Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Uma festa para a Mãe

Edição n° 1226 - 08 Outubro 2010

A devoção a N.S.Aparecida tem tudo de simplicidade, daquela que Deus gosta. É a descoberta de uma imagem quebrada, seguida de uma abençoada pesca. A gente do povo organizou-se para celebrar os louvores de Deus na oração à Virgem Maria, a Imaculada. Não se trata de uma aparição, mesmo sendo chamada de Aparecida. Ela não disse nada, como nas aparições que conhecemos. Ela é a palavra que explica tudo: “Fazei tudo o que Ele disser” (Jo 2,5). A Imagem apresenta um doce sorriso. Ela deu oportunidade de o povo sorrir. A gente humilde sorriu quando viu o peixe abundante. Sorriu quando caíram as correntes do escravo e quando a ceguinha gritou ao ver a capela.

O povo sorri com lágrimas quando a contempla em seu Santuário. É o mesmo sorriso do povo libertado pela rainha Ester. É o mesmo que sorri quando toma o vinho novo, obtido pela intervenção de Maria. Maria é a face da bondade misericordiosa de Deus. Esta é grande Palavra de Deus no santuário: “Vinde a mim vós todos que estais cansados e fatigados e eu vos darei descanso, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,28)”. 

O grande milagre é devolver as pessoas à vida com alegria e esperança de um mundo melhor, tanto no coração como nas atividades de cada dia. Em Caná, Maria, percebendo a situação do povo e, não querendo que o constrangimento estragasse a alegria dos noivos, intercede diante do Filho como Ester intercede diante do rei Assuero.

O Santuário, mesmo sendo mariano, é centrado na pessoa de Cristo. É o Cristo que oferece o vinho novo do Reino, chamando a construir um povo purificado das maldades e apegado à verdade do Evangelho, discípulo e missionário. O vinho jorrou numa festa de casamento, simbolizando a união do povo com seu Deus. 

Esse amor deve crescer e constituir a família de Deus que tem no coração o amor de Nossa Senhora. O romeiro vai feliz à casa da Mãezinha, para agradecer graças e pedir.          

O povo de Deus, perseguido, como lemos no Apocalipse (Ap 12,1-16), por seguir Jesus, tem em Maria o socorro sempre pronto. Essa é a sua missão, depois que foi “vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de 12 estrelas na cabeça” (Ap 1,1). O sofrimento do povo, descuidado por seus chefes, é acolhido pela Mãe que oferece, não só milagres (estes existem), mas soluções: uma vida digna de fé, fraternidade e serviço de socorro aos necessitados. 

Não ama Maria quem não segue o Evangelho do amor que Jesus praticou e nos oferece a viver. Nossa Senhora não nos oferece um milagre pessoal, mas coloca em nossas mãos a capacidade de fazer milagres de transformação da realidade, como rezamos na pós-comunhão: “Dai ao vosso povo, sob o olhar de N.S.Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada dia para a construção do vosso reino” 

 A humanidade une-se à prece de Maria que reza ao Pai, para que o Filho estabeleça sempre mais no meio de nós, um reino de justiça, paz e amor. A oração da Missa pede que “o povo brasileiro, fiel a sua vocação e vivendo na paz e na justiça, possa chegar à pátria definitiva”. 

Por isso rezamos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte!”. Se Maria reza por nós, rezemos uns pelos outros para vivermos melhor como povo brasileiro e povo de Deus. A celebração de N.S.Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, é um elemento de integração nacional das raças, culturas, tendências políticas e religiosas, para formar um povo unido a seu Senhor.