Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Infarto mata o festivo Burdogue

Edição nº 1666 - 15 de Março de 2019

O funcionário público, Carlos Donizete Cândido, 59 anos, mais conhecido por Burdogue (com R mesmo) foi encontrado morto em sua residência no bairro do Rosário, no início da noite da segunda-feira 11, vítima de infarto enquanto dormia,  conforme atestado de óbito assinado pelo médico Cristiano Arantes. 

De acordo com seu irmão, Lindomar Cândido (Ziquinha), Burdogue foi encontrado por um de seus amigos, Élcio, na sua própria casa, quando lá esteve a procura de Burdogue, a pedido de outro grande amigo, o Julinho do Bar, que sentiu falta dele no bar, onde diariamente lá estava, pela manhã e à tarde. 

 

De acordo com Ziquinha, há alguns anos, Burdogue teve um problema de hipertensão. “O Hélcio que o encontrou, disse que ele estava deitado com a mão debaixo da cabeça, coberto... A gente não tinha muito contato, mas éramos muito amigos. Sabe como é, a gente vive trabalhando e nos encontrávamos pouco. Fomos criados todos juntos, éramos 12 irmãos, um já era falecido e agora foi o Burdogue, um dos mais novos da irmandade. A gente sente muito a perda...”, revela emocionado o irmão, completando que Burdogue era muito alegre, brincalhão, piadista, e estava sempre ali no Rosário proseando com um, com outro...”.  

 

'Burdogue  botava o astral da gente pra cima...

Um dos grandes amigos de Burdogue foi Júlio de Souza , o Julinho do Bar, que, em entrevista ao ET, revelou a figura simpática e engraçada que sempre foi o amigo. “Burdogue era uma figura, muito amigo, todos os dias estava aqui no bar, dava uma bicada na cachaça e ficava aqui fazendo a alegria de todos. Ele chegava do serviço e permanecia até tarde, brincando com todo mundo. Não era aquela pessoa inconveniente, não perturbava as pessoas, eram brincadeiras sadias, ficava proseando e fazendo rir. Burdogue botava o astral da gente pra cima. Era uma pessoa que não tinha maldade e vai deixar um vazio muito grande aqui, não só para mim, mas para todos que sempre passavam por aqui”. 

Pelo longo conhecimento com Burdogue, Julinho relata que dias atrás, ele contou que sua filha o havia levado ao médico, Chegou a ficar em observação na Santa Casa tomando soro. “Isso foi na véspera do carnaval, ele até ficou uns dois dias sem a cachacinha. Ele estava voltando das férias... Mas depois disso, aparentemente, não tinha nada. Se sentia alguma coisa, não queixou”, lembra.

 De acordo com Julinho, no domingo 10, por volta das 10h30, Burdogue esteve no bar. “Eu até pedi pra ele um favor, que fosse à Mercearia do Lambretinha pegar algumas coisas pra eu levar para o rancho. Ele foi, buscou, retornou, tomou mais uma 'pequenininha' e foi embora por volta das 11h. Esse foi o último contato que tive com ele, embora tenha notícias de que outras pessoas o viram mais tarde, inclusive esteve na portaria do almoxarifado com o guarda”, afirma, completando: 

“Uma pessoa igual ao Burdogue a gente acaba acostumando e sente falta quando não aparece, a gente começa a se preocupar. Na segunda-feira, eu cheguei aqui por volta das 10 horas, o ajudante chegou e eu saí. Burdogue não apareceu nesse intervalo, como sempre fazia. Retornei às 15h30 pra reabrir o bar, só que ele também não apareceu. Preocupado com aquela ausência, por volta das 17 h, pedi ao meu ajudante que, por sinal, é sobrinho do Burdogue, que fosse à casa dele. Ele voltou dizendo que estava tudo fechado.  Mas aí, passou 18h, 19h, 20h e nada, ninguém dava notícia. Então, liguei para o Helcinho que trabalha no almoxarifado, eles eram muito amigos. Perguntei sobre o Burdogue,  ele disse que não tinha ido trabalhar. Pedi então que ele fosse ver o que estava acontecendo. Foi quando deparou com ele morto em sua cama. Segundo Dr. Cristiano foi um infarto”, narra, emocionado Julinho.

 Conforme Julinho, a partir deste momento, os procedimentos ficaram por conta dos familiares. “A filha dele me disse que do jeito que deitou, morreu, com as duas mãos postas abaixo do rosto. O Dr. Cristiano foi chamado, constatou que ele não tinha perfurações, escoriações, nada e liberou para o sepultamento. Chegou a hora dele, morreu serenamente, morreu como viveu...”, finaliza.

 O prefeito Wesley De Santi de Melo, que esteve no velório, relata que os funcionários sentiram muito a morte de Burdogue. “Eles tinham uma amizade muito grande, alegrava o ambiente, era uma pessoa muito boa e muito amiga e os nossos funcionários estão muito sentidos. Vi funcionário chorando, por isso gostaria, em nome de todos, de externar à família os nossos sentimentos e nossa solidariedade. Que Deus o acolha e dê conforto à família”, disse.