Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Feliz Ano Novo

Edição nº 1708 - 03 de Janeiro de 2020

Queremos Te dar graças, Senhor, pelo Ano Velho, porque mesmo que não tenha sido um Feliz Ano Velho, aprendemos que na generosidade, na bondade, na paciência e no perdão é possível superar a mentira, o ódio, o desamor e alcançar um Ano Novo de Paz, serenidade, verdades e esperanças.

Então, queremos Te dar graças, pelo Ano Novo.

Porque o Ano Novo costuma ser uma festa de arromba, evocando aqui uma velha canção... mas graças Te damos, Senhor, pelo silêncio que deve existir em nós para ouvir a voz que vem de Ti.

Porque o Ano Novo tem cara de renovação, de expectativas, sonhos... mas Te damos graças, também pelo marasmo e solidão, momento precioso em que a consciência se mistura a alma e ao amor.

Porque o Ano Novo é promessa de resistência, de luta e conquistas... mas Te damos graças, pela covardia e timidez que nos fazem primeiro errar para depois regurgitar as maldades e encontrar o caminho das bem-aventuranças.

Graças Te damos, Senhor,

Porque o Ano Novo tem cheiro de roupa nova, de celular novo, de carro novo... mas Te damos graças, pelo blue-jeans surrado, o velho violão e ideias antigas que nos mostram a singeleza da humildade e virtudes herdadas.

Porque o Ano Novo tem convocações, chamamentos retumbantes de novas plataformas digitais... mas Te damos graças, também pelo monjolo que se move no rego d'água, pelo homem do campo que nos alimenta, pela enxó que aparelha a madeira e nos dá lições de simplicidade.

Porque o Ano Novo é para muitos a luz que clareia os negócios, os milhões e trilhões do capital excludente...  mas Te damos graças, também, pelas trevas e escuridão, recôndito de nosso eu iluminado nos ensinando que tudo é vaidade das vaidades.

Graças Te damos, Senhor,

Porque o Ano Novo é sempre escrito com letras bonitas, góticas, desenhadas... mas Te damos graças, pelos rabiscos dos brochurões, pelos grafiteiros que parodiam a arte com graça e esplendor na sutileza crítica estampada nos muros da existência.

Porque o Ano Novo é como um anjo que entoa hinos de alegria e de esperança... mas Te damos graças também por todos que não tocam, nem cantam, nem sonham, pois deles vem o exemplo para aprender amar os indiferentes.

 Porque o Ano Novo chega com força, vigor destemido, de armas nas algibeiras na pretensa justiça da ordem e do julgamento... mas Te damos graças, também, pelos humildes, esfarrapados, bandidos da ignorância que, distantes das oportunidades e do saber, se sucumbem à margem da vida.

Porque o Ano Novo chega cheio de presentes e dádivas divinas para os homens de boa vontade... mas Te damos graças, Senhor, por nós, ativistas viandantes desta grande Casa Comum maltrapida, devastada, queimada, que guerreira, resiliente embala com ternura a humanidade.

E, finalmente, Senhor, queremos Te dar graças...

Porque o Ano Novo chega com o Dia Mundial da Paz, a branca Paz da pomba, sem manchas, saciando os famintos de pão e esperança... 

E se graças ainda sobrarem neste Ano Novo, Senhor, Te damos graças...

Pela Sagrada Eucaristia aqui presente há 200 anos, transubstanciada desde Hermógenes a Ricardo nesta Capela Basílica 

Pelos primeiros desbravadores aos cidadãos e cidadãs de hoje, da cidade e do campo.

Pelos homens e mulheres de todas as raças, de todas as cores e todos os credos, e de todas as tendências políticas, ideológicas, e de todas as preferências hetero e homoafetivas.

E pelos que ainda alimentam o seu ódio com discriminação, preconceito e mentiras.

Que todos nos encontremos sob esta Cruz bicentenária, neste altar do Santíssimo Sacramento, nos altares todos desta Sacramento dividida, nos altares da Casa de Oração, da Igreja Anglicana, das Igrejas pentecostais, nos cultos e Casas Espíritas, despojados de todo o ódio, nus de todos os ressentimentos e vazios de toda vaidade, intolerância e orgulho...

Para, verdadeiramente, termos um Feliz Ano Novo. (WJS)