Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Prefeito homenageia personalidades

Edição nº 1493 - 27 de Novembro de 2015

A Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura coordenou, na noite do último dia 20, no Galpão Cultural da Escola Coronel, o Dia Nacional da Consciência Negra, criado pelo então vereador, Carlos Alberto Cerchi, em 1995, através da Lei 487, de 6/11/1995, e sancionada pelo ex-prefeito Joaquim Rosa Pinheiro.    

A data 20 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, que representa a resistência do negro contra a escravidão, visa possibilitar a reflexão não só sobre a importância do negro na formação cultural, social e tecnológica do país, mas, especialmente, sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, sua valorização, integração e os desdobramentos e desigualdades sociais, provocados ao povo negro, pela escravidão africana que vigorou no país por 350 anos. 

O prefeito Bruno Scalon Cordeiro, reconhecendo o valor da população negra na cidade, pelo último censo, mais da metade de seus habitantes, homenageou três personalidades negras que prestaram relevantes serviços à comunidade:  Rita Felício da Silva, 82, Irene Antônia Ferreira e Benedito Roberto Ferreira – Macalé, 74.

“- É muito importante todos os governos fazerem este reconhecimento público à raça negra. No mundo de hoje, com tantas guerras trocadas, com tantos desencontros, temos que falar de união, amor, fraternidade em momentos como este, que reúne os movimentos da raça negra de nossa cidade”, afirmou, elogiando o trabalho realizado pelos homenageados e, juntando a eles, homenageou também o autor da lei, Prof. Carlos Alberto Cerchi e o prefeito Joaquim Rosa Pinheiro, que a sancionou. 

Homenagens mais que merecidas...

Rita Felício da Silva, uma referência na cidade, nos carnavais desde os tempos de Conceição, que foi coordenadora durante longos anos dos cordões carnavalescos antes dos desfiles de rua. Rita foi uma das grandes incentivadoras da Escola de Samba XIII de Maio, era a mais pura alegria com a homenagem.  “Estou tão feliz que nem vi a hora de chegar. Poucos sabem, mas  quando a Conceição morreu, o Azor me chamou pra ajudar a fazer a Escola XIII de Maio. Foram muitos anos de carnaval, depois tive de parar, mas o meu amor ainda é muito grande pelo carnaval, o congado, tudo que é festa...”.

Irene Antônia Ferreira,  uma das filhas do saudoso Bigico, foi também, com justiça homenageada por manter viva as tradições herdadas dos pais no carnaval e no congado... “Sinto-me muito honrada, porque antigamente, o negro não era visto como valor que tem hoje. Nossos antepassados sofreram muito e hoje ao ser homenageada eu sinto que houve uma evolução através desse reconhecimento. Dedico essa homenagem a toda a minha família e toda a raça negra”. 

Benedito Roberto Ferreira, o Macalé, é outra referência na preservação da história e cultura afro na cidade, um grande incentivador do Carnaval e outras manifestações culturais. “É uma alegria e a gente fica agradecido pelo reconhecimento, coisa que nossos antigos não tiveram, mas hoje a gente pode partilhar com todos eles uma homenagem feita a nós que cuidamos daquilo que eles nos ensinaram e nos deixaram”, reconheceu. 

 O evento realizado no Galpão Cultural da Escola Coronel, contou com a apresentações  do grupo de dança afro, Ziriguidum,  dos ternos de Congada de São  Benedito e Nossa Senhora do Rosário, e Moçambique Nossa Senhora do Rosário; palestras proferidas por Carlos Alberto Cerchi e Túlio Marcos Anselmo da Costa. Encerrando a noite, animada participação de dois grupos musicais, Momento, composto por Ronald, Cid, Marinho, Juninho, Henrique e  Herlon;    e Simpatizar, com Felipinho, Ulisses, Diogo, Carlinhos, Cacildo e Maxuel.   Um show!

“Houve uma evolução grande nessa conscientização e na valorização da cultura negra...

Para os presidentes dos ternos de Moçambique e Congado da cidade, respectivamente, Cláudio Inácio dos Santos Maria de Fátima Aparecida Moreira a comemoração foi muito  importante. “É uma coisa boa porque mostra que houve evolução nessa conscientização e na valorização da cultura negra”, avaliou Inácio, completado por Fátima: “Hoje, pela manhã foi fantástica a caminhada com os estudantes, o que mostra que os conceitos vêm mudando e as pessoas vêm tomando conhecimento da nossa cultura e é um incentivo para nós  que mantemos estes  movimentos na cidade, o Congado e o Moçambique, que vêm de um longa tradição de nossos antepassados”. 

O Prof. Carlos Alberto Cerchi desenvolveu na sua palestra algumas reflexões sobre a data, propondo alguns questionamentos referentes ao negro na sociedade atual, sobretudo às mulheres e sobre Zumbi. “Zumbi dos Palmares, esse herói nacional, ainda não se consolidou no conjunto da nação,  isto é, ainda não é reverenciado como os demais heróis, Tiradentes, Rui Barbosa, Dom Pedro, todos  aqueles que fizeram a história, entre aspas, oficial do país”.

 

  Já o advogado Túlio Marcos Anselmo da Costa, abordou a Lei Federal nº 10.639/2003, que, além de instituir o 20 de novembro como o 'Dia Nacional da Consciência Negra', incluiu a obrigação do estudo da história africana e o ensino da história e cultura afro-brasileira, mostrando a luta dos negros no Brasil, sua cultura e o papel do negro na formação da sociedade nacional.