Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Bebel de volta ao Brasil

Edição nº 1411 - 25 Abril 2014

Bolsista do programa do Governo Federal, Ciência Sem Fronteira, na área de Engenharia Mecânica, a acadêmica, Maria Isabel Caldeira Henrique, Bebel, 23, retorna ao Brasil depois de um ano e meio na Alemanha, primeiro como estudante, depois como estagiária da Bosh, que veio completar o sonho de estudar no exterior. 

Durante um ano, Bebel ficou na Universidade de Magdeburg, capital do estado da Saxônia-Anhalt e os outros seis meses (setembro de 2013/fevereiro de 2014) em Bamberg, fazendo estágio na Bosch GmbH. 

Estudante do quinto ano do curso de Engenharia Mecânica, na Universidade Federal de Itajubá, uma das  referências em cursos de exatas no país, Bebel atrasou o curso um ano e meio, mas, segundo sua avaliação, valeu a pena. “O que aprendi, compensa qualquer atraso, porque  meu intuito era cursar as matérias que não existem no Brasil e ter acesso à tecnologia e pesquisas adotadas na mecânica alemã. Desde março retornei á Unifei para 

concluir o curso”. 

 

‘A gente aprende a valorizar mais o Brasil

Para Bebel, esse um ano e meio fora do Brasil foram muito proveitosos, pois aprendeu  muito, inclusive a valorizar o Brasil. “O valor que a gente dá para Brasil  quando volta é outro. Lá vivi uma cultura muito diferente da brasileira. O alemão tem pontos muito fortes na questão da seriedade no trabalho, na organização e pontualidade. Eles são excepcionais, tudo funciona bem, de  governo a  polícia. Tudo muito organizado, sem corrupção, só que falta o que há no Brasil: pessoas solidárias, povo alegre, calor humano, a oportunidade de conversar com as pessoas, tudo isso nos faz gostar do Brasil.

 Some-se a isso, os recursos naturais, que temos de sobra e que faltam por lá”, analisa.

Bebel avalia também a universidade brasileira como mais abrangente do que a alemã. “Temos no Brasil uma formação mais abrangente, enquanto lá, apesar de ser excelente, de alto nível, a pessoa tem formação especializada num único ramo. Isto é, a pessoa sai formada em Engenharia Mecânica especialista em motores, ela não vai saber trabalhar, por exemplo, ar condicionado, uma bomba de ar. Ao contrário, na Unifei saímos  com um conhecimento geral do veículo, isto é com um domínio completo do veículo, com um conhecimento amplo. Mas ainda assim gostei demais da experiência, o nível de pesquisa deles é muito alto. Vejo que o Brasil precisa desenvolver, levar mais  a sério as pesquisas nesse campo”, explica. 

De acordo com Bebel, a parceria entre a iniciativa privada e universidades é muito grande, destacando a contribuição de estudantes no desenvolvimento de designer. “A empresa se desenvolve com o auxílio da universidade e vice-versa, por isso o nível de pesquisa é bem maior. Enquanto eles já estão aperfeiçoando os motores, no Brasil, estamos iniciando as pesquisas”. 

Outra importância dada pelos alemãs, segundo a universitária, é com relação à energia renovável. “Eles estão anos luz á frente, cada vez mais investindo nesse tipo de energia eólica e solar, com implantação de ilhas no mar para aproveitar os ventos e levar energia para o país. E é uma coisa que não é impossível de se fazer no Brasil, basta querer e desenvolver”.

 

Destaque para o interesse da Bosh para que Bebel permanecesse e o convite para voltar quando concluir o curso. “Pelo programa Ciência Sem Fronteira eu tinha que voltar, mas a Bosh queria que eu ficasse e me convidou para voltar. Mas, eu disse que é um caso a pensar. Disse-lhes que quero concluir o curso. Pretendo trabalhar, mas quero seguir  para o mestrado e quero fazer as duas coisas juntas: trabalhar e estudar. Mas,  o contato com a Bosh está aberto, e o bom  é que no Brasil há várias unidades da empresa”

 

A oportunidade de conhecer outros países

Nesse período de estudos e trabalho, dada à flexibilidade de horários, Bebel pôde desfrutar do lazer e principalmente viagens. Falando fluentemente alemão e inglês, Bebel visitou mais de 20 países na Europa central, no leste europeu e oriente, chegando à Tailândia. “Na Europa tudo é muito perto então deu pra visitar vários países Itália, França, Inglaterra,  Espanha, todo o Leste europeu: Bulgária, Romênia, Grécia. E o interessante é que os países são muito perto uns dos outros, mas a cultura e a língua são  muito distintas. Essa viagem me valeu não só pelo conhecimento científico como cultura.  Foi muito enriquecedor. E, um dos meus pesares foi não chegar até a Rússia. 

 

Bebel é  filha do bancário Marcelino Henrique e da professora. Maria Andreia Brigagão Caldeira.