Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Discursos de Bolsonaro ressaltam 'viés ideológico'

Edição nº 1656 - 4 de Janeiro de 2019

O novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, proferiu dois discursos em sua posse. O primeiro, no Congresso Nacional, falou a parlamentares e convidados estrangeiros. O segundo, na rampa do Planalto, já oficialmente como presidente falou ao povo brasileiro e ao público que foi a Brasília assistir à posse, da esplanada. 

Falando aos parlamentares do novo Congresso e a convidados estrangeiros delineou as prioridades de seu governo. Na rampa do Planalto, ele fez seu primeiro pronunciamento à nação já oficialmente como presidente, repetindo partes do pronunciamento anterior. 

A mídia foi unânime em afirmar que Bolsonaro não levou novidades aos seus discursos, foi conservador e crítico em relação aos governos petistas, mostrando coerência aos ataques proferidos contra o partido de Lula na campanha eleitoral, com ênfase em alguns temas, o viés ideológico, a crise econômica, a segurança pública, relações exteriores, entre outros. Em resumo...

 

1. Vamos conservar nossos valores

Bolsonaro reafirmou teses de sua campanha que ganharam a simpatia da maioria da população que o elegeu: "Vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de gênero, conservando nossos valores. O Brasil voltará a ser um país livre das amarras ideológicas", disse o novo presidente, contrariando as religiões que respeitam 'a ideologia de gêneros'.

 

2. Vamos garantir a segurança das pessoas

Os maiores aplausos vieram quando tocou no assunto Segurança Pública. "É urgente acabar com a ideologia que defende bandidos e criminaliza policiais, que levou o Brasil a viver um aumento nos índices de violência e no poder do crime organizado (...) Nossa preocupação será com a segurança das pessoas de bem, da garantia do direito de propriedade e da legítima defesa. Nosso compromisso é valorizar o trabalho das forças de segurança", afirmou o presidente, acenando que a permissão do porte de armas será uma de suas primeiras medidas a chegar ao Congresso.


3. Vamos combater o socialismo

O novo presidente tem horror ao Socialismo e ódio ao PT. Talvez a expressão mais presente nos dois discursos, foi 'viés ideológico' ou qualquer coisa que ligue o país ao 'Socialismo'. 

Ao abrir o seu discurso, conclamou os congressistas para ajudá-lo a reerguer o país. “Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições, destroem nossas famílias, alicerce da nossa sociedade. E convido a todos para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica".

Para o presidente, o 1º de janeiro de 2018, foi “o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo. A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura com práticas que se mostram nefastas para todos nós, maculando a classe política e atrasando o progresso. A irresponsabilidade nos conduziu à maior crise ética, moral e econômica de nossa história", disse, acenando também, usando aqui sua expressão, para o 'viés' neoliberal de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, a esteira de continuar as privatizações de FHC e Temer. 

 

Conclusão

"Reafirmo meu compromisso de construir uma sociedade sem discriminação ou divisão. Daqui em diante, nos pautaremos pela vontade soberana daqueles brasileiros: que querem boas escolas, capazes de preparar seus filhos para o mercado de trabalho e não para a militância política”, diz, confirmando mais uma vez sua ojeriza ideológica, à Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, fazendo uma clara referência ao projeto da Escola sem Partido, que tramita no Congresso). 

E continua... “Pautaremos pela vontade soberana daqueles brasileiros que sonham com a liberdade de ir e vir, sem serem vitimados pelo crime; que desejam conquistar, pelo mérito, bons empregos e sustentar com dignidade suas famílias; que exigem saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, em respeito aos direitos e garantias fundamentais da nossa Constituição".

Bolsonaro inicia seu governo com apoio expressivo da população. As últimas pesquisas de um instituto ligado ao jornal Folha de S. Paulo apontam que 65% dos brasileiros acham que o governo será ótimo ou bom e 12% acham que será ruim ou péssima.

Imprensa - A posse, vigiada por 3.500 seguranças, o aparato proibiu que jornalistas transitassem livremente pela Esplanada dos Ministérios, ou que realizassem entrevistas junto à população. Obrigados a permanecer em uma sala diante de monitores de TV, alguns repórteres decidiram abandonar a posse do novo presidente, entre eles três jornalistas do canal de TV francês, France24, um profissional da agência de notícias chinesa Xinhua e um jornalista brasileiro.

A jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo definiu a posse como “um dia de cão”, revelando um fato inusitado, em relação a uma orientação dada aos fotógrafos, para “não erguerem suas câmeras”. “Qualquer movimento suspeito poderia levar um sniper a 'abater o alvo'”, escreveu a jornalista em sua coluna.