Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Polícia em Ação

Edição nº 1179 - 09 Novembro 2009

A morte de Flávio: Negligência ou fatalidade? O que de fato aconteceu?

No velório, uma pergunta sem resposta: O que de fato aconteceu com o jovem Flávio Roberto de Oliveira?
Na verdade, a revolta tomou conta de inúmeros amigos e familiares. Para eles, houve negligência médica, apesar de o jovem ter permanecido internado entre as 2h00 da manhã às 18h00, quando foi liberado pelo médico plantonista.
De acordo com a mãe, Rosonilda, mais conhecida por Rosa, em entrevista ao ET, seu filho Flávio bateu contra a traseira de uma caminhão estacionado, na avenida do Santo Antônio, a 1h40 da madrugada do domingo. “Um perigo muito grande aqueles caminhões ali, apesar de haver placa permitindo estacionamento. Flávio estava num Chevette dele. Ele voltava sozinho de uma festa de aniversário. Com a batida, ele saiu pelo para brisa, levantou e tentou contornar o carro e caiu. Uma testemunha acionou a polícia, que nos avisou. Fomos para o hospital, ele já estava lá.
Segundo Rosa, ela foi encaminhada até onde estava o filho, num dos quartos do Pronto Socorro, logo que chegou ao hospital. “Ele estava amarrado, os pés e as mãos. Tenho filmado no meu celular.

 

Radiografia foi feita a pedido da família

Rosa lamenta que o procedimento para uma radiografia, só foi tomado, para ela “tarde demais”, só depois de muita insistência da família. “Pedimos para o médico fazer uma radiografia, porque o Flávio sentia muitas dores e ele respondia que não precisava, porque ele não havia quebrado nada, estava consciente e que podíamos ficar tranqüilos. 'Ele está bem' – dizia o médico”, conta a mãe.
 De manhã, a enfermeira Ana Carolina chegou, eu falei sobre a radiografia e ela disse que falaria com o médico, que retornou às 8h00, quando, finalmente, solicitou o raio X. Até essa hora Flávio
só havia tomado a injeção na veia. Por volta das 10h00, o médico retornou ao quarto, informando que o raio X não acusou nada. 'Não quebrou nada, só deu uma trincadinha, nada demais. O menino está bem, já vou liberá-lo. Ele está ótimo'.
Flávio sofreu também um corte na parte interna do lábio que, segundo a mãe, necessitava de alguns pontos, o que ficou para ser feito no dia seguinte. Mas o jovem acabou saindo da Santa Casa, às 18h00, sem a sutura. “Perguntei ao médico, mas ele respondeu que não precisava mais” – lembra Rosa.

 

Flávio vomita sangue

Entre soluços e lágrimas, Rosonilda lembra que, ao amanhecer o filho começou a vomitar muito. “Ainda pela manhã Flávio começou a pedir água. As enfermeiras falaram que ele não podia tomar água. Eu molhei a boca dele com algodão, mas o médico chegou e falou que ele poderia tomar água. Quando ele tomou a água, ele vomitou na cama, junto com o médico. Ele vomitou e o sangue chegou a espirrar na parede. O médico disse que era normal, disse que estava limpando a bebida dele”, contou.
 “Pouco depois – continua Rosa - sob orientação médica, a enfermeira Kassandra aplicou em Flávio uma injeção de Plasil na veia. Flávio pediu para ir ao banheiro, eu o levei, ele sentou no vaso, colocou a cabeça na pia e começou a vomitar mais sangue. Eu não agüentei e saí de lá. Minha sogra ficou com ele. O médico chegou, viu vomitando, mas dizia que era normal. Flávio voltou para o quarto pedindo água, água gelada. O médico mesmo falou que no bebedouro havia água gelada. E ele, vomitando”.
Conta ainda Rosa que Flávio pediu uma Coca bem gelada, porque segundo ele, estava com muito gás. “Não demos a coca, mas um suco de maracujá, ele tomou a caixinha toda e logo vomitou muito. Ele soltou o intestino, as fezes estavam pretas. Ele sentia muitas dores, mas dizia o médico que era normal por conta da batida que sofreu no peito. Depois os vômitos diminuíram e o médico disse que logo ele iria embora. E o tempo foi passando...”, disse
Às 18h00, Flávio recebeu alta, logo depois do final de um frasco de soro.  “Logo que o soro terminou, o médico deu alta, recomendando repouso. Em casa, Flávio deitou e logo levantou pra vomitar. Deitou novamente e quando ele levantou novamente pra vomitar, já não agüentou, caiu e quando o pai dele (Becão) o pegou, acho que já estava morto. No hospital, o Dr. Pedro examinou e confirmou a morte. Foi a hora mais triste da minha vida...”, conta a mãe com a voz entrecortada.
De acordo com os pais, o medido Pedro Teodoro não assinou o atestado de óbito e mandou levar o corpo para Araxá para necropsia. “Desde a entrada de Flávio no hospital até a hora da alta, ele foi acompanhado pelo mesmo médico plantonista daquele dia e pelas enfermeiras, que foram ótimas. Elas diziam pra não dar água, o médico dizia que podia. Elas queriam colocar uma sonda, ele não deixou. Ele mandou que quando chegasse em casa era pra dar uma sopa pra ele. Dei a sopa...”
Segundo ainda Rosa, o médico legista, do IML de Araxá, ficou horrorizado com a morte do Flávio. 'Já perdi um filho. Eu sei o que os pais desse menino estão sofrendo... por tudo o que estou vendo aqui, nada estava funcionando nele', nos disse ele, contam mais os pais, chocados.
A mãe Rosonilda, permaneceu no hospital durante todo o tempo em que o filho esteve internado. “Não o deixei nem um minuto, desde as 2h00 da manhã até a hora que ele recebeu alta”, afirmou.
Os pais admitem que Flávio havia ingerido um pouco de bebida alcoólica, mas não estava bêbado, estava sem o cinto de segurança e que, possivelmente, no momento estava falando ao celular. Ele ia passar na lanchonete Milenius para pegar a amiga Bethania. Ele passou pela Mundial e desceu pelo bairro Santo Antônio para ir até à lanchonete, no centro, encontrar uma menina que havia ligado” – lembra mais.

 

Flávio poderia estar no celular no momento do acidente

Daniela Rodrigues Faria, prima de Flávio, explica que no sábado à noite, Flávio estava na festa, com os amigos. “Ele saiu pra levar a Betânia que não quis ficar mais na festa. Depois ele voltou pra festa, ficou um pouco e disse que daria uma passada na Mundial e que pegaria a Betânia. Ele perguntou se alguém queria ir com ele...”, contou.
Daniela e os amigos acreditam que Flávio estivesse ligando para Betânia no momento do acidente. “Ele chamou a Betânia, ela atendeu, mas ele não falava nada. Ela ficava chamando e ele não respondia”, explicou, acrescentando: “Flávio era uma pessoa muito querida, uma pessoa maravilhosa, tinha muitos amigos”. E a mãe Rosonilda conclui, em lágrimas: “Cada um dos amigos dele no velório eram só elogios pra ele. Diziam que Flávio era o melhor amigo. Flávio era companheiros das amigas nas festas, nos ranchos. Era muito responsável, muito calmo, trabalhador. Tem carteira de pescador profissional, e estava muito empolgado com a instalação dos  tanques para  a criação de peixes junto com o pai. Ele estava negociando, por e-mail a compra de alevinos, acreditando que tudo ia dar certo...”