Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Saudades...

Edição n° 1293 - 20 Janeiro 2012

“Disse  Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?”  (João 11.25,26).

O mistério da morte não é maior que o mistério da vida, mas as perdas de entes queridos sempre deixam lacunas, um vazio imenso que só Deus pode preencher. E é com este sentimento que homenageamos os falecidos dos primeiros dias de 2012, através da homenagem feita a três pessoas  sacramentanos: Rogério Bizinoto, Terezinha Souza e Celso Menezes, o Bugrinho. 

 


Rogério foi exemplo de filho, de trabalho, de dedicação

 

Rogério Bizinoto, 55,  morreu na madrugada do  dia 13 de janeiro, em Uberaba, onde se encontrava internado desde o dia 24 de dezembro. Trasladado para Sacramento, Rogério foi velado por familiares e amigos e sepultado às 15h do mesmo dia, após exéquias rezadas por Pe. André Camargos. Rogério deixa as filhas Lorena, Carolina  e Natália.  

Sacramentano, segundo filho do casal  Juliano Bizinoto e Moêmia, Rogério cresceu com os irmãos  Regina, Rosângela, Rosiley, Rosilda, Ronaldo e Renata. Cedo começou a trabalhar. Formado em Agronomia, gostava de trabalhar em fazendas, especialmente na lida com gado. Um homem forte, trabalhador, amigo, companheiro, “uma fortaleza” - como define a irmã Renata - exemplo de filho, de trabalho, de dedicação. 

Com a morte do pai, em 1982, Rogério tomou frente nos negócios da família. “Ele cuidava de tudo, cuidou da fazenda da parte de todos os irmãos. Tomou conta em comum pra todos nós. Rogério também foi comerciante onde comprou o Supermercado Renata, tendo como sócios com sua irmã e cunhado. 

Lembra a irmã que Rogério sempre foi “uma pessoa fantástica, muito íntegro e muito amigo. Ele tinha aquele jeito sisudo, sério, mas quem o conhecia, sabia que era só fachada. Ele era de um coração muito grande, muito carinhoso. Todos os dias, às 11h, ele chegava prá almoçar na casa da mamãe.  Nós não vamos lá todos os dias, mas ele, sim. Era muito carinhoso com mamãe. Mamãe está muito sofrida, porque ele era um apoio que ela tinha e, para mim, ele era meu porto seguro. Muito amigo”, conta, emocionada. 

Rogério, pela ligação com o meio rural, foi muito ligado à Associação dos Criadores de Gado Leiteiro, entidade da qual foi presidente, tesoureiro e sempre trabalhou em prol da classe. 

Mas um dia, repentinamente, a fortaleza tombou. A morte de Rogério pegou a todos de surpresa. Menos de um mês, após manifestar uma pancreatite, Rogério veio a óbito. De acordo com Renata, Rogério jamais ficara doente. 

“Foi no dia 23, véspera do Natal, Rogério chegou na mamãe, por volta das 9h45, com uma dor muito forte no abdômen. Dr. Aloísio esteve em casa e descartou qualquer possibilidade de infarto e o encaminhou a um clínico geral que, depois de um ultrassom abdominal, constatou que ele estava com a vesícula cheia de pedras”. 

“Diante do quadro, completa Renata, os médicos disseram que era  um caso cirúrgico e o encaminharam para Uberaba, devido a falta de uma UTI na Santa Casa, caso necessitasse após a cirurgia. Em Uberaba, ele foi operado no Hospital São Domingos, mas só três dias depois. Sua pressão baixou muito e, nas primeiras 72 horas teve que ficar sedado, mas ele foi melhorando”. 

O estado de Rogério complicou novamente no dia 31, quando apresentou um quadro de febre e, na manhã seguinte, os médicos pediram autorização à família para submetê-lo a uma nova cirurgia.

“Diante de uma decisão dessa, que tínhamos de tomar, entramos em desespero, mas sem jamais perder a fé, claro. E autorizamos. 

Correu tudo bem e  ele foi encaminhado novamente para a UTI e foi se recuperando, porém ele contraiu uma pneumonia e a partir daí o quadro foi só se agravando...

 Na quinta-feira, 12, quando estivemos no hospital, ele estava muito mal, vindo a falecer no dia seguinte”, conta emocionada. Ressaltando a atenção e carinho do hospital uberabense, agradeceu as orações,  a presença e manifestações de carinho de todos os amigos e familiares.  

 

Terezinha, uma pessoa inesquecível 

 

Terezinha Rosa de Souza, 82, faleceu no dia 14 de janeiro, no  hospital São Paulo em Ribeirão Preto, onde estava internada desde o dia 29 de dezembro, para tratar de uma pneumonia. Trasladada para Sacramento, dona Terezinha foi sepultada no domingo, 15. 

Viúva de José Rouxinol,  Terezinha deixa os filhos Adailton (Aidê), Edna (José Luiz) e Cezário (Maria Helena), sete netos e três bisnetos. 

Terezinha era uma grande mulher exemplo de meiguice, amizade, cativante. Vizinha do Jornal ET (quase em frente), sempre a víamos na janela, cumprimentando um e outro, olhando a vida passar... De acordo com a filha Edna, a mãe era exímia cozinheira, dona de uma memória prodigiosa, conhecia todo mundo e adorava contar piadas e cantar todos os estilos de músicas. Uma pessoa inesquecível.

 

Uma rosa chamada Terezinha

 

“Mas que bobagem, as rosas não falam”, dizia mestre Cartola na mais imortal de suas canções.  Mas esta rosa falava, sim. E falava muito. Falava sempre e pela vivência e personalidade muito forte era sempre a última a falar, com razão e plena autoridade. 

Terezinha Rosa era a expressão de ternura e bondade. Primou, sempre, por disseminar toda a experiência que a escola da vida lhe ensinou, espalhando bondade e praticando a forma mais lídima  da caridade. 

A família era seu bem mais precioso, bem que fazia questão de exaltar sempre. A família que soube criar, a um só tempo com mão forte e imensa ternura. 

Terezinha foi uma mulher extremamente religiosa, de fé inabalável e devota fiel. 

Mãe Terezinha. Vó Terezinha. Bisavó Terezinha. 

Com certeza o céu a recebeu com muita pompa e hoje o paraíso já deve estar mais organizado e divertido. 

Querida Terezinha Rosa, de todas, a rosa mais perfumada. Já se torna insuportável a falta que você nos faz, mas é enorme o lenitivo do conforto de ter usufruído do legado da sabedoria de seus ensinamentos exemplares. 

Receba o carinho de nossa sincera homenagem.  

Seus familiares

 

Batuqueiros da XIII de Maio prestam homenagem a Bugrinho

 

Celso Rezende de Menezes, 54, Bugrinho, morreu na madrugada da segunda-feira, 16, por volta das 2h30, vítima de infarto, enquanto dormia. Velado por familiares e um grande número de amigos, Celso foi sepultado às 19h, após receber as preces evocadas pelos amigos espíritas  e homenagens do clube XIII de Maio. O tesoureiro e carnavalesco da escola, Luiz Alberto Silva, acompanhado de alguns diretores, colocou sobre o féretro de Bugrinho a bandeira da Escola e, na saída para o sepultamento, um grupo de batuqueiros saudou o grande amigo do clube com a cadência ritmada de um samba e, à entrada do cemitério, repicaram com toda força, emocionando a todos.

Celso deixa a esposa Viviene e os filhos Carla (Veterinária)  e Vitor (estudante de Administração) e um profundo vazio entre os amigos e sobretudo os familiares e seu pai seu Juca Gomes, 97, pra quem fazia companhia todas as tardes.  

 

O primeiro infarto foi aos 28 anos

 

Funcionário aposentado da Cemig, desde 2004, de acordo com a filha Carla, Celso  foi vítima de infarto três vezes, sendo a última fatal. “Papai tinha 28 anos quando teve o primeiro infarto, eu tinha apenas um ano. Fez tratamento e veio se cuidando, mas teve um outro infarto o que o obrigou a se afastar do serviço até que se aposentou em 2004. Fez dois cateterismos, só que era hipertenso e tinha o triglicérides  muito alto, mas sempre se cuidou. Papai esteve no cardiologista na semana passada e estava  bem”, conta. 

Ainda de acordo com Carla, Celso fazia o regime necessário e caminhadas diárias. “Papai era cuidadoso, não era de comer muito, evitava gorduras, não bebia. Só uma coisa, ele havia parado de fumar, mas depois voltou, e fumava cigarros de palha”. 

No domingo 15, era o final de semana de Celso fazer companhia ao pai, conforme alternava com os irmãos. “Ele foi, estava bem e satisfeito com a melhora do vovô. Diariamente, também, à tarde, ele ia ficar com vovô até que a pessoa responsável chegasse para passar a noite.  Conversavam, jogavam truco e lia muito também. E de lá retornava pra casa. Mamãe disse que naquele dia, ele ficou lá conversando, tranqüilo. 

Conta mais a filha Carla que naquela noite ele chegou da casa do pai pedindo à esposa que gostaria de comer macarrão com frango. “Mamãe preparou o que ele pediu. Ele tomou banho, jantou  e foi ver TV. Mamãe foi dormir e depois ele. Mamãe disse que acordou com ele dando um gemido forte. Ela perguntou se ele estava sentindo alguma coisa e ele deu outro gemido e, imediatamente, ela tentou uma massagem cardíaca, mas viu que ele estava acabando. Mamãe foi muito forte, estava sozinha com papai. Não sei como arrumou forças de ligar pra ambulância e o meu tio, Tapira, que chegou rápido. Mas papai não resistiu.

 Aliás, papai era muito nervoso, agitado, mas desabafava, não guardava pra ele não. Mas naquela semana ele estava muito calmo, estava bem. Só que, agora é que a gente para pra pensar. Ele estava diferente, calmo demais, e falava mais também sobre a morte”. 

Sua vida, segundo a família, foi vivida para fazer amigos, para fazer o bem, para cativar as pessoas.  Natural da cidade Tapira, filho de José Gomes Menezes (Juca) e Messias (falecida), Celso mudou para Sacramento aos 17 anos, junto com os pais e os irmãos Antônio (Tapirão), Ailton, Célio e Dalma. 

Celso,  segundo a filha Carla, abraçou o Espiritismo há bastante tempo e foi exemplo.  “Papai era muito ativo na religião, abraçou o espiritismo e trabalhava muito,  gostava do que fazia. Todo domingo ele ajudava nos almoços em Conquista.  Trabalhava muito em prol do Lar São Vicente de Paulo, Ajudava toda segunda-feira na chácara da Heigorina, nos passes às pessoas idosas, doentes. Papai era muito dedicado aos amigos, à família e como pai era o melhor do mundo, sempre buscou o melhor para nós e eu era a jóia dele, como ele dizia. Vai ser duro suportar a ausência. Só Deus pra nos aliviar” 

 

Celso tinha o coração verde-branco

 

Uma das grandes paixões de Bugrinho, depois da família era o clube Treze de Maio, do qual foi diretor por um triênio, junto com o seu irmão Celinho. Mas o amor de Celso pelo Clube nasceu bem antes disso, talvez tenha sido  logo que chegou a Sacramento aos 17 anos. de acordo com a filha Carla, Bugrinho tinha paixão  pelo Treze de Maio, “ele falava a 'minha escola”. Ele  dizia que quando morresse não queria choro, queria a sua bateria tocando”, conta. E assim foi. Celso teve o corpo coberto pela bandeira verde e branca e a camisa do Carnaval 2012; a saída do velório foi marcada por um samba e o cortejo,  marcado pelo compasso do surdo. Na porta do cemitério, a apoteose. O clube entregava à terra e a Deus o seu sócio atleta...

Anderson de Oliveira, som, após os funerais de Celso, fala da perda para o clube “o Treze de Maio perde um grande companheiro. O Bugrinho foi um dos grandes diretores que já passou pelo Treze de Maio, fez um excelente trabalho e hoje como sócio atleta é fanático pelo clube. Não fizemos mais do que nossa obrigação em homenageá-lo. Temos a certeza de que onde ele estiver de que ele estará torcendo pelo clube”, afirma.