Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Ver no outro a figura do Cristo

Edição n° 1259 - 27 Maio 2011

O Pe. Sérgio Márcio de Oliveira, de Tapira, no sermão proferido na noite de quarta-feira,25, na Igreja Matriz de Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, cuja festa se celebra neste dia 31 de maio, comoveu os fieis que lotavam aquele templo. De tudo o que o sacerdote pregou, pode-se concluir, numa frase: 'Quem não pratica o amor, não vive o evangelho, em outras palavras, aquele que não ama não conhece a Deus'. 

Ao expor a sua homilia, dramatizada com uma equipe de jovens do Grupo João Paulo II, de Araxá, Pe. Sérgio fez ver que devemos ter compaixão para com o próximo. A tradução literal do grego para o português dessa palavra quer dizer: "sentir com...", em uma linguagem mais coloquial, ser com, se sensibilizar com outra pessoa.

Foi o que não se viu durante a celebração eucarística daquele dia. Fazendo parte do enredo de seu sermão, fez circular, mesmo antes do ofício religioso começar, uma pessoa travestida de mendigo que, vez ou outra, se assentava em um dos bancos, onde outros devotos já se encontravam,  provocando em muitos uma inquietante atitude que ia do medo ao repúdio.

Em posição mais estratégica para acompanhar o ato religioso, só me dei conta da figura ‘indesejada’ do mendigo, quando uma jovem senhora próxima ao lugar em que me encontrava, manifestou o desejo de ir falar com o pobre homem que se arrastava no templo com um chapéu enterrado na cabeça cabisbaixa. Naquele ímpeto, porém, foi advertida pela amiga ao lado: “Não vá, é uma pessoa estranha, pode estar com uma arma sob aqueles trajes. A TV está mostrando isso todos os dias” – acabando por persuadir a samaritana, que queria ajudar o esfarrapado.

Para surpresa geral, no final da pregação do celebrante, o mendigo se dirige do fundo da nave até a escada do presbitério de braços abertos e ali, ajoelhado, se despe dos andrajos, desenrola uma longa túnica, coloca uma vasta cabeleira e com um manto púrpura sobre os ombros sobe as escadas do presbitério e se vira para o público, que assistia a tudo meio atônito, transformado numa imagem viva da figura do Cristo. 

A pregação foi feita. A lição foi dada. Recado mais direto, impossível. Devemos ter compaixão para com os nossos irmãos, e quando possível ajudá-los, colocando suas dívidas em nossas contas como fez o Senhor entregando seu filho unigênito para salvar quem Nele crê (João 3:16) , e também Cristo, que sacrificou sua carne no madeiro para propiciação dos nossos pecados. 

Nesses tempos de individualidade exacerbada, de violência gratuita na TV, a desconfiança não faz mal a ninguém. Tem por isso razão a experiente senhora que advertiu a amiga. Na verdade, o que ela queria dizer, em outras palavras era: 'Devemos lembrar, sim, da presença de Cristo na figura do próximo, como na epístola de Paulo a Filemon'. Mas um pouco de cuidado, não custa nada. Nem é pecado!

 Maravilha de sermão! 

(WJS)