Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cidade perde um grande cidadão

Edição nº 1717 - 06 de Março de 2020

O empresário aposentado Olavio Luiz Miguel, fiel membro da Casa de Oração desde 1976, quando se mudou com a família para Sacramento, morreu de pneumonia na madrugada do último dia 26, na Santa Casa de Misericórdia e foi sepultado à tarde ao lado da esposa, Maria Luiza Rezende, no Cemitério São Francisco de Assis, após ser velado no Velório Maurício Bonatti por familiares e amigos. O corpo foi encomendado pelo ancião e pastor, Enoque, de Franca, e acompanhado em orações e cantos por um grande número de irmãos de sua Igreja. Olavio havia completado 96 anos no dia 30 de janeiro ao lado dos filhos, Wilson Luiz (Azilda), Míriam (Rogério), Mary (Nilson), Lívia Regina (Marcos) e Paulo Roberto (Joelma). Deixou seis netos e três bisnetos.  

 

Natural de Santana do Paranaíba (SP), Olavio chegou a Sacramento há quase 50 anos, a  convite do amigo que conheceu em Ituiutaba (MG), Leonardo Nye, pastor inglês que trouxe o protestantismo para a cidade, fundando a Casa da Oração e a obra social Vila Alexandre Simpson. Empresário ligado ao comércio de móveis, proprietário da loja Mobiliar, fincou pé de vez na cidade, em 1976,  justamente para ajudar na orientação da Igreja e na obra social. 

Aos 92 anos, já viúvo, Olavio ganhou de uma de suas filhas uma viagem para conhecer Israel, um sonho acalentado há muitos anos. Logo que chegou, em uma entrevista ao ET, rica em detalhes, falou da satisfação e da alegria em viver aquela aventura inesquecível. “O sonho de todo cristão é conhecer Israel”, afirmou.

Ao ser questionado pelo repórter por que, já beirando os 50 anos de presença em Sacramento, não havia recebido o título de cidadania, especialmente, pelos relevantes serviços prestados à cidade como empresário e voluntário de uma das mais antigas casas assistenciais da cidade, sorrindo e sem apresentar o mínimo de ressentimento, respondeu:

“- Vim para Sacramento para ajudar num trabalho social e religioso, tive minha loja Mobilar, as filhas são tidas como sacramentanas, casaram-se com sacramentanos, os netos são sacramentanos e isso é o que importa. Meu lugar é aqui. Sou grato por viver aqui. Título? Isso não é nada, o que importa é o que a gente sente pela terra e o que trazemos no coração”. 

De acordo com a filha Míriam, mesmo na sua longevidade, seu pai era uma pessoa saudável. “Papai sempre foi muito cuidadoso com a saúde, não se negando às consultas médicas sempre que sentia algum sintoma, não deixava de fazer suas caminhadas todas as manhãs. Sempre alegre, brincalhão com todos, cheio de amigos, cabeça boa, leitor assíduo, frequentador da Casa de Oração...”.

Lembra a filha que na segunda-feira Olávio almoçou em sua casa e, devido ao tempo chuvoso, retornou logo à casa, porque deixou alguns afazeres. “Logo após o almoço, ele percebeu que o tempo estava fechando, disse que tinha que recolher algumas roupas e foi embora. Na manhã seguinte queixou-se de dor no estômago e vômitos e, por recomendação médica, foi internado. Seu quadro clínico agravou-se para uma pneumonia. À noite, serenamente, logos após os filhos terem se despedido dele no quarto, acomodou-se na cama meio de lado e ali permaneceu...”, lembra Míriam com os olhos em lágrimas.

Seu Olávio, grande homem, amigo querido, morreu serenamente, dormindo nos braços do Pai.