Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Agência de viagem

Edição nº 1124 - 19 Outubro 2008

Ainda sobre as eleições em Sacramento em 2005 devemos nos preparar para os seus desdobramentos. A máxima de que “voto não tem preço, tem conseqüências” ficou constatada na última reunião da Câmara Municipal. Com raríssimas e honrosas exceções os vereadores aprovaram o pagamento de diárias aumentando o gasto do Legislativo e sobrecarregando o orçamento do município com reflexos negativos em áreas e projetos que implicam em direitos do cidadão.  Como não existe mágica em matéria orçamentária e para cada “despesa”é necessário uma “receita”a aprovação das diárias para os vereadores, implica na redução de investimento e custeio do transporte coletivo ou de alunos, na redução da merenda escolar, implica inclusive em prejuízo nos setores onde a saúde e a vida devem ser preservadas. Para quê as viagens? Para que telefone, internet e correio? Onde fica a correspondência institucional reguladores das ações legislativas? Afinal a Câmara é de vereadores ou de deputados?

O sistema representativo, no qual o vereador tem prerrogativas de votar leis, ficou sob suspeita, aos olhos do trabalhador sobrecarregado por uma carga tributária pesada e injusta. Nesse momento de carência no atendimento médico-hospitalar, de inanição do ensino profissional e de outras mazelas administrativas a Câmara vota e aprova uma resolução que inflaciona o orçamento do município de forma incompreensível. 

Insensibilidade e oportunismo seriam os termos adequados para uma Câmara de vereadores corporativista e pouco inteligente que aos poucos sufoca a paciência do cidadão comum cumpridor de seus deveres. A classe política não goza de boa reputação na sociedade. Atitudes perdulárias e impopulares de aprovação de recursos para fazer nada, aumentam a descrença das pessoas e reforçam conceitos pejorativos da instituição que tem todos os requisitos para ser aberta , representativa, democrática, operante e austera com os recursos que detém. 

O termo “agencia de viagens” utilizado na plenária por vereador inconformado é pouco para a instituição em crise pela ganância e pela falta de espírito público da maioria dos vereadores da atual legislatura. Infelizmente a retaliação só pode vir em 2012, ou até a indignação das pessoas de bem o antídoto para situações assim seria a participação ativa da população nas sessões da Câmara Municipal. Com a presença constante do povo no processo legislativo certamente  teremos um parlamento municipal menos ruim e mais responsável. Sacramento merece esta consideração.

(*) C.A.  Cerchi foi eleito vereador pelo Partido dos Trabalhadores em 05/10/2008