Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

A inesquecível saga de uma mulher extraordinária

Edição nº 1213 - 09 Julho 2010

Uma menina negra, simples e humilde, extremamente pobre, foi entregue a um casal muito religioso e temente a Deus, senhor Amadeu Jerônimo e D. Luiza, que não tiveram filhos e carinhosamente, adotaram a pequena e sofrida ALBINA com apenas três anos de idade.Foi criada por eles e educada de acordo com suas posses, transformando-a numa moça religiosa, recatada e muito trabalhadeira, plenamente dotada de incríveis dotes culinários. ALBINA viveu sua infância e juventude com os pais adotivos, a quem devotava imenso amor, abnegação e sobretudo, gratidão.

Já moça, enamorou-se do jovem José Honório, sue único namorado, com quem casou-se e trouxeram à luz, duas filhas: Maria José e Terezinha. Porém, talvez por força do destino, o esposo a abandonou com apenas oito anosde casados, deixando-a sozinha, sem recursos e  ajuda, para criar suas pequenas filhas que então contavam com quatro e oito anos de idade.

Mas, com sua coragem, força e fé, logo conseguiu emprego de serviçal na Escola Sinhana Borges, de onde tirava todo o sustento e educação de suas filhas, conseguindo inclusive, a  formar a mais jovem no magistério. Em 1995, aposentou-se,  encerrando sua vida pública reconhecidamente pelas diretoras, professores e alunos, como funcionária exemplar, responsável, atenciosa e carinhosa com todos que a rodeavam.

ALBINA deixou um grande legado de exemplos a todos que trabalharam ao seu lado, registrando uma importante página na história da EE Cel.José Afonso de Almeida, onde ainda jovem também foi discípula da inesquecível D. Aracy Pavanelly e na Escola Sinhana Borges. Aposentada, nossa querida e inesquecível ALBINA sentia-se feliz e gratificada por ter dado tudo de si àquelas duas escolas, que foram grandes razões de seu viver. 

A partir daí, deu início a uma nova jornada em sua vida de muita luta, sofrimentos e trabalhos. Eis que nessa época, com seis netos ainda pequenos, Giovani, Thamirys, Bruno, Breno, Karen e Stephany, pelo grande amor que sempre devotou aos mesmos, sentiu-se na obrigação de ajudar a criá-los e educá-los.

Uma mulher embora simples e humilde, que sempre pautou sua vida no equilíbrio, mediação, espírito de servir  e cuidar sempre da família. Silente, porém, sempre pronta a levar um gesto de amizade, união, desprendimento, abnegação, através de seu trabalho, a todos que necessitavam, objetivando que o convívio com suas filhas e netos acontecesse de maneira amigável, saudável e tranqüila.

Para atingir essa difícil missão de seu ideal, ALBINA desdobrava-se dia e noite no trabalho,fazendo suas deliciosas galinhadas que se tornaram famosas na comunidade, lavando e passando roupas para várias pessoas em sua própria casa, além de realizar faxinas semanais em residências particulares, sem jamais deixar de prestar seu generoso auxílio por mais de trinta anos, na cozinha de diversas festas religiosas da comunidade.

Era assim o modo de viver a vida, de nossa querida “BINA”, com muito trabalho, simplicidade e humildade. Esse era o seu modo de ser e agir e por isso era rica de amizades, carinho, dedicação e sempre cercada de inumeráveis amigos. Pois, a maior riqueza do homem é aquilo que nossa inesquecível ALBINA conseguiu conquistar: a amizade e o carinho de todos que com ela tiveram o privilégio de conviver.

Ela foi a mulher extraordinária, companheira, amiga querida de todas as horas e  de todos os momentos, sempre feliz, alegre e sorridente, a quem tive a alegria e a graça de tê-la como uma segunda mãe, por quem tive uma veneração especial e uma ligação extremamente espiritual, a quem amava profundamente e que lamentavelmente, agora nos deixou um grande vazio no coração  e uma saudade imensa!

Por isto, tenho a certeza de que por todos os seus gestos praticados em vida, minha querida “BINA” já se encontra na morada eterna, à direita do Pai, iluminando a sua família e a todos nós que a amamos, porque ALBINA era o AMOR, a BONDADE e a GENEROSIDADE em pessoa!

 

Descanse em paz, “BINA”... e obrigada por tudo!

 

Ivone Regina

Advogada e Conselheira