Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

A Cabana

Edição n° 1253 - 15 Abril 2011

_ Do homem e de suas dores físicas e espirituais que o colocam no cerne do questionamento existencial, norteando seu jeito de se posicionar nas relações com seu semelhante e com os fatos da vida que, muitas vezes, não encontram guarida em respostas objetivas do viver terreno.

_ Desde o aparecimento de uma doença terrível, como também do vazio espiritual que espreita e vive no mais profundo da alma insana, ou do calvário de um sangramento perene que teima em não secar, deixando aberta a ferida indelével pela perda brutal e bárbara de entes queridos, vítimas da violência abissal causada pelo animal humano.

_ Das inúmeras perguntas sem respostas aparentes até a tentativa de explicar – ou melhor, de sentir, ou viver – a divindade, o divino, e o mistério de um amor trino, e ao mesmo tempo uno, e ao mesmo tempo tudo, que se posta na origem da vida. Amor este que se fez carne em dor para que seu povo pudesse ser resgatado para a luz de uma esperança que brilha e que nunca se apaga.

_ Da lição de amar de forma incondicional, da grandeza da alma, mas também da aceitação e compreensão da pequenez e da limitação dos seres imperfeitos que somos.

_ Da quebra de paradigma na caracterização de um Deus-mulher de pele negra, de um espírito de luz de feições incas, e de um Cristo-homem didaticamente fantástico.

_ Da forma bonita e sutil de se buscar restaurar nos corações os verdadeiros valores do Cristianismo, que esquecidos vêm a tempos, agindo na contramão de uma atualidade vulgar, inepta e inócua que, cientificamente, tenta negar a existência de Deus.   

_ Do reflorir da vida no transbordamento do reconforto do amor mais puro e límpido expresso em uma visão exuberante, e até certo ponto, sofredora, de como Deus se relaciona com a humanidade.

Estes são alguns motivos pelos quais convoco aqueles que ainda não leram, para que leiam o livro intitulado “A CABANA”, do escritor WILLIAM P. YOUNG, editora Sextante, que já ostentou o vértice da lista dos mais vendidos do THE NEW YORK TIMES.

Trata-se da história de um homem que quando criança foi vítima, juntamente com a mãe, da violência de um pai alcoólatra que os espancava frequentemente quando da rua chegava embriagado.

 Após uma surra que quase lhe custou a vida, o menino resolveu tomar uma atitude extrema, colocou veneno em todas as garrafas de bebida do pai, escreveu um bilhete para a mãe, e partiu. Mas mal sabia ele que a pior dor ainda estava por vir.

De uma infância roubada, à constituição de uma bela família; de uma tragédia familiar, à revolta contra o criador; de uma dor incessante e sufocante, ao reconforto da libertação em Deus, vale a pena ler esta obra bonita e instigante desenvolvida de forma sublime.

Alguns, em certos momentos, poderão achar um pouco cansativo, ou até mesmo chato, os primeiros diálogos do protagonista com os seres intangíveis, mas as lições esposadas no decorrer da leitura, a beleza das situações e das soluções encontradas pelo autor no afã de explicar assuntos pertinentes à fé, poderão, com certeza, levá-los às lágrimas.

Assim, caminhemos até o final do cais, retiremos os sapatos e as meias e coloquemos os pés na refrescante água do rio e, bem... Vocês irão entender.