Mobilização nas redes sociais levou a Prefeitura de Sacramento a cancelar edital de processo seletivo simplificado para o preenchimento de 40 vagas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Até aí, nada de anormal. Mas pelo que vazou na net, o concurso tinha indícios de ser realizado com cartas marcadas, privilegiando, à boca pequena, um grupo de inscritos, conforme denúncias na Câmara.
Assinado pelo secretário de Desenvolvimento Social, Adriano Magnabosco, o edital foi tornado público na última sexta-feira, 15. Sem publicação na imprensa local, o edital simplificado, afixado na Secretaria estipulava um único dia para as inscrições, na segunda-feira, 18, com a exigência de alguns documentos, entre eles o 'histórico escolar', no horário das 8h00 às 10h00 e das 12h00 às 16h00. Segundo a denúncia levada ao Ministério Público, a prova do processo seletivo seria aplicada no dia seguinte, terça-feira, dia 19, embora a data não constasse do edital afixado.
Resultado, um dos interessados fotografou o edital e postou nas redes sociais e aí ‘bombou’. “As pessoas não sabiam do concurso, só que mais de 130 pessoas haviam feito inscrição até as 13h. Aí teve gente que falou que iria ao Ministério Pùblico”, informam os prejudicados, cujos nomes foram preservados.
“- Toda movimentação social deu-se pelo facebook. Agora, a existência do edital foi levada ao conhecimento do público através do grupo de discussões, 'Por uma Sacramento Melhor', que tem como objetivo, 'discutir problemas da cidade em busca conjunta de soluções'. Claro que, muitas vezes os assuntos são desviados, mas na maioria das vezes são discussões proveitosas”, afirma um dos usuários.
Líder do Prefeito explica revogação do edital
Falando em nome do prefeito Bruno Cordeiro, o líder do governo na Câmara, vereador Rafael Scalon Cordeiro, justificou, na reunião da última segunda feira, 18, ‘‘a legalidade do edita’’, mas anunciou a revogação do processo seletivo.
“- O poder Executivo optou pela revogação do edital para contratação temporária para cargos no CRAS. O edital previa contratação temporária, para três meses, então, o governo, em reunião, decidiu revogá-lo, mesmo sabendo da legalidade do edital. Foram feitas divulgações diárias, publicação em jornal diário, o Jornal da Manhã, de Uberaba, e inserções na rádio local. Porém - frisou o vereador - o governo municipal, que trabalha com seriedade, achou preferível revogar esse processo seletivo. Um novo processo será realizado com validade para um ano, prorrogável por mais um, e será feito por provas sob a responsabilidade de um instituto”.
Os vereadores, Márcio Luiz de Freitas e Pedro Teodoro Rodrigues, na mesma reunião, informando que foram procurados por várias pessoas denunciando o processo, lamentaram o que estava acontecendo, exigindo mais transparência. “Se temos imprensa local semanal, por que publicar um edital em Uberaba. Fica mais fácil publicar aqui, evitando certos tipos de comentários, principalmente nas redes sociais, citando nomes de vereadores, como que querendo nos culpar por esse concurso”, disse Marzola.
O vereador Pedro Teodoro também qualificou de “preocupante” o que poderia ter acontecido. “Não sabemos a hora em que foi afixado o edital. Na segunda-feira encerraram as inscrições às 4 horas da tarde, só que o edital exigia do candidato vários documentos, entre eles o histórico escolar, que a gente não consegue em menos de dois, três dias”, disse, elogiando a postura do prefeito em revogar o edital.
De acordo com o vereador, o edital não foi publicado nem no jornal da cidade nem no sítio da Prefeitura. “O pessoal pediu uma cópia do edital e ela não foi dada. Quem o conseguiu é porque fotografou o que estava afixado no portal. Foram feitas, conforme o senhor disse, 134 inscrições. Quem fez inscrição já estava sabendo dos documentos? Já tinha os documentos em mãos?”, questionou.