ET - Vamos compor esta entrevista na forma convencional do 'Lead' jornalístico: o quê, quem, quando, onde, como e por que... Então, vamos lá:
O que você foi fazer nos EEUU com tanto lugar bonito por aí, já de cara, fazendo proselitismo contra Trump e seu império?
Ruth Gobbo – O lugar mais bonito do mundo é onde se encontra um filho. Concorda? E te digo que EUA foi o lugar mais bonito durante essa temporada (rs), pois havia ido ao encontro de meu único filho, Cainã, que estava morando na Flórida há três meses. Sobre ascensão do império de Donald Trump, na condição de imigrante, prefiro aplaudir e canonizar Obama, com sua máxima renovação política, após o ruído de dois mandatos de George Bush.
ET - Quem estava a sua espera, quem te convidou, quem te deu serviço, quem te comoveu e quem você amou?
Ruth – No processo de transição, adaptação e colocação pude contar com duas pessoas incríveis, a prima Priscila Araújo Afonso e Chrystiane Fornalizer Colle, amigas que levarei para sempre. É inquestionável que somos um aprendiz ao longo do tempo, as pessoas que passam no percurso comovem, acrescenta e ficam. Sempre acho genial conhecer pessoas e suas histórias. Desta vez, em outro pais, com tempo pude exercer o jornalismo para rascunhar as histórias destas novas pessoas que esbarrei. É tudo muito intenso, sou comunicadora, e adoro esta mágica. Sou também geminiana e gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo –nem sempre concluo tudo. Tudo é movido a paixão e emoção. Assim foi a minha viagem sem planejamento (rs). Tirei férias do meu trabalho na Fundação Cultural de Uberaba e embarquei para ver o filho e ajudá-lo na mudança para New Jersey. Uma viagem inesquecível onde cruzamos a costa Leste dos Estados Unidos numa indelével companhia de mãe e filho. Já dá pra saber quem amei. E amei tanto que fui na intensão de passar um mês e fiquei um ano com ele. Um ano cravado, já respondendo o 'quanto' foi enriquecer para mãe e filho.
ET - Onde você esteve, por onde passou, ficou...
Ruth - Começamos pela Flórida, onde Cainã estava e depois fomos subindo de vagar, na mudança dele para Nova York. Nessa rota passamos pelos estados da Georgia, as duas Carolinas, Maryland, New Jersey, Pennsylvania e Nova York, tendo como 'porto' fixo uma cidadezinha próxima a NY, West Long Branch.
ET - Como você se virou se mal sabia o 'The book is on the table'?
Ruth - Sabia o também 'How do you do?... (risos) . Ah, eu usei o inglês do Coronel das aulas da prof. Virginia, mas contei também com um bom intérprete. E de graça, que já falava o inglês fluente aqui no Brasil. Cainã foi um cicerone de primeira. Mas, às vezes, sozinha, passava por momentos mais complicados. Mas nada que a dificuldade da língua representasse um problema maior, por conta dos aplicativos do mundo virtual. É como surfar em uma grande onda. Tudo se torna mais fácil e acessível.
ET - Por que decidiu pelos EEUU com tanta coisa boa por aí?
Ruth - Antes de 2015 era avessa aos EUA. Após conhecer a Flórida, essa curiosidade me instigou a conhecer o país, assim como pela vontade de me aprimorar na fotografia... ter publicações jornalísticas no nos Estados Unidos para, no futuro, aplicar o visto de artista. Esse foi o ponto de partida para opção USA. No ano seguinte voltei pelo Brazilian Eyes com foto premiada na publicação do livro. E, em 2018 até junho de 2019, continuo traçando as publicações, como colunista internacional para duas revistas. Sendo uma no Michigan, Joli En Style, a outra de Uberaba, a revista, Mulheres.
ET - O que publicou?
Ruth - Minha primeira publicação na Joli, foi uma matéria sobre a Camelback Mountain Resort - estação de esqui, na Pensilvânia. O convite veio pelo editor da revista que me conheceu no New York Couture Fashion Week, onde estava fotografando. O material agradou tanto que o convite para fazer parte da edição seguinte foi logo em seguida. Já tenho outras publicações, que também me fizeram crescer na confiança. Nessa última edição, assinei a matéria de capa da revista. Como colunista internacional, há um ano nos EUA, aprendi que temos que apostar no material, a imprensa interessa por tudo que acontece em NY.
ET - Na revista Mulheres...
Ruth – Foi um presente da queirda editora Cidinha Coimbra. Estar fora e continuar publicando em Uberaba, cidade onde tenho meu Studio de Photo, foi extraordinário. A revista Mulheres apostou na Ruth Gobbo, e mostrou a cada edição a evolução de minha fotografia como colunista internacional. Melhor! Tudo em espaço maravilhoso para revelar as tendências da moda de NY.
ET - Do Lead, partimos para a experiência daquilo que você:
te acresceu... Profissionalmente.
te entusiasmou... segurança
te extasiou... NY
te envolveu... A técnica dos fotógrafos norte-americanos.
te apaixonou... Central Park.
te enlouqueceu... A ausência do sol durante o inverno.
te modificou... A fotografia fashion.
te trouxe de volta?... Meus pais, o melhor que tenho do Brasil.
ET - Pra finalizar, o que rege essa questão de um profissional 'turista', no tempo em que permanece no país, exercer a sua profissão, porque a maioria se engaja, mesmo é no subemprego, não é?
Ruth - Não tenho conhecimento profundo sobre o assunto, nem o que rege... Mas, no meu caso, como jornalista, o país permite que eu trabalhe sem diploma reconhecido. Sei que, profissões da área da saúde, médicos, dentistas; engenheiros, arquitetos... além de outras profissões, eles são obrigados a passar por um curso para obter o credenciamento e validar seu diploma. Sobre o subemprego, é realmente uma realidade. Eu mesma me virei nessa atividade, pois o trabalho profissional no exercício de sua profissão, de início, é muito difícil.
ET - E garrou no trampo do subemprego?
Ruth – Claro. Fiquei assim, de princípio, no subemprego, enfrentando as oportunidades como babysitter, passeadora de animais, house cleaner (doméstica diarista) e como web-designer, fazendo criação de marcas para cartões de visitas... Enfim, como diz o brasileiro, o trampo que aparecesse, a gente enfrentava em troca de US$ 150. Percebi que esse tipo de serviço faz parte da cultura norte-americana. O 'negócio' é capitalizar, economizar e voltar... Quem vai pra ficar um, dois meses, tudo bem. Mas eu permaneci um ano. Então, entrei na onda.