Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

CMS homenageia mulheres

Edição nº 1353 - 15 Março 2013

A professora e diretora da EE Cel. José Afonso de Almeida nas décadas de 60 e 70, Aracy Lopes Pavanelli foi a grande homenageada pela Câmara Municipal de Sacramento, no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, pelos relevantes serviços prestados à cidade como educadora e voluntária de várias entidades assistências da cidade, conforme indicação do presidente José Maria Sobrinho.

A cerimônia, realizada no Paço Municipal Juca Ribeiro, na noite do dia 8 último, homenageou também outras nove mulheres da sociedade, que atuam de forma marcante em seus diversos segmentos.

Receberam a Moção Carolina Maria de Jesus, em sessão solene de reflexão sobre o papel da mulher na sociedade sacramentana, conforme a resolução nº 316, de 09/05/2011, as seguintes mulheres, cada uma indicada por um vereador: Amélia Abadia R. Gomide (Leandro Desemboque), pelo seu empreendedorismo; Ana Maria Alves Sivieri (Rafael Cordeiro), pela sua atividade junto ao Rotary Clube e Casa da Amizade; Hilma Terezinha. Nascimento e Fonseca (Matheus Bizinoto) pela atuação na política e na educação; Izabel Cristina Pansani (Mateus Pereira) atuante no bairro onde mora; Jucelaine Maria Borges Martins (Luiz Alberto da Silva), pelo trabalho na política local, carnaval e outros eventos culturais; Olária Maria Carvalho (Cleber Rosa da Cunha), tradicional doceira da cidade; Renata Ribeiro Bizinoto Mota (Márcio de Freitas), empresária do Supermercado Renata; Rosemary Silva Idualte (Pedro Teodoro Rodrigues Rezende), carnavalesca da Beija-Flor Sacramentana; Zulena Alves Meirelles (José Maria Sobrinho) pelos anos dedicados a educação.

Ao jornalista Audálio Dantas, que descobriu Carolina Maria de Jesus na favela do Canindé, em São Paulo, e publicou o que seria sua obra prima, Quarto de Despejo, coube fazer a homenagem às mulheres que estavam recebendo a Moção Carolina Maria de Jesus. 

“- O que seria melhor dizer nesse momento às mulheres que aqui estão, às mulheres brasileiras e cidadãs  de todo o mundo que se preocupam com os problemas sociais, se não dizer que elas devem à Carolina Maria de Jesus, a coragem da luta contra a discriminação. Na sua simplicidade, na sua situação de carência extrema teve a coragem e a capacidade de escrever um diário, e contar com  minúcias sua vida na favela, que chamou de 'Quarto de Despejo', enquanto os palácios as grandes mansões eram as salas de visita. Parabéns a todas vocês”, cumprimentou, o jornalista Audálio Dantas, fazendo ainda uma reflexão sobre o papel e o trabalho da mulher na sociedade hodierna.

 

Homenageadas agradecem 

 

A voluntária da Casa da Amizade, Ana Maria Alves Sivieri, em nome das homenageadas, agradeceu a homenagem, enaltecendo o papel da escritora Carolina Maria de Jesus. “Muito nos honra, pois ela é um exemplo de superação. Mulher sacramentana, como tantas aqui, com suas dúvidas, angústias e inseguranças, mas também muito sonhos e a vontade inabalável de seguir sempre em busca da felicidade e realização”, destacou.

Ressaltando também o papel da mulher como guardiã da família, Ana Maria afirmou que “a família é o porto seguro de todo ser humano, ali está a base da alma feminina, o núcleo onde primeiro aprendemos a nos doar incondicionalmente”. 

Agradecendo, fez um apelo aos vereadores para olharem para os anseios das mulheres. “Elas formam o esteio de toda a sociedade, e assim, com um a assistência mais digna e efetiva, a  família se beneficia como um todo”. 

 

Audálio recebe título e lança livros

 

Depois da solenidade de outorga de título e homenagem às mulheres, o jornalista e escritor Audálio Dantas fez o lançamento e autografou duas obras, que tiveram também, no ano passado, lançamento nacional,  As duas guerras de Vlado Herzog e Tempo de Reportagem.  

Sobre as obras, o site estadão.com.br/cultura,   escreveu em agosto de 2012:  “Em  8 de julho, Audálio Dantas fez 80 anos. Em 27 de junho, Vladimir Herzog teria completado 75,  não tivesse sido torturado até a morte nos porões da repressão, em 25 de outubro de 1975. Do encontro da biografia dos dois – o primeiro nascido em Tanque d'Arca, no sertão alagoano, e o outro, em Osijek, na Croácia, parte do Reino da Iugoslávia, quando Vlado (no Brasil, o nome foi adaptado para o português) nasceu – ocorreu no momento em que a ditadura militar desabou sobre os próprios pés de barro. Entre o croata e o sertanejo criou-se, então, um vínculo histórico que foi além do fato de ambos terem feito brilhante carreira jornalística. Herzog foi o mártir cujo sangue derramado batizou a volta da democracia. Audálio, o homem certo no lugar certo para indicar o caminho a ser seguido nesse rumo”. 

E, de fato, Audálio era, na época, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, liderando um protesto pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog, recebeu o apoio do rabino Henri Sobel, que se recusou a sepultar Herzog entre suicidas no cemitério judeu; e do cardeal de São Paulo, Paulo Evaristo Arns, cardeal Arns, que desafiou o regime convocando uma celebração ecumênica que lotou a Igreja da Sé com a presença de 8 mil pessoas.

Diz a mídia virtual que “o presidente do Sindicato dos Jornalistas teve o tirocínio e a coragem de levar a opinião pública brasileira de forma firme, mas serena, à consciência de que a luta contra a ditadura era de todos e não tinha acabado com o triunfo do Estado contra a extrema esquerda dizimada. Foi o começo do fim do arbítrio dividido”.  

“As duas guerras de Vlado Herzog – da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil”, tem como  ponto de partida,  que seria o enfrentamento de sua primeira guerra, “a saga da família Herzog em sua fuga desesperada da Iugoslávia, para longe do horror da guerra que despedaçava a Europa e perseguia cruelmente os judeus”, diz a sinopse. No Brasil, enfrentaria a guerra da ditadura militar. “Mas foi aqui que sua vida lhe foi duramente tirada, na escuridão de uma sala de tortura, episódio que marcou para sempre a história dessa família e da luta política aqui no país”, completa. 

A obra é dedicada aos companheiros do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que se uniram no protesto contra o assassinato de Vlado, não permitindo que, como  outras vítimas da ditadura militar, seu corpo fosse sepultado em silêncio. E mais, em memória de Gastão Thomaz de Almeida e José Aparecido, que muito contribuíram para que, unidos, os jornalistas fizessem de seu sindicato uma trincheira da luta contra o arbítrio, a Clarice Herzog, exemplo de coragem, e para a sua esposa Vanira, exemplo de dedicação. 

Em 1981, Audálio Dantas recebeu homenagem na ONU por sua luta em defesa dos Direitos Humanos nos anos de chumbo.

A obra Tempo de reportagem - Historias que marcaram época no jornalismo brasileiro reúne  reportagens de Audálio publicadas pela revista 'O Cruzeiro' e 'Realidade', enfim, uma coletânea de seus melhores momentos de repórter. O maior destaque é a revelação em reportagem para a Folha de S.Paulo, em 1963, da catadora de papel Carolina de Jesus na Favela do Canindé, lançada para a glória literária com o sucesso de trechos de seu diário editados por ele no livro Quarto de Despejo.