Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

FLAR mostra três dias de arte e cultura na roça

Edição nº 1650 - 23 de Novembro de 2018

O Festival de Literatura e Arte na Roça (FLAR 2018), organizado pelo Instituto Cultural Leopoldina Geovana de Araújo, sob a coordenação e direção da família Mello, na fazenda Santa Maria, de 15 a 17 de novembro, reuniu muita arte e artistas, tais como o Terno da  Guarda de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, que fizeram a abertura no dia 15. No sarau, poetas e contadores de causos, músicos e alunos da Escola Coronel, dirigidos pelo professor Walmor Júlio Silva.

 

 O Varal das Letras abriu a sexta-feira 16, reunindo reuniu poesias e textos de autoria dos presentes, apresentação de Folia de Reis, culto ecumênico, com a benção da Capela, pelo pároco, Pe. Antônio Carlos Santos, e seguiu durante todo o dia com teatro, documentários, roda de conversa, Oficina Vovozagem, dança circular, histórias e causos de Santa Maria, Oficina Céu da Roca, ao entardecer e terminando com Sarau

O sábado, já em ritmo de 'quero mais', recomeçou às 10h com o tema, Família na Roça, seguindo com várias atividades e palestras e, a partir das18h, encerramento  com o musical, 'Encontro Músicas da Alma'. 

Ao avaliar o Festival para o ET, a família Mello falou da alienação e da necessidade de voltar às origens. “Nunca pensamos que fazer um festival de literatura e arte na roça fosse tarefa fácil. Primeiro, porque nós brasileiros lemos pouco. Lemos pouco porque não somos incentivados, lemos pouco porque nossas escolas não dão tanta importância à leitura e lemos pouco, porque em nosso país a televisão da sala vive ligada. Em Minas Gerais, não é diferente. Uma das hipóteses pode ser porque temos uma cultura ligada à arte culinária, ao artesanato e à tradição oral, à contação de causos. Também temos uma religiosidade forte, que exige de todos um convívio mais associado à fé e à devoção, com leituras dirigidas à essa finalidade”, observam.

 Afirmam mais os coordenadores que há um outro aspecto a se considerar: “Quando a pessoa sai da roça e vai para a cidade ela se "desconecta" da terra. Vemos isso acontecer com frequência, já que muitos de nós vivemos em metrópoles”, ponderam e  destacam a necessidade da volta às origens. 

“- Só que hoje, adultos, temos necessidade de  'voltar às origens' e uma vontade grande de resgatar nosso passado. Então, boa parte de nós está fazendo o caminho de volta. Uns para se reestabelecerem no campo, como nossos pais e tios, e outros para voltarem de tempos em tempos em busca de ar puro”. 

Finalizam, reconhecendo que fazem uma avaliação sincera e sentido uma maior presença do público. “A organização do FLAR teve a sensibilidade de reconhecer e respeitar tudo isso, a nossa cultura, o que trouxe certa magia ao evento. Este é um balanço sincero, desses dias em que estivemos juntos. Mais uma vez sentimos falta da presença da gente desta terra. 

Porém, sabemos que tudo na vida é processo. Já que o mineiro é desconfiado, ainda vamos levar um tempo para convencer o pessoal do entorno de que vale a pena conversar, recitar, cantar e dançar, tudo envolto numa atmosfera de valorização da cultura e das tradições locais. Devagarinho, uma hora o grande público aparece. Por enquanto vamos treinando e nos preparando para quando essa hora chegar... Tudo o que já conseguimos, em apenas dois anos, nos enche de orgulho e alegria. Agora é começar a planejar a próxima, em 2020”.

 A família finaliza agradecendo a todos os que deram a sua contribuição: professores, poetas, músicos, autores teatrais, escritores, terapeutas, jornalistas, fotógrafos, autoridades, Prefeitura e à Secretaria Municipal de Cultura e visitantes. E deixam registrado, também,  o apoio financeiro de algumas empresas da cidade.