Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Maria Abadia, a garota ET de 1978

Edição nº 1126 - 01 Novembro 2008

A jovem de 16 anos, Maria Abadia Loyola, foi a capa do jornal O Estado do Triângulo, na edição comemorativa dos 10 anos do jornal, em 1º de novembro de 1978. “Simplesmente abafou o carro alegórico dos 10 anos do ET, em saudação a Sacramento, no seu 108º aniversário. Parte inegável deste prestígio ficou por conta da menina lindérrima de olhos verdes, que é Maria Abadia Loyola, trajando-se como jornaleiro. No traje de Abadia pode-se notar o imenso bom gosto da costureira Maria Madalena Devós Ferreira, sem dúvida alguma a mestra da costura em Sacramento. A roupa foi confeccionada em veludo preto e cetim. E muito bom o trabalho do jovem pintor Cairo Gomide, o Carioca, retratando perfeitamente o logotipo do ET”, descreveu Alberto de Souza Vieira, em sua coluna, Lero Lero Social, naquela edição.

 A garota da capa, ao lado de seu sempre simpático marido, o prof. Elvani Pavanelli recebeu o ET para recordar os bons tempos da adolescência naqueles 'anos rebeldes', em meio a toda conturbação do mundo na música, na política, na cabeça da sociedade. Tempo dos primeiros hippies, tempo de lutar pelos direitos civis, de lutar para a transformação do mundo... 

Com surpresa, a ainda bela Abadia reviu a  menina de 16 anos nas páginas do jornal impresso há 30 anos e se supreendeu. “Parece  que o tempo não passou”, disse numa boa gargalhada. “É sério, amadureci nesses 30 anos, mas é  o ritmo normal da vida. A mentalidade da Abadia daquele tempo, é diferente da dos jovens de hoje. Sinto que eles não viveram aquele processo de nós construirmos tudo. Hoje, recebem pronto, eles não sabem vivenciar uma coisa muito intensa, é tudo muito rápido, descartável, supérfluo. Eles têm uma participação, vibram, querem as coisas,  mas eles aprenderam diferente”, diz  Abadia, com conhecimento de causa, de quem trabalha na orientação educacional do Colégio Rousseau. 

Segundo Abadia, a sua geração viveu mais o marasmo político da época do que propriamente a rebeldia. “A minha geração não pegou muito aquela coisa forte, aquele processo já estava se diluindo. Pegamos mais aquele marasmo político, ditado pela revolução de 1964. O momento mais intenso que vivi foi nas 'Diretas já', eu já estava na Faculdade, mas não me envolvia muito, não era muito atuante”. 

A fim de garantir uma participação mais cidadão dos jovens, a pedagoga fala do trabalho desenvolvido no colégio, ressaltando os valores, segundo Abadia, hoje tão mal aplicados. “Nossos jovens não têm muitos líderes em quem se espelhar, não há um referencial, por isso precisamos trabalhar o jovem, ele como agente de transformação da sociedade e o jovem corresponde, só que pára ali, vejo-os muito mais como vítimas do sistema, do que alienados”.

Sobre os 40 anos, Abadia diz que o jornal alcançou uma vitória. “Vocês são vitoriosos por manter um jornal com qualidade de informações durante tanto tempo. Numa cidade muito pequena, com Internet, é vitorioso conseguir isso. O Jornal é referência para mim” – elogiou.