de Na. Sra. do Ssmo. Sacramento.