Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

305 quilômetros do rio Paraopebas estão mortos

Edição nº 1664 - 1 de Março de 2019

Um trecho de 305 quilômetros do rio Paraopeba está com a qualidade da água ruim ou péssima, segundo um relatório divulgado nessa quarta-feira 27 pela Fundação SOS Mata Atlântica, que realizou uma expedição ao longo do rio, passando por 21 municípios, para avaliar os danos após o rompimento da barragem I da Mina Córrego do Feijão, que deságua no Paraopeba, em Brumadinho, que ocorreu no dia 25 de janeiro.  A tragédia resultou no despejo de 14 toneladas de rejeitos de minérios no Paraopeba e deixou pelo menos 180 mortos e 130 desaparecidos. 

Segundo o relatório da expedição a flora e a fauna do entorno do rio foram destruídas e não há condições de vida aquática nos 305 quilômetros avaliados. Para realizar os estudos, foram realizadas coletas de água em 22 pontos do rio. Em dez pontos a qualidade da água foi considerada ruim, já em outros 12 pontos essa qualidade foi classificada como péssima. Nas análises foram encontrados metais pesados na água como cobre, manganês e ferro, tornando-a, portanto, imprópria para o uso. 

"O rio Paraopeba perdeu a condição de importante manancial de abastecimento público e usos múltiplos da água em decorrência do carreamento e da deposição de cerca de 14 toneladas de rejeitos de minérios, provenientes do rompimento da barragem", conclui o relatório. O rio está morto!

De acordo com a fundação, o rompimento da barragem resultou também na perda de 112 hectares de florestas nativas. Destes, 55 hectares eram áreas bem preservadas. Antes da tragédia, Brumadinho possuía 15.490 hectares de remanescentes da mata atlântica. O estudo concluiu também que as mortes na fauna e flora causaram um desequilíbrio ambiental na região. Na conclusão o estudo destaca a importância das leis ambientais não serem flexibilizadas, principalmente no que diz respeito a mineração. O relatório ressalta que acidentes como o de Mariana e Brumadinho mudam o futuro da população local e do ecossistema. 

O Rio Paraopeba, cujo nome de origem tupi  significa "rio largo", é um rio mineiro, que tem sua nascente localizada no município de Cristiano Otoni, na mesorregião Campo das Vertentes e sua foz está na represa  de Três Marias,  no município de Felixlândia. A extensão do rio é de 510 km e sua bacia cobre 13 643 km² e 35 municípios. Seus principais afluentes são os rios Águas Claras, Macaúbas, Camapuã, Betim, e Manso é o ribeirão Serra Azul. Os três últimos cursos de água são represados para formação dos três reservatórios que compõem os Sistemas Paraopeba, Vargem das Flores, Rio Manso e Serra Azul para abastecimento urbano. O Rio Paraopeba é um dos principais afluentes do Rio São Francisco, onde está a represa de Três Marias.