Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Jesus teve compaixão

Edição nº 1169 - 04 Setembro 2009

Quando os apóstolos retornaram de sua primeira experiência apostólica (Mc 6.6-13), “reuniram-se com Jesus e contaram tudo que haviam feito e ensinado” (Mc 6,30). Podemos perceber a atenção de Jesus escutando as narrativas da experiência pastoral de seus “meninos”. A compaixão de Jesus não significa só cuidado dos sofredores, mas é também a capacidade de estar junto e escutar cada um. Referindo-nos a sua compaixão para com o povo, aprendemos que sua metodologia na pregação é a capacidade de amar de coração. Os evangelistas colhem esse sentimento que move Jesus em seu ministério. 

Foi isso que aprendeu do Pai que O enviou ao mundo. Sua missão é mostrar o coração do Pai aberto a todos. Por isso,  no momento de sua morte, seu coração é aberto pela lança para significar que, por aí, temos acesso ao Pai. Jesus convida os discípulos a saborear, na solidão do descanso, as delícias de seu ministério. Vão descansar com Ele e Nele: “Vinde a um lugar deserto e descansai um pouco (v.31).

Lembremo-nos que um dos temas da Escritura é entrar no descanso de Deus (Hb 3 e 4). O repouso não é só não ter o que fazer, mas é ter a capacidade de acolher os que necessitam de repouso: “Saindo de toda as cidades, correram a pé e chegaram lá antes deles” (Mc 6,33). O que vai repousar o apóstolo será a compaixão que vêem em Jesus.

O povo sofrido, refugiava-se nos desertos para fugir das violentas atitudes e Herodes que há pouco matara João Batista (Mc 6,11-29), e corria para Jesus. Deus é o meu repouso. Não poderemos jamais repousar tranqüilos se a compaixão não nos leva a acolher os sofredores. Não nos dói o coração ver tantos povos distantes do amor de Cristo? Para trabalhar com o coração é preciso o repouso no Senhor. Por isso, a compaixão será um privilégio do apóstolo. “Os que choram serão consolados” (Mt 5,5).

 

Ele é nossa paz

Paulo proclama que a missão de Jesus é unir os povos e romper com toda a divisão. No templo havia divisão entre os homens judeus e os pagãos. Jesus aboliu a separação. Essa atitude de Jesus faz dele a Paz. Quando levantamos tantos muros e fazemos tantas leis e decretos, colocamos fora os amados de Cristo, os abandonados. Entre os abandonados estão os que não têm fé. Cristo quer unir e reunir.

Sentimos que tantos pastores do povo, tanto na sociedade civil como na religiosa, dispersam as ovelhas. São incompetentes na missão de promover paz. A profecia de Jeremias provoca a esperança de um pastor, descendente de Davi, que reinará como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. Naqueles dias Judá será salvo e Israel viverá tranqüilo”(Jr 23,5-6). Podemos realizar esta esperança dos povos. Felizes os que promovem a Paz porque serão chamados filhos de Deus. (Mt 5,9).

 

Ser pastor em Cristo

Cristo é o bom pastor. Todos os que anunciam ou dirigem o povo de Deus são pastores, mas em Cristo. Ele continua de pastor. Quantas ovelhas perdidas pelo mundo enquanto os pastores engordam e se refestelam à custa de sua lã e seu leite. Jesus fez o contrário, deu a vida o sangue para que todos tivessem vida. As autoridades são chamadas a serem pastores do povo. Agradarão a Deus se praticarem a justiça (Jo 10,10). Sem isso, sua autoridade não tem consistência. 

Cada Eucaristia é uma oportunidade de nos concentrarmos no único necessário e assumir nosso lugar no mundo e ser sustentados por Ele. Ser líder do povo de Deus é ter sua compaixão. O abraço da paz na Eucaristia promove a compaixão, a paz e missão do bom Pastor de conduzir às águas tranqüilas (Sl 22,2).

Leituras: Jeremias 23,1-6; Salmo 22; Efésios 2,13-18; Marcos 6,30-34