Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Paulistana exalta E.S. XIII de Maio em sua tese acadêmica

Edição nº 1210 - 18 Junho 2010

A paulistana, Juliana  Hoffmann Rodrigues, concluiu  a monografia do curso de Turismo da Universidade Paulista, que trata do carnaval sacramentano desde suas origens e tem como título, “Carnasacra – Símbolo de resistência negra e objeto de manifestação popular”

Na justificativa, Juliana explicita o tema como uma forte manifestação cultural na cidade de Sacramento. “Uma manifestação que leva grande quantidade de turistas de vários estados, mas principalmente do estado de Minas Gerais, da região do Triângulo Mineiro para a cidade, nos dias de desfile. Primeiramente, a pesquisa faz uma análise crítica sobre essa manifestação, por ter se transformado em fenômeno de massa, com a banalização das músicas e do comportamento dos foliões (que alugam casas próximas a avenida Visconde do Rio Branco onde o desfile é realizado, transformando-as em repúblicas onde se reúnem os amigos e fazem sua festa particular), com as fantasias de luxo e a falta de mobilização da população local para atendimento aos turistas que visitam a cidade durante o período de desfile”, escreve.

Para a realização do trabalho, sob a orientação do professor Doutor, Juarez Tadeu de Paula Xavier, Juliana fez várias viagens a Sacramento entre janeiro e junho de 2009, realizando uma minuciosa pesquisa através de entrevistas e em livros, jornais e revistas constantes no Arquivo Público e arquivos particulares, dentre eles, o jornal O Estado do Triângulo (1968 a 2009), onde Juliana permaneceu vários dias.

Dentre os entrevistados está Antônio Claret Scalon, Amir Salomão Jacob, presidentes de escolas de samba, Túlio Marcos Anselmo da Costa, Ruth Barbosa Guimarães, residente em São Paulo, (irmã de Conceição a pioneira no carnaval local), que contou-lhe  suas reminiscências do carnaval a década de 190.

Juliana esteve em Sacramento também nos cinco dias do Carnaval 2009. “Estive presente na avenida, registrando todos os momentos e observando atentamente cada detalhe. Assim, foi possível fazer um relatório com os pontos negativos e positivos de sua realização”, escreve, anotando que “a Escola de Samba 13 de Maio deixou de ter predominância negra em sua composição, tanto nos destaques da escola como nos temas utilizados neste período, mas a presença dos negros ainda é marcante e a memória dos tempos passados retoma um papel fundamental para a construção de sua identidade e busca constante por seus valores na sociedade”, afirma. 

Após referir-se ao jubileu de ouro da Escola  13 de Maio, Juliana  conclui, ressaltando a transformação do carnaval “de famílias negras, das marchinhas e cordões, em busca de alegria e divertimento”, para dar lugar aos “temas populares, utilização de fantasias de luxo e a permissão de entrada de indivíduos não negros para dar tamanho e 'peso' a esta perante a comissão julgadora do carnaval. Ao dar “status” ao carnaval de rua, não só a diretoria do clube deixa de se posicionar perante o seu ideal de origem, mas a própria comunidade negra passa a exercer o papel de cidadão socialmente mais participativo e esses passam, assim, a acreditar na democracia multicultural como forma de agregação dos valores pertinentes a comunidade negra e não negra, dando características de fenômeno de massa à esta manifestação”.