Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Aos mestres, com carinho

Edição nº 1383 - 11 Outubro 2013

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, falemos dos professores. O professor da bola, o professor da escola. Um tratado a pão de ló, outro que dá dó. O da marca penal da cal; o do pó de giz no nariz. O que sai do estádio protegido pela polícia, o que é arrastado na rua sob força bruta, covarde e sangrenta. Não proponho que haja uma inversão de papéis ou valores, por mais que seja cutucado pelos dedões invisíveis do populismo. Proponho apenas isonomia de tratamento no país do futebol.

Sim, meu caro Dunga, não está fácil para ninguém, tu sabes o que é ser demitido pelo amor da tua vida, o Colorado, tu sabes o que significa essa bola nas costas, tu sabes o que representa o pé na bunda. Tu sabes mais ainda como foram importantes os primeiros professores em Ijuí e alhures. Que tu relaxes, que tu não guardes mágoas, que tu saibas que não vale morrer do coração à beira do campo, pianinho, velho e valente volante, como nos ensinou o Benito de Paula.

Continuemos no rincão gaúcho, amigo Tite, bem sabes que te gosto e não é de graça, viste o que fizeram com os professores no Rio de Janeiro, meu caro? Um horror, coisa de um governo Mobral, seu Cabral, falta de Paes na terra aos homens de boa vontade, e que me desculpem todos pelas rimas óbvias, trocadilhos mirins e imagens biblicamente populares. Sou o mais óbvio, pedagógico e rasteiro dos homens quando trato de injustiças primárias.

É, seu Jayme de Almeida, aprecio o seu jeito no mundo, coisa de homem bem-educado que conduz o Flamengo, uma nação, régua e compasso, modo de homem que teve bons mestres e carinho materno. Seu Jayme, que covardia bater naqueles que nos ensinam as primeiras letras, cada porrada é como se fosse em dona Heroína Taveira, minha primeira professora, lá no Sítio das Cobras, escola municipal Furtado Leite, Santana do Cariri, seu Jayme.

Por falar em sensatez, o papo agora é com Oswaldo Oliveira, homem que tem muito a ensinar aos brutamontes, cara que sabe que o futebol é linguagem que diz além das quatro linhas demarcatórias da peleja.

Imagina seu Telê vendo toda essa ignorância. Logo ele, um detalhista. Imagina. Ah, meu chapa Gilson Kleina, você, mais do que ninguém este ano sabe o que é cair e dar a volta por cima, você sabe que essa ideia de superação se aprende, sim, na escola, jamais em livro fuleiro de autoajuda.

Estamos tratando de sensatez, certo? Então cheguem juntos Ney Franco e Marcelo Oliveira, professores de tantos meninos. Venha cá, seu Cuca, mostre para o mundo a força do giz, a força do Galo.

Dedico esta crônica ao professor dos professores, da bola ou da escola, o mestre Paulo Freire, aquele que sabia, como na canção nada populista, que o cipó de aroeira sempre volta no lombo de quem mandou dar.

Xico Sá