Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Glauciele vai jogar na Romênia

Edição nº 1691 - 06 de Setembro de 2019

A atleta sacramentana de vôlei, Glauciele Martins, 28 embarcou nessa quarta-feira 4  rumo à Bucareste, capital da Romênia, de onde segue até Medjidia, para incorporar-se à equipe de vôlei da cidade e viver mais uma temporada da divisão especial que disputa o campeonato europeu de vôlei. Esta não é a primeira experiência europeia. Glau como é conhecida,  já jogou na Espanha (Logroño, 2017), e em Portugal (Clube Kairos, 2018). 

Para Glau, a experiência é muito válida. “Vale a experiência. Jogar fora do Brasil é sempre uma experiência nova. A gente cai muito, mas aprende muito também, porque é tudo muito diferente e, apesar de a gente ter mais responsabilidade, temos mais visibilidade e oportunidades. No Brasil, o nível do voleibol é muito alto e muito exigente, mas há a questão de que a atleta tem que  se destacar muito para ter uma oportunidade  de jogar aqui no Brasil”. 

Comparando, Glau diz que no exterior, há mais oportunidades. “Como o investimento no exterior é muito alto, as oportunidades são maiores e melhores. Obviamente, eles esperam resultados, mas o trabalho no Brasil, sem dúvida, é muito diferenciado. Por isso, temos equipes de ponta reconhecidas internacionalmente. Agora, se for colocar na balança, pelas experiências que já tive eu continuo indo para fora do Brasil”, avalia, reconhecendo que a saudade dos familiares machuca um pouco.

“A saudade dos familiares é muito grande. E é claro que essa falta conta muito, mas a valorização conta muito também, assim como a qualidade de vida e a forma como a gente é tratada fazem a diferença. Então, é difícil estar longe, abrimos mão de muita coisa, mas essa é uma das exigências do esporte. A gente passa por isso, mas ganha muito também”, reconhece, destacando que, entre as duas primeiras experiências na Europa, gostou mais da Espanha, mas em relação ao aprendizado, Portugal foi muito melhor, porque era uma equipe cheia de brasileiras e o técnico também era brasileiro. Lá pude aprender e aprimorar muito, ajudada também pelo idioma”. 

Na Romênia, a língua oficial é o romeno, que tem muitas características com outras línguas românicas, como português, espanhol, italiano. O romeno é falado por  85% da população e o restante fala o húngaro, o turco e o ucraniano e uma minoria fala o alemão. E nessa Babel Glau vai ter que se virar com o inglês básico que tem, com a vantagem de que o inglês e o francês são as duas línguas estrangeiras ensinadas nas escolas.

 E se confessa muito motivada. “Estou tranquila e muito motivada. Quando voltei da temporada em Portugal vim focada em me preparar, principalmente, fisicamente, que é o que me dá estabilidade para começar bem a temporada. Isso é muito importante, a motivação e a persistência no trabalho sempre vencem”. 

Embora esteja de férias em Sacramento desde junho, Glau garante que não ficou parada. “Estou sempre me movimentando, me preparando fisicamente, por isso vou começar bem a temporada que vai até maio”, garante, se despedindo, ao lado da técnica que a revelou para o mundo, a Profa. Maria Bethânia Silva Melo.


Paixão pelo vôlei nasceu em 2003

A vida esportiva de Glau começou em 2003, quando Bethânia assumiu a direção técnica do voleibol sacramentano, no governo do ex-prefeito Nobuhiro Karashima, que culminou, depois de três anos, num elenco de grandes revelações e numa sucessão de títulos regionais, estadual e brasileiro, com 'As meninas de ouro'. Entre elas, atletas como Camila Brait, Elis, Glau, Sarah que se revelaram no vôlei brasileiro...

Antes de chegar à Superliga, Glau passou por equipes mineiras e paulistas, além de quatro temporadas na Seleção Brasileira, nas categorias infanto, juvenil e sub 20. “De 2006 a 2009, sempre estive na seleção brasileira”, contou Glau em entrevista ao ET, às vésperas de embarcar para Romênia, depois de passar as duas últimas temporadas na Europa.

No Brasil, a carreira vitoriosa da ponteira sacramentana de 1,87m passou pelo Catiguá (Patrocínio), Praia Clube (Uberlândia), Osasco, Franca, Piracicaba, São Caetano, Sesi, Pinheiro e Araraquara (SP), Makenzie (BH) antes de chegar ao seu primeiro time no exterior, o Logroño,  na Espanha, em 2017, e em Portugal, no Clube Kairos, no ano passado. E, agora, aos 28 anos, inicia mais uma experiência na Europa.

 

 Técnica Bethânia se sente realizada

 

Feliz por Glau assinar mais um contrato de temporada na Europa, a técnica Maria  Bethânia também falou ao ET. “Fico muito feliz, realizada e até emocionada, porque ao mesmo tempo que a gente quer que vá, quer que fique. Mas a história da Glau é muito bonita. É uma história de garra, de superação, mas de muito talento. Fico feliz por vê-la tão animada e bem cuidada. Ela se cuidou muito bem nas férias, está fisicamente impecável e com certeza ela vai fazer uma super temporada”, almejou.

 De acordo com Bethânia, embora tenha 28 anos (completos em 1º/08), Glau está longe de ser uma veterana. “Ela é experiente, já rodou bastante, passou por muitas equipes, Superliga  e outras competições importantes e ainda tem muitos anos pela frente uns sete, oito anos no vôlei, no mínimo, pois poderá ir mais,  se continuar se cuidando tão bem”, avaliou, confirmando que a atleta está preparada.

 “Glau está preparada para enfrentar a temporada, pela experiência de dois anos fora do Brasil. E está supermotivada e motivação é tudo, com ela tudo fica mais fácil”, diz a professora, negando-se a dar algum conselho. “Ela já recebeu todos. Glau é uma pessoa especial no vôlei, tem muito talento e agora é fazer jogos bonitos. Ela esteve jogando conosco aqui e nos brindou com a beleza do seu voleibol”. 

Questionada o que tirou Glau da Seleção Brasileira, Bethânia explica que o esporte no Brasil é muito restrito. “São escolhas dos técnicos que estão no momento. Enquanto o Rizola esteve à frente da seleção, apostou nela e lá ela ficou cinco anos e mais um ano no sub-23. Mas quando chega na categoria adulta, fica muito difícil, porque além da disputa ser grande,  a seleção tem várias atletas veteranas que ocupam esse espaço, o que não deixa de atrapalhar a entrada de atletas mais jovens”. 

Afirmando que deposita toda esperança em Glau, diz que “ela tem um talento maravilhoso e que poderia estar integrando nossa Seleção Brasileira adulta, mas são escolhas dos técnicos. O potencial dela é incrível e ela vai poder jogar muito voleibol ainda”.

Finaliza, cobrando notícias da atleta. “Ela pra mandar  notícia é terrível,  a gente tem que ficar cobrando. Este ano vou ficar no pé e ela vai ter de mostrar como é a  Romênia, notícias dos jogos e se ela encontrar um conde Drácula por lá, pode dar notícia também” (risos).