Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Obama: ‘É hora de sonhar novamente o sonho americano’

Edição nº 1127 - 09 Novembro 2008

A superpotência da economia mundial, postura que teima em manter, apesar da crise financeira que os avassalam, os Estados Unidos da América mobilizaram todo o mundo no último dia 4, o dia que segundo o cineasta afro-americano Spike Lee, poderia marcar o inicio de um novo tempo “A partir desse 4 de novembro dividiremos a história de um modo diferente. Será antes de Obama (aO) e depois de Obama (dO).”

Repórteres de todo o mundo acotovelavam-se à cata das mais novas e melhores informações. Até por aqui, os jovens estudantes se empolgaram. Na quarta pela manhã davam notícias da eleição americana.  Dentre eles, é claro,  os pró Obama e os pró Mc Cain  “Mc Cain é melhor para o Brasil.”, “Obama não é tão conhecido, não tem história”, esquecendo-se de que a história cada um faz a sua. 

 A maior crise financeira americana, depois de 1929 ficou em segundo plano, E Obama foi eleito o 44º presidente dos Estados Unidos. Em seu primeiro discurso, após eleito,  para uma multidão no Grant Park, às margens do lago Michigan, em Chicago, às 3h00 da manhã (horário  do Brasil) Obama iniciou dizendo “Se alguém aí ainda duvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta”, disse e frisou  “A mudança chegou à América'”. E reconhecendo as dificuldades porque passam os Estados Unidos,  pediu união “nossa escalada vai ser íngreme. Nós não chegaremos lá em um ano nem em um mandato, mas, América, eu nunca estive tão esperançoso como nesta noite em que nós estamos aqui. É hora de sonhar novamente o sonho americano” – E repetiu várias vezes - "Yes, we can" (sim, nós podemos)”, um dos lemas de sua campanha. 

A eleição de Obama é histórica, por vários fatores, mas o principal deles, foi a forte segregação racial que os Estados Unido viveram e pregaram durante várias décadas e que começou a ser legalizada por iniciativa de alguns estados, pouco após a abolição da escravidão, em 1865, com o fim da Guerra Civil Americana. 

E deu muito pano pra manga... Com as emendas na  Constituição (13ª e 14ª), os negros tiveram a escravidão abolida e ganharam, na teoria, a representatividade igual à de um cidadão branco. Mas, 15 anos após, a partir de  1880 e 1890, começaram a surgir leis que separavam brancos e negros em tudo. Quem nunca ouviu falar das escolas para negros e brancos. Cada raça no seu bairro, no seu cinema, nos transportes próprios para cada raça. Quem nunca ouviu falar da famosa Ku Klux Klan, organização que defendia a restauração da supremacia branca no país...

Por outro lado, há os famosos embates e combates pela garantia de direitos e o fim da discriminação racial, como o da famosa Rosa Parks, o ícone de Montgomery, em 1955 e Martin Luther King, que baseando-se na  idéia da resistência pacifista de Gandhi e nos pensamentos de Henry David Thoreau, que defendia o direito a desobedecer leis injustas e más, lutou e nos deixou como herança o famoso discurso em 1963 “I have a dream”. Luta que lhe rendeu o prêmio Nobel da Paz, em 1964, quatro anos antes de ser assassinado.  Esse fatos por certo ilustram a importância histórica da eleição de Obama. 

Mas o governo não será diferente pelo simples fato de ele ser o primeiro negro a governar a nação mais rica do planeta. O governo será diferente, porque na visão de cientistas políticos, “Obama é melhor para o mundo e para o Brasil por ser mais democrático e negociador”, defende o professor da FEA-USP Carlos Eduardo Soares Gonçalves.

Nas opiniões de todo o mundo vê se muita esperança, não  só  na resolução das questões sociais estadunidenses, mas sobretudo das questões  com o meio ambiente por serem os EUA, a nação  mais poluidora do mundo, das  relações internacionais, afinal vivemos num mundo globalizado, (e quem não tem os próprios pés caminha de bengala),  do estreitamento de laços, de relações amistosas com as nações orientais e tantos outros desafios.  

... O mundo espera um governo diferente, um bom governo de Obama para o bem do mundo. 

Barack Hussein Obama assume a Casa Branca em 20 de janeiro de 2009,  fortalecido não apenas pela vitória esmagadora, mas pelo controle dos democratas no Congresso.   

 

(Fontes: Folha Online, G1, Folha de São Paulo, O Globo)

Maria Elena de Jesus é professora na Escola Estadual Coronel José Afonso de Almeida,  pós-graduada em  Língua Portuguesa e Literatura