Nove dos 18 filhos, genros noras, netos e bisnetos de Carlos Augusto dos Santos, mais conhecido por Carlos Diogo, reuniram-se no sábado, 12, às 17h00, para inauguração da placa que denomina a rua paralela ao prédio do INSS, de Carlos Diogo. Uma solenidade simples, como simples foi Carlos Diogo. Uma solenidade grandiosa, como grandiosa foi a vida de Carlos Diogo. Muitos diriam “solenidade pra inaugurar uma placa?” - mas o certo é que mais uma vez a família deu mostras da união que sempre reinou em casa e reflete o orgulho e o reconhecimento do gesto de homenagem a um homem que mostrou a que veio.
Presentes à solenidade, o prefeito Wesley De Santi de Melo e o vice Pedro Teodoro Rodrigues Rezende; a ex-vereadora, Ivone Regina Silva, autora do projeto de Lei que denominou a rua há 22 anos (09/11/1989); a portuguesa irmã Juliana, representando a Congregação de São José de Cluny; os secretários, Amir Salomão Jacob, João Osvaldo Manzan, Eder Luiz Moreira, dentre outros.
Descerrada a placa pelo prefeito Wesley e Ivone Regina seguiram-se as mensagens. A ex-vereadora, autora da homenagem, falou da admiração que sempre dispensou a Carlos Diogo e sua família, enaltecendo o seu trabalho e sua missão de pai, esposo, amigo. “Aos seus descendentes legou não só a herança material, mas, essencialmente, a honestidade, coragem e vontade de trabalhar e vencer. Além de ministrar aos filhos os ensinamentos cristãos que sempre marcaram a família Diogo”
Disse mais Ivone que Carlos Digo e sua família deixaram um legado muito maior, como o exemplo da hombridade e integridade, num mundo tão cheio de escândalos e falsidades. “Os Diogo nos deixaram o exemplo da fé e da caridade num mundo tão materialista e ausente de Deus. Os Diogo nos deixaram ainda a honra da palavra num mundo tão cheio de mentiras e perjúrios. Motivo pelo qual Sacramento os recebeu de maneira digna, justa e grata,de braços abertos. Merecendo, pois, seus descendentes nosso reconhecimento e gratidão por este momento especial e notável em suas vidas”, ressaltou.
Para o prefeito Wesley De Santi de Melo, Carlos Diogo foi um homem que prestou um serviço grande á comunidade sacramentana e deixou exemplos espelhados na dignidade dos filhos e demais descendentes, todos de uma grandeza e retidão exemplares, que trabalham pela nossa cidade, que são filhos de nossa terra”.
Discursaram também, o ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, ressaltando a amizade que os uniam, dele recebendo apoio político. “Foi lá meu primeiro comício, dentro de um paiol. Ele me deu a mão para que eu pudesse participar da vida pública e pudesse fazer alguma coisa pelo meu povo”, recordou .
Também discursou o produtor rural, João Oswaldo Manzan, que se emocionou ao ressaltar a honradez e bravura de toda a família do homenageado.
Família agradece homenagem
Agradecendo a homenagem, em nome da família, os irmãos irmãos, Carlinhos e Regina Diogo lembraram de cada uma das pessoas presentes por quem o pai, Carlos Diogo manteve laços de amizade.
Iniciou, lembrando o carinho da advogada e ex-vereadora, Ivone Regina Silva, pela homenagem prestada; ao ex-prefeito, José Alberto Bernardes Borges, lembraram a amizade e a considereção mútua entre o ex-prefeito e seu pai. Ao prefeito Wesley De Santi, recordaram também os laços de fraternal amizade que sempre uniram os pais, Anézio Benedito e Carlos Diogo. “Seu pai, Baguá, permita-nos assim chamá-lo, talvez nunca imaginasse que você um dia homenagearia nosso pai na condição de prefeito. Se estivesse aqui estaria orgulhoso do filho que você é.
Os irmãos agradeceram também ao vice-prefeito Pedro Teodoro, “conhecedor da trajetória da família e sempre presente”; ao ex-prefeito Biro, “que aprovou a construção da rua”; e às irmãs portuguesas de São José de Cluny, conterrâneas de Carlos Diogo e amigas da família.
Quem foi Carlos Diogo
Ele nasceu Carlos Augusto dos Santos, mas nas terras do Borá, que adotou como sua ficou conhecido como Carlos Diogo, assim como todos os descendentes de Francisco Joaquim dos Santos e Inácia Rosa Pires, avós de Carlos Diogo, que aqui chegaram, vindos de Portugal em 1912 para trabalhar na fazenda Borá de Américo de Souza (Coronel Memeco).
Dezessete anos após chegam os demais familiares e dentre eles os sete netos dos pioneiros: Carlos Diogo, Luciana, Antonio Augusto, Abílio, José Francisco, Maria Augusta e Izabel, todos crianças ainda, todos nascidos em Caçarellos (Portugal). E aqui foram criados. Progrediram, venceram e fizeram história. Todos os sete aqui se estabeleceram e seguem contribuindo para a história e progresso do município.
Carlos Diogo, personagem da homenagem, foi casado com Francisca Rosa de Oliveira durante 30 anos e tiveram 19 filhos: Luiza, Luiz Alberto, Antonio Carlos, José Rosa, Francisco, Inácio, Vicente, Maria Inácia, Fernando, Inês, Pedro, Adriano, Vitor, Jorge, Maria Helena, Maria de Fátima, Miguel, Luiz Carlos e Regina. Viúvo, contraiu segundas núpcias com Nair Tassini.
Carlos Diogo, nunca se naturalizou brasileiro, mas tornou-se filho de Sacramento, junto com os irmãos José Diogo, Maria Augusta e Isabel Maria, através do Titulo de Cidadania Honorária, de autoria da vereadora Ivone Regina, em 23 de abril de 1989. Carlos Diogo faleceu em 1992, aos 72 anos.
O trem que os trouxe até a estação do Cipó em 1929, não existe mais. Da estação restam os escombros à espera de restauração, o bondinho que os trouxe a Sacramento há muito foi esquecido, mas a família fincou pé e a sua saga virou história, que continua e continuará sendo escrita pelos descendentes.
Irmã Mafalda deixa mensagem sobre Carlos Diogo
Conterrânea de Carlos Diogo, Irmã Mafalda do Menino Jesus, que recentemente esteve em visita na cidade, recordou ao filho de Carlos, Carlinho Diogo, 45, a amizade que sempre uniu o pai à Congregação.
Carlinho se emocionou com as palavras escritas por Ir. Mafalda, ainda mais por conhecê-la tão pessoalmente. ‘‘Guardo na lembrança as palavras sempre amáveis de meu pai sobre Ir. Mafalda, as madres Antônio, Benigna e Theresa’’, disse Carlinho ao ET.
“Irmã Mafalda foi muito amiga de papai, eles são conterrâneos, vieram do mesmo país e foi uma convivência longa aqui. Quando a irmã foi embora eu tinha sete anos, era menino ainda. A irmã foi embora de Sacramento logo após a morte de mamãe (Francisca Rosa dos Santos), eu tinha sete anos e agora posso conhecê-la”, disse.
E Carlinhos pediu mais, que Ir. Mafalda falasse de seus pais. “Papai dará nome à rua do prédio do INSS, vamos colocar a placa e nada como uma irmã da terra de papai pra falar sobre ele”, pediu à irmazinha.
E irmã Mafalda redigiu suas lembranças em pequenos papéis e leu. A emoção aflorou.
“O salmista canta: “como é bom os irmãos viverem juntos bem unidos”. Assim, toda pessoa que deixa o se terrão natal e vai para o desconhecido, se alegra quando encontra com alguém de sua Pátria natal; e isto aconteceu aqui nesta cidade de Sacramento, quando as irmãs de São José de Cluny e os irmãos Diogo, que aqui já residiam, nesta comunidade de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, se encontraram.
O senhor Carlos Diogo e sua família como bons portugueses, já bem estabelecidos nesta sua nova pátria brasileira, que também é muito querida em Portugal.
Sr. Carlos Diogo seguiu sua vocação no santo matrimônio; Deus lhe preparou uma virtuosa companheira, que soube abraçar a vocação de mãe modelo e responsável pela educação dos filhos, com que Deus os presenteou com suas bênçãos.
Enriquecendo seu lar com 19 filhos e ainda adotou mais três que cuja família não tinha condições de os criar. Sr. Carlos Diogo, homem sábio e prudente, desempenhou com zelo e amor o papel de fiel companheiro de sua admirável esposa. Os filhos mais velhos seguiam seus estudos...
A mãe, aos que careciam de cuidados especiais, era atenta, mas a saúde desta mãe virtuosa estava ameaçada, pois foi contaminada pelo empestado bicho barbeiro, que é fatal.
Na fazenda de Sr. Carlos Diogo tem uma capela, onde sua zelosa senhora rezava com sua numerosa família e vizinhos.
Certo dia, ia a caminhar desta capela após rezar o terço no mês de fevereiro; subitamente, caiu ao chão e faleceu. Sr. Carlos Diogo não se revoltou; aceitou e ofereceu a Deus essa terrível dor e perda da digna e virtuosa esposa. A cidade de Sacramento ficou consternada...
Para a missa de corpo presente na Matriz de Sacramento, o comércio fechou as portas, as aulas foram suspensas, para que toda a cidade pudesse ir rezar e partilhar a dor com a família enlutada.
Sr. Carlos Diogo permaneceu um varão justo e temente a Deus, pois o temor a Deus é o princípio da sabedoria de Deus.
A família deste digno cidadão de Sacramento agradece às dignas autoridades locais a memória prestada ao seu pai, de lhe oferecer o nome de uma rua nesta cidade e perpetuar a sua memória para os presentes e os futuros cidadãos desta terra de Sacramento.
Seus diversos filhos povoando esta terra de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento continuam a abrilhantar, quais centelhas de luz, toda a cidade de Sacramento com sua disponibilidade e doação fraterna a todos que precisam de sua colaboração e ajuda. Bem haja!”
Para Carlinhos, ouvir a mensagem de irmã Mafalda fê-lo chorar por dentro. “Foi emocionante, a gente era criança e criança não pensa muito as coisas, hoje é diferente. É uma homenagem muito bonita para o papai, pra nossa família”, agradeceu.