Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

PMS recupera estrada do Cafundó

Edição nº 1727 - 15 de Maio de 2020

A estrada do Cafundó, vicinal que parte de um entroncamento com a MG 428 (Sacramento/Franca) margeando a represa de Jaguara até o povoado de Jaguarinha, recebeu nos seus primeiros dez quilômetros um recuperação total, incluindo a abertura de um canal e assentamento de um tubulão com 2m de diâmetro para escoamento da água de um pequeno ribeirão que corta a estrada.

A obra foi entregue pelo prefeito Wesley De Santi de Melo, na manhã dessa quarta-feira 13, a dois representantes da região, o produtor rural, Kim Mateus e Aniceto, empresário que há 66 anos mantém um bar à margem da estrada. 

Na sua mensagem, o prefeito exaltou a importância daquela via, como uma das mais movimentadas do município. “Esta importante estrada serve aos produtores rurais proprietários de fazendas desta região e aos donos de ranchos e condomínios localizados na margem mineira da represa de Jaguara, além de servir de entroncamento para ligar a MG 428 ao povoado de Jaguarinha, através da serra da Bocaina, e à BR 464, estrada do Chapadão”, explicou, ressaltando que o recurso no valor de R$ 243.750,00, que serviu também para a compra de 13 mata-burros, foi viabilizado pelo ex-deputado federal Aelton Freitas, a quem agradeceu.

Sobre o ex-deputado, Wesley justificou sua ausência ao local por compromissos agendados anteriormente, e agradeceu o seu trabalho não apenas por essa obra, mas para a renovação junto ao Denit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) dos rercursos para continuidade da manutenção da BR 464.

“- Aelton, infelizmente, não foi reeleito, mas continua um político ativo e preocupado com as cidades da região. Foi graças a ele que conseguimos junto ao Denit a renovação do contrato com a empresa responsável pela manutenção da Estrada do Chapadão', BR-464, que liga o Sul de Minas ao Triângulo Mineiro, passando por São João Batista  do Glória, Delfinópolis e Sacramento, no valor de R$ 438.750,00”. 

Para a alegria dos moradores, o prefeito antecipou que, atendendo a projeto do vereador Luiz Devós, aquela estrada passaria a denominar-se José Mateus Gomes dos Reis, em homenagem a um dos primeiros moradores da região, avô de Álvares Mateus (Kim Mateus) e bisavô do vereador Luiz Devós, autor do projeto de resolução, lembrando que o homenageado foi quem abriu a estrada. 

“Foi ele, José Mateus, Mateus, que, a custa de picareta e enxadão, liderou a construção da estrada primitiva.  Nada mais justo que agora o seu nome denomine esta estrada”, disse, cumprimentando Devós pela iniciativa e aos servidores municipais responsáveis pela obra. 

Finalizando, o prefeito lembrou o apelo dos moradores da região para que a obra fosse realizada. “Agradeço pela preocupação dos moradores dessa região do Cafundó e até pela cobrança. A obra está aí, o principal problema foi resolvido, em que nas fortes chuvas rodava tudo”, afirmou, lamentando por fim a pandemia da Covid-19, que impediu os moradores de participar daquela simples cerimônia.

“- Oxalá essa pandemia passe logo. Junto a tantas mortes, tristezas, dor e luto, ela traz ainda o prejuízo na economia do município. O momento, porém, ainda é o de resguardar o isolamento social, o distanciamento, o uso da máscara. Com o trabalho das autoridades médicas e sanitárias e nosso apoio e nossas orações, vamos vencer”.

Representando a Câmara Municipal, o vice-presidente Edmilson de Souza Peres falou da importância da obra para os moradores da região, cumprimentou o prefeito e afirmou que a Câmara estará sempre dando apoio aos projetos que beneficiem o município como aquela obra. “Apesar dessa pandemia, prefeito, o momento é de lutar, de não abaixar a cabeça”, afirmou, agradecendo a todos. 

 

Bar do Aniceto completa 66 anos

Desde o início dos anos 50, o Bar do Aniceto serve toda aquela região do vale do rio Grande que se estende pelo chamado Cafundó. Não confunda com a expressão popular, 'Cafundó do Judas', porque a região é rica em produção rural e privilegiada pela beleza de duas represas, de Jaguara e Estreito, que inundaram vales e baixadas por entre as montanhas fazendo belíssimas lagoas. Nas suas margens estão abrigadas fazendas e ranchos lindíssimos. 
“Em 1954 começamos a trabalhar, eu não tinha 20 anos. Naquela época eu ia a Rifaina de bicicleta e trazia as mercadorias na garupa. Acabava aquela leva eu ia buscar mais: pinga e cerveja. As garrafas de cerveja vinha encapadas em palha de trigo. Ninguém aqui tinha carro motorizado, só carro de bois, carroça puxada a animal e eu tinha a bicicleta”, lembra Aniceto no alto de seus 83 anos.
“- O serviço era todo braçal. Abri o boteco logo depois que me casei. Trabalhei numa roça dois anos e decidi mexer com comércio e já são anos de balcão. Hoje vendo de tudo, inclusive gás”, recorda o comerciante, destacando que quando abriu o bar, a estrada era outra. “O trajeto foi mudado com a usina. A estrada antiga passava dentro do Águas do Vale, saía na balsa antes da ponte antiga que foi inundada. Eram duas balsas pra irmos à Rifaina. Hoje com esta obra ficou uma estrada muito boa. Agradecemos muito pela obra”.
 Aniceto agradece também pela sua longevidade e oportunidades que teve durante todo esse tempo. “Dou graças a Deus todos os dias pela oportunidade de estar trabalhando até hoje”. Há dois anos Aniceto perdeu a esposa Maria Concebida Vieira, que juntos criaram dez filhos. 
‘Tenho plano de saúde, mas sou muito melhor atendido pelo SUS de sacramento
Álvaro Gomes Mateus, o Kim Mateus (foto), cultiva não apenas a mesma idade de Aniceto, mas muito mais do que isso, cultiva uma grande amizade, que o levou a ser padrinho de Batismo de quatro filhos do comerciante.  “Nasci aqui no Cafundó. Meu avó, José Mateus Gomes dos Reis tinha fazenda aqui, meu pai Manuel Gomes Mateus nasceu aqui. Eu sou a terceira geração. As terras aqui pertenciam ao Eduardo Devós e a meu avô. Prá cima eram as terras do pai da minha mãe, João Mateus Tinoco. Nasci aqui e minha vida foi aqui. Saí uma vez pra administrar uma fazenda nas Águas Quentes e lá fiquei 12 anos. Quando ia inundar a fazenda com a represa do Estreito, mudei para Pedregulho e, quatro anos depois voltei para o Cafundó, onde comprei uma parte da fazenda que era do meu avô”, relata. 
Kim Mateus foi um líder na região. Alternava sua vida entre a fazenda e a cidade de Rifaina, onde tinha residência e foi vereador por 22 anos. Depois disso retornou de vez às terras mineiras. “Quando deixei de ser vereador, voltei pra lida aqui e transferi o título para Sacramento onde fui eleito vereador com mais de 400 votos, quase todos ali da região e de Jaguarinha. Depois, não quis mexer mais com política, não”. E para completar a história, um trechinho de um triste 'causo' de família. 
“- Há 70 anos, na fazenda do papai, mamãe foi picada por uma cascavel, ela tinha 39 anos. O socorro ficava longe, pois pra buscar remédio em Rifaina eram duas horas a cavalo a galope. Mamãe durou 23 horas. Já morta tiveram de carregá-la numa cama por 3 km porque não tinha outro meio, não tinha estrada. Ela deixou 11 filhos, o mais novo com um ano e meio”. 
Como um dos mais antigos moradores da região, Kim Mateus se sentiu na obrigação de agradecer pelas melhorias no lugar. “Em nome do pessoal da região, tenho que agradecer ao prefeito e aos vereadores, pelas indicações e pelas melhorias que trouxeram pra nós aqui. Essa estrada pra nós é saúde, porque numa precisão temos agora como sair daqui e ir em busca de socorro”, disse, elogiando o governo do prefeito Wesley. 
“- Eu acho que Sacramento nunca teve um prefeito que cuidasse tão bem da saúde como o Baguá. O que a zona rural mais precisa? Estrada e saúde. Taí a estrada do Cafundó e o SUS na cidade. Olha, vou dizer uma coisa. Pago R$ 1.600,00 pra Unimed, meu plano de saúde, mas sou muito mais bem atendido pelo SUS, em Sacramento”, frisou.
Tubulão - Falando sobre o obra, o engenheiro da Prefeitura, Sebastião Donadelli, explicou que a estrada foi construída num terreno muito ruim, cheio de pedras. Para isso, nos primeiros 5,5 quilômetros recebeu um embasamento de cascalho, corrigimos as áreas de drenagem e assentamos um tubulão para acabar com a água que empoçava numa baixada onde passa o córrego e inundava tudo. Toda chuva que caía levava embora o cascalho. O tubo tem mais de dois metros de diâmetro e vai facilitar o fluxo da água quando der enchente. Esta estrada vivia interditada, mas agora o problema foi resolvido”, explica.
Cafundó, região que mais gera divisas para o município
Coube ao vereador Luís Devós (foto) os agradecimento, não por ser vereador, mas por ser nascido e criado no local. Na sua mensagem, lembrou do trânsito de carros de bois e boiadas, vindas das comunidades rurais transportando a produção e materiais cerâmicos das olarias da região de Jaguara.  
“Os carreiros desciam com seus carros pelas serras do Palmital ou Bocaina trazendo seus produtos para o entreposto do meu avô, Eduardo Devós, que os despachava pela Mogiana para São Paulo”, disse, lembrando também do bisavô, José Mateus Gomes dos Reis, que contava as histórias do lugar, e da obra da Usina de Jaguara.  
“A chegada da Construtora Mendes Júnior, responsável pela construção da Usina de Jaguara mudou o regime tranquilo da região”, diz. Lembra Devós que a pitoresca estrada que serpenteava a margem mineira do rio Grande, numa planície, com a inundação do lago, foi transferida para onde é hoje, um terreno pedregoso, cheio de morro. 
“De lá pra cá são problemas todos os anos. Usina pronta, para encher o lago foi o maior impacto. Mudaram a estrada para um terreno montanhoso, deixando a antiga, que era em terras planas, margeando o rio e de fácil manutenção, debaixo d´água. Foi aí que o grande problema para a região começou. De estrada de carros de bois passou para automóveis; de estrada de fácil conservação para um terreno pedregoso, material de ruim compactação”, lamentou, agradecendo, em nome dos moradores da região, a obra, e afirmando que a região do Cafundó é uma das que mais geram divisas para o município, onde estão localizadas as usinas de Jaguara e Estreito.