Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Aos 92 anos, morre o sanfoneiro Maroca

Edição nº 1417 - 06 Junho 2014

Morreu em sua casa, rodeado pela esposa e filhos, na madrugada dessa segunda-feira, 2, o músico Mário Terra, Maroca, aos 92 anos.  Maroca há alguns anos vinha com  o agravamento do estado de saúde,  alternando os seus dias entre o hospital e a residência, sempre ao lado da esposa, Terezinha, também adoentada e cadeirante. Durante todo esse tempo, nos últimos dez anos, Maroca e, ultimamente, também a esposa, receberam os cuidados dos filhos, sobretudo das filhas Adriana e Kátia, que se revezavam no carinho com aqueles que lhes deram a vida. 

De acordo com o filho César, residente em Franca há 34 anos,  Maroca esteve internado na semana passada, retornou a casa, mas não  estava muito bem. “Passou mal no sábado e domingo. Hoje de manhã, por volta das 6h, liguei para saber notícias e quando Kátia foi ao quarto, o encontrou sem vida”, conta, lembrando do aniversário do pai, dia 6 de maio, quando completou 92 anos. “Nós, os filhos, nos reunimos, cantamos parabéns, tiramos fotos, mas acredito que ele nem percebeu. Fizemos isso, mesmo com ele acamado, porque poderia ser o seu último aniversário e foi”, lamenta.

Para os filhos, Maroca deixa-lhes exemplos de vida. “Foi um grande pai, lutador, nos deu educação e exemplos, sempre um pai presente, alegre...”, afirma César, destacando o zelo das irmãs com o pai.  “Adriana e Kátia foram guerreiras, aliás,  estão sendo, cuidando no dia a dia do papai e da mamãe. Nós todos devemos muito a elas por esse cuidado, elas estão sempre presentes”.

 Maroca marcou época na cidade como músico em vários conjuntos da cidade. Foi também durante muitos anos professor de Música, formando muitos sanfoneiros na cidade, deixando grande legado à cultura da cidade e à família. “Dos seis filhos, Adriano é o único músico - conta César - e meu filho também toca violão muito bem e canta, e quem sabe apareça mais algum dos netos”. 

Maroca, sim, vem de uma família  de músicos. De acordo com César, todos os irmãos de Maroca eram músicos e famosos. “Um deles, Alencar Terra tinha uma acordeon com sua marca. Já as mulheres, só a tia Odorica toca piano. As outras irmãs, tias Mona,  Lair e Mena  não se dedicaram à música, mas o papai, e meus tios Zazá, Dodô e Zezé, todos,  eram músicos”.

Maroca foi velado por familiares e amigos, recebeu homenagens dos idosos e funcionários da Casa do Idoso Mona Scalon,  sua irmã e foi sepultado às 19h, no cemitério São Francisco de Assis. 

Maroca deixa a esposa Terezinha Rocha Terra, os filhos César (Ana Lúcia), Alencar (Lúcia), os gêmeos Adriano (Eliana) e Adriana, Kátia (Luiz Fernando)  e Marcelo,   13 netos e um bisneto. 

 

Filhas cuidam de Maroca com muito amor

Para a filha  Kátia Regina Terra, que continua na casa cuidando da mãe, o vazio da casa é imenso. “Foram dez anos da doença do papai, que sofria de câncer de próstata e generalizou. A cada ano ele veio se debilitando mais e mais a ponto de usar morfina, vivia acamado, necessitando de todos os cuidados, era como se fosse uma criança. Papai era como se fosse um filho pra mim e a Adriana. Fizemos de tudo por ele, que foi um bom pai para nós. Nunca nem cogitamos mandá-lo para um asilo, nem ele nem a mamãe. Se eles nos criaram, temos o dever de cuidar bem deles no fim da vida. Tenho a certeza do dever cumprido, mas ainda assim, ao me despedir dele,  pedi-lhe perdão por alguma coisa que eu tenha deixado de fazer”, relata emocionada.

 Diz mais a filha que a mãe Terezinha está sentindo muito falta de Maroca. “Eram duas camas no quarto, uma dele, outra dela, ali ficavam os dois. Agora retiramos a cama, mudamos os móveis,  mas fica o vazio”. Terezinha que viveu 52 anos casada com Maroca, completou 74 anos nesta quinta-feira, (5/6) e emocionou-se ao falar da ausência de Maroca. “Éramos nós dois aqui, eu numa cama, ele na outra, agora...?

Em nome da família, Kátia agradece de coração a todos que os ajudaram ao longo destes anos. Um agradecimento especial à Drª Fernanda  e auxiliares de enfermagem do PSF/Cohab. “Eram como da família, pela atenção e carinho com que o atendiam”, reconhece agradecida, estendendo a gratidão da família ao Dr. Biro. que nos atendia quando precisávamos, mesmo fora de hora. Deus pague a todos”.

 

 A missa de sétimo dia será neste domingo na Matriz do Santíssimo Sacramento, às 19h30, mas como Maroca era espírita, a família realizará  também  o culto, em sua memória.