Há 46 anos, O Estado do Triângulo iniciou, para a época, uma peculiar reportagem de homenagens a pessoas que realizavam durante sua vida relevantes serviços a Sacramento, quer como filantropos, voluntários, trabalhos ligados a atividades religiosas, artísticas, políticas e, também a empresas em geral e instituições. Sob a chancela jornalística de 'Personalidades do Ano', ao longo dessas quase cinco décadas, o ET já homenageou 118 personalidades. Prosseguindo nessas singelas deferências, nesta edição de 2018, expressamos nosso reconhecimento aos empresários, Gilberto Alves de Oliveira, José Cassimiro Filho, Vilmar Lacerda e Maria Enyr Lacerda; às voluntárias, Meri Lúcia da Silva Rodrigues e Magdalena Devoz Ferreira e ao Sindicato Rural de Sacramento, na pessoa de seu atual presidente, André Barra Bisinoto. Veja a seguir o dignificante trabalho realizado por eles.
Gilberto Alves
Gilberto Alves de Oliveira é o Peninha da Loja Glória... Ou podemos dizer que a Loja Glória é o Peninha pelo cinquentenário comemorado em outubro último, quando começou adquirindo uma pequena loja de confecções na av. Vigário Paixão, 252. Lembrada pelo próprio Peninha, filho de Orígenes José e Maria Oliveira Alves, a história é interessante.
“Eu tinha mais de 23 anos, 1968, queria tocar um comércio independente. Soube que a esposa de Hélio Lenheiro estava querendo vender sua loja. Eu me candidatei, mas não tinha dinheiro. Foi quando 'juntou a tampa com o balaio', no dito popular. Papai tinha um caminhão velho e Hélio Lenheiro precisava de um caminhão. Papai me vendeu o caminhão em 20 suaves prestações, sem juros. Hélio aceitou a barganha, elas por elas, e fiquei com a loja, que não me lembro mais o nome. Daí a três meses, transferi a loja para o centro, na rua Clemente Araújo, onde hoje é a Malha Mia, com um novo nome, Loja Glória, em homenagem à minha irmã, Maria da Glória. E ali permaneci por 18 anos, até que a família proprietária requereu o espaço e tive que sair”.
Para sorte de Peninha, uma coincidência auspiciosa. Próximo ao endereço, estava vagando a loja Flor & Festa, de Jucelaine Borges, filha do Hélio Lenheiro. E para ali transferiu a Loja Glória, onde permanece até os dias de hoje, com uma loja bem sortida, tendo hoje como carro chefe, linhas, cordões e lãs e armarinhos em geral... na verdade, de tudo um pouco, como bochilas, chapéus, pequenos eletrônicos, brinquedos...
“Ali havia uma loja da Jucelaine Borges, por coincidência, filha do Hélio Lenheiro, e dali nos mudamos para onde estou hoje, um pouco antes, no número 77, E assim completamos, em outubro último, 50 anos de comércio.
Mas as duras penas de Peninha, desculpando o trocadilho, começaram bem antes, quando ainda moleque. Ao lado de outros cinco irmãos garrou firme com o pai na Serraria. “Naquela época, tínhamos que pegar duro, geralmente ajudando nos afazeres do pai. E papai tinha uma serraria ali na rua São Pedro. De uma irmandade de sete, tirando as duas irmãs, todos trabalhamos com ele desde criança. Tanto que Gilson e Gaspar continuaram com o empreendimento após sua morte”, recorda, reconhecendo que não era muito dado aos estudos, não. “Fui até o Curso de Contabilidade e parei, depois de algumas 'bombas'”.
Questionado como permaneceu com uma loja tão simples por tantos anos, Peninha não pensou para responder: “O que move um comerciante é sua coragem, ousadia, ideias para competir com a concorrência e, sobretudo, a honestidade. Lutei, e não foi pouquinho, não. Sobrevivi a várias crises econômicas causadas pelos governos, e continuei firme”, afirma, recordando um fato inusitado ocorrido nos anos 80, quando a inflação foi a 109% ao mês.
“Foi uma coisa louca. Fiz o caixa do dia e pedi a um amigo, bancário, que levasse o depósito para o banco e depositasse em minha conta. Ele levou, mas depositou na conta de um terceiro, com quem era conivente, para aplicar o dinheiro naquela inflação galopante, para dias depois fazer o depósito na minha conta. Eu descobri no dia seguinte que o depósito não caiu na minha conta e fiquei louco... Queria esmagá-lo!!” - conta, afirmando que, apesar de todas as crises e todos os apertos: “foi o melhor tempo de minha vida. Hoje dou graças a Deus por ter vencido esse tempo com dignidade e ética e com a ajuda de uma mulher companheira e amiga, minha esposa Maria Alice Cassiana”.
Pelos 50 anos de vida empresarial, pelo exemplo de comerciário justo, honesto e defensor dos princípios morais e éticos que devem mover os homens de negócio, Gilberto Alves de Oliveira, o Peninha, proprietário da Loja Glória, é Personalidade do Ano de 2018.
Zezinho da ArteCasa
Zezinho da Artecasa é José Cassimiro Filho. Nasceu em 1945 na fazenda Cocal, filho de José Cassimiro Gonçalvez e Odete Virgínia de Almeida, no dia 21 de maio. Foi um ano fantástico, debalde a crise, o mundo celebrava o armistício da II Grande Guerra Mundial. E o Cocal continuava na paz dos Anjos. Ele o primogênito, comandava uma escadinha de nove irmãos. Moleque ainda, diz que aos 5 anos já puxava os bois no arado para sulcar as ricas terras da região para plantar.
Mudou-se para o alto da serra dos Mateiros, próxima à Estação do Cipó, depois, um ano na cidade, e se fixa na bela Rifaininha, de onde se avista todo o vale do rio Grande. Dali saiu só na maioridade. Aos 21 anos, vem definitivo para Sacramento, onde fez os últimos estudos, o curso de Admissão ao Ginásio, no Grupão Afonso Pena. E foi só. Diz que seus estudos básicos e superiores foram cursados na Universidade da Vida.
Casa-se tarde para a época. Aos 32 anos leva ao altar a bela jovem Nildes Recidive Borges, com quem teve quatro filhos, Arthur, Henrique e os gêmeos Rafael e Érica. Todos artistas. E dá duro na vida para educar a prole. Foi fotógrafo, taxista, vendedor, viajante e entregador de armarinhos Brasil a fora e barrageiro durante cinco anos na Mendes Jr, na construção das usinas de Jaguara e Volta Grande.
Em dezembro de 1978 - e lá se vão 40 anos - com sua experiência em concreto e o profissionalismo do cunhado engenheiro, Hélcio Recidive, funda a empresa de construção e artefatos de cimento, ArteCasa, que abre as portas na rua Rui Barbosa 177. Depois de várias obras, ele, in loco, como mestre de obras, e Hélcio no suporte técnico, fizeram a fundação e toda a estrutura de concreto da EM Maria Crema, hoje centro administrativo, a EM João Cordeiro, no Perpétuo Socorro e milhares de metros de manilhas, manilhões, bloquetes, meio-fio... Em 1982, a sociedade é desfeita, permanecendo Zezinho como proprietário único.
Fazendo um retrospecto, ao celebrar os 40 anos da empresa, lembra que o auge da ArteCasa foi no quinquênio 1985/90. “Foi um período de construção incessante. Mudamos para uma área de mais de 2 mil m², no Chafariz, onde estamos até hoje. Ampliamos a Rodoviária e erguemos em 90 dias, 25 casas do Loteamento Maria Rosa, do Izídio Rosa Pires. Chegamos a ter 40 funcionários e mais de 500 pessoas trabalhando.
Concomitante à sua atuação empresarial na cidade, Zezinho foi sempre um voluntário e ator social na cidade, em especial, junto ao Rotary Clube de Sacramento, que o tem como um dos fundadores e como presidente por duas gestões, e várias vezes como diretor. Nos seus 25 anos na entidade esteve presente a 23 conferências distritais. Foi também diretor da ACE e representante municipal da Fiemg, levando o título de Empresário do Ano, em 1986.
Por todo esse trabalho na militância empresarial e como diretor voluntário de entidades na cidade, onde realizou relevantes serviços, José Cassimiro Filho foi escolhido pelo ET como Personalidade do Ano de 2018.
Vilmar Lacerda e Maria Enyr
Ele começou a vida como professor de datilografia. Ensinava crianças, jovens e adultos a usar os dez dedos das mãos para teclar as letrinhas, a, s, d, f, g, com a mãos esquerda, e com a direita, c, l, k, j, h... “Milhares de alunos e alunas passaram em minhas mãos. Imagine, vários horários ao dia, com a sala sempre cheia, durante dez anos...”, recordou com o repórter, sua história de vida, a história de Vilmar Lacerda, que completou no dia 16 de outubro último, 32 anos de bons serviços prestados a Sacramento.
Já no final da década de 80, com os primeiros PCs (computadores pessoais) chegando ao Brasil, Vilmar enxergou o declínio das escolas de datilografia e quis mudar de ramo. Incentivado pelo irmão Baltazar, já um experimentado empresário calçadista, comprou de um empresário francano, uma loja de calçados, no bairro do Rosário. Sem dinheiro, empenhou a irmã, Maria Enyr de Lacerda, então professora de Geografia e Estudos Sociais, em Franca, como sócia para adquirir a loja.
E foi aí, em 1986, num pequeno cômodo ao lado da Cinelândia Bar, na rua Visconde do Rio Branco, que nasceu a Lacerda Calçados. Ousados, os irmãos sócios iniciaram o negócio com uma mega liquidação, vendendo quase tudo a preço de custo para ganhar a clientela e se firmar no negócio. “Essa liquidação foi tão expressiva, no ponto de vista das vendas e da presença do público, que nunca me saiu da memória. Vendemos tudo. Juntamos o dinheiro e, orientados pelo meu irmão Baltazar, fomos a São Paulo, onde estavam os maiores atacadistas e gastamos tudo em sapatos”, lembrou Vilmar, em recente entrevista ao ET.
E superando crises, promovendo e criando iniciativas de vendas, a Lacerda Calçados de Vilmar e Enyr foi ampliando seus espaços. Da apertada lojinha, transferiu-se para a av. Benedito Valadares, no prédio da Sede Paroquial, onde permaneceram por dez anos, até se transferirem para uma loja maior, na av. Antônio Carlos, onde permaneceram até outubro último. Mas antes dessa data, a sociedade, amigavelmente, foi desfeita. “Foi uma decisão mútua, acordada. Ambos queríamos uma loja própria, e assim foi feito”, justificam os irmãos.
Os dois construíram o seu espaço próprio. Primeiro, Maria Enyr, depois o irmão Vilmar. Como sempre arrojados, aos poucos foram construindo dois grandes prédios, com nomes semelhantes: A nova loja de Enyr, na rua Major Lima, que tem o nome de Lacerda Calçados, mantendo o antigo título, foi inaugurada em abril de 200e a de Vilmar, recém inaugurada, na av. Vigário Paixão, passou para Esporte Lacerda.
E assim, chegaram em 2018, depois de 32 anos de serviços devotados à cidade como empresários bem sucedidos. Vilmar juntou ainda ao trabalho empresarial, a sua participação como diretor da ACE – Associação Comercial e Empresarial, onde ocupou também o cargo de presidente. Casado com a também empresária Marilda Cardoso, o casal tem dois filhos, Maraíne e Victor, já no rastro dos pais, assumindo o seu espírito empresarial.
E Maria Enyr, também ao lado do esposo, Rodrigo Pereira Pires, dá sua contribuição de uma empresária vencedora e reconhecida pela cidade. Junta a sua atividade comercial uma participação voluntária no Lar dos Idosos. Razão suficiente para o ET apontar os irmãos, Vilmar e Maria Enyr, como Personalidades do Ano de 2018, pelos relevantes serviços prestados à comunidade.
Santa Casa
Duas grandes mulheres, Meri Lúcia da Silva Rodrigues e Maria Magdalena Devoz Ferreira vêm fazendo a diferença com seu trabalho voluntário na cidade nos últimos anos. Iniciaram suas ações beneméritas como associadas à Casa da Amizade, braço feminino do Rotary Clube de Sacramento, relacionados à ajuda material e promoção humana de famílias carentes e de entidades filantrópicas, e, como esposa e viúva de maçons, também se juntaram à Fraternidade Feminina, entidade congênere da Loja Maçônica General Sodré.
A Profa. Méri Lúcia é de Abadia dos Dourados (MG), já reconhecida pela Câmara com o título de Cidadã Sacramentana, aqui chegou acompanhando o marido, o médico Fernando Fernandes Rodrigues nos anos 70, com quem teve dois filhos. E Maria Devoz, natural de Rifaina (SP), mulher do empresário Aldenê Gomide Ferreira.
Mãe de cinco filhos, com concurso Dedal de Ouro, apontadada pelos Diários e Emissorras Associadas de BH como ‘primeira dama da costura mineira’, após vestir a mineira, Miss Brasil, para disputar o miss universo em Acapulco.
Ambas se engajaram numa ação que representa o cerne do cristianismo, 'o amor ao próximo'.
Nos últimos anos Maria e Meri tomaram como meta um trabalho arrojado, 'mudar a cara da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento', não no seu aspecto institucional, mas no seu lamentável estado de conservação. Com o apoio das diretorias, de alguns voluntários mais aguerridos, entre eles, Paulinho Cândido Paché, e principalmente da comunidade, lançaram-se à luta e promoveram uma reforma fantástica em 15 apartamentos que servem os pacientes do SUS.
Toda aquela ala, formada por dois postinhos de enfermagem, copa, sala de reunião, vestiários e sala de materiais, resultando numa área de mais de 700 m², recebeu troca de piso, das peças dos banheiros, das portas, das instalações elétricas e pintura geral. Para isso, envolvendo a própria entidade e voluntários não mediram esforços com promoções diversas, entre leilões, tardes de chá e mais que isso, buscaram junto a empresários e pessoas em geral uma ajuda em material de construção e foram, generosamente, atendidas, como o empresário José Humberto Ramos, que doou as telhas de todo o bloco, seguido das doações da sociedade.
“- Maria e eu temos muito que agradecer, de coração, a todos os voluntários e doadores, boa parte deles anônimos, assim como ao apoio e parceria da diretoria da Santa Casa, inclusive ao meu marido Fernando, que é médico desta instituição e conseguiu muitas doações que somaram em muito ao nosso objetivo”.
Ao fazer os agradecimentos, Méri emocionou-se. “Hoje, eu me sinto uma pessoa realizada, porque eu tinha que fazer isso por Sacramento, cidade que nos acolheu muito bem, a mim e meu marido. Aqui nossos filhos nasceram, cresceram, então, eu sentia que tinha de ter o compromisso de fazer algo por Sacramento, agradeceu Meri no dia da inauguração das dependências reformadas, ao lado da companheira Maria que, no seu silêncio, a exemplo da mãe de Jesus, “guardava todas essas coisas em seu coração”.
Cientes do trabalho maravilhoso que tiveram à frente das reformas implementadas na Santa Casa, essas duas abnegadas senhoras, Meri Rodrigues e Maria Devoz, são homenageadas com nosso humilde reconhecimento, ao outorgar-lhes o título de Personalidades do Ano de 2018 pela disponibilidade em servir o próximo com seu trabalho voluntário.
Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento
O Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento (SPRS) completou no ano passado 60 anos de existência, cumprindo o objetivo para o qual foi criado, de ser a voz do produtor rural, de trabalhar em defesa da classe e na promoção de ações que enriqueçam o seu conhecimento e agregue valor à produção oriunda das mãos do homem do campo. De José do Pandó a André Barra Bisinoto, o Sindicato dos Produtores Rurais foi uma mola mestra na vida dos fazendeiros do município.
No dia 9 de fevereiro de 1958, nascia das mãos de valorosos cidadãos liderados por José Afonso Borges, o Zé do Pandó, a Associação Rural de Sacramento. Eleito para assumir a presidência, José do Pandó permaneceu à frente da instituição até o ano de 1963. Foi na sua gestão, logo no início do mandato, no dia 25 de fevereiro, que os diretores aprovaram o primeiro Estatuto Social da entidade, que contava com apenas 28 associados.
O início não foi fácil. A luta foi grande para sobreviver, vencer a burocracia e legalizar a Associação junto ao Ministério da Agricultura, o que só ocorreu na gestão do então presidente, Antônio Rodrigues da Cunha Jr - Moreno, que presidiu a entidade por 20 anos. (21/7/1964 a 1984). A Associação foi registrada, através de carta sindical, de acordo com a Lei nº 4.214, de 29/7/1966, passando a chamar-se Sindicato Rural de Sacramento.
Entre 1985 a 1990, o Prof. Antônio Afonso de Almeida presidiu o sindicato, que veio aos poucos superando crises financeiras e acumulando as primeiras conquistas, como a aquisição da sede própria, na esquina entre a av. Benedito Valadares e rua Silva Jardim e novos associados. O que move e dá força a um sindicato é a adesão de sua classe, para isso o trabalho dos presidentes sempre foi intenso, chegando ao ápice na gestão do presidente João Osvaldo Manzan (1990/2005), quando a nova sede foi construída.
Foi também na sua longa gestão que a entidade adequou-se às exigências da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (FAEMG), inclusive com mais uma alteração no Estatuto Social, quando passou a denominar-se, Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento. A partir de 2006, Hermógenes Vicente Ribeiro, ex-funcionário da Sindicato e mobilizador do SENAR assumiu a presidência até 30/12/17, quando o atual presidente, o empresário rural André Eugênio Barra Bisinoto, assumiu o cargo, a partir do início de 2018.
Ao completar 60 anos de relevantes serviços prestados ao município, o SPRS conta no seu quadro de associados com 986 produtores rurais, atendidos por uma competente equipe formada por 11 funcionários. Pela importância que representa um Sindicato na vida do país, pelos trabalhos realizados em prol da classe rural nessas seis décadas de existência, através de seus diretores, funcionários e associados, de ontem e de hoje, O SPRS é Personalidade do Ano de 2018.