Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O Carnaval na festa do bicentenário

Edição nº 1715 - 21 de Fevereiro de 2020

2011 – 13 de Maio é a campeã pelo quarto ano consecutivo

O rei momo Nelson Borges e a rainha Ana Flávia Miguel abriram os festejos ao som da Bateria 2000, que na oportunidade homenageou Marquinhos Botelho, Mirandinha e a coreógrafa Caprice Gonçalves. As baterias mirins da Unidos do Areião e a do 13 de Maio deram também um show. Completando o desfile do sábado, diversos blocos: 'Os Incríveis de Mé', que comemoravam a volta de seu fundador Dedé Dantas com toda a sua família; o 'Bloco da Alegria',  de Júlio Pucci; 'Os Lokos', do universitário Rodrigo Soares Macedo; 'As Virgens', idealizado por Alaíde Rodrigues de Melo e o 'Bloco da Elite', de Maxsuel Isaac e o 'Vai Quem Quer', do Dadi, encheram e animaram a passarela no sábado 

No domingo, cinco escolas de samba, Acadêmicos do Borá, Beija-Flor, Operários, Treze de Maio e Unidos do Areião, desfilaram sob chuva. A 13 de Maio foi a grande campeã com 298 pontos, dos 300 em julgamento, e conquistou os jurados enfocando o amor com o tema. 'Da chama da razão ao cenário da paixão', do carnavalesco Luiz Alberto da Silva. A escola só perdeu pontos em dois quesitos, comissão de frente e harmonia. Na premiação individual, levou 15 troféus, três deles com empate: comissão de frente, ala das baianas, porta-bandeira e mestre-sala com Geórgia Bonatti e Jean Rodrigo; bateria, passistas adultos com Eduardo Oliveira e Poliana Oliveira; passistas infantis, com os irmãos Júnior e Vanessa Sudário;  destaques infantis, com Alanis Beatriz e Stéfane de Oliveira; destaque adultos, com Thamis  Ohara, Maria Auxiliadora, Geovana Nogueira e Luiz Alberto da Silva;  e ala luxo  e beleza.

 Unidos do Areião foi a vice-campeã  com nota 276, com o tema 'Sonho e realidade de um malandro', da carnavalesca Maria Luiza Borges Santana,  homenageando os consagrados passistas, Rone Marcos e  Carlos Roberto da Silva (Tiola), ambos nascidos e criados no Areião (Perpétuo Socorro), longe da passarela há seis e dez anos, respectivamente. A escola conquistou também a premiação individual nos quesitos comissão de frente e passista infantil, com Gustavo e ala luxo e beleza. A  Beija-Flor que levou para a avenida, as 'Glórias do Egito' ficou com o terceiro  lugar.

 Acadêmicos do Borá desfilou sob o tema, 'Tróia: a história de Aquiles, mito ou realidade?', da carnavalesca Karine Ferreira da Silva e a Operários tematizando o 'Desemboque, berço do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e sul de Goiás', da carnavalesca Leila Maria de Melo. As duas escolas não concorreram ao título por descumprirem o regulamento, desfilando com menos de 130 integrantes. 

 Na avalição final por parte de vários entrevistados, inclusive, presidentes das escolas, apesar da chuva que tirou o brilho da avenida, foi um bom carnaval. 


2012 – Com 11 anos de 

fundação, Unidos do Areião conquista o sexto título 

A Unidos do Areião, pentacampeã desde 2007, chegou ao hexacampeonato em 2011, com um desfile impecável, conquistando 299,75 pontos ou seja, notas máximas em nove dos dez quesitos com o tema 'Circo – o espetáculo vai começar'. A escola conquistou também a premiação individual nos quesitos comissão de frente, ala das baianas, porta-bandeira e mestre-sala, três alas luxo e beleza e destaque feminino adulto.  

A 13 de Maio, com o tema, 'De leste a oeste, de norte a sul, uma viagem a um planeta azul', também com nota total em nove quesitos, foi a vice-campeã com 299,35 pontos. As duas escolas, Unidos do Areião  e 13 de Maio perderam pontos no coração da escola, a bateria. 'A Tsunami”, da 13 de Maio teve nota 29,35  e 'A Furiosa', da  Unidos do Areião, comandada pelo mestre Testa, nota 29,75.

A Beija-Flor classificou-se em 3º lugar com 268,7 e a Acadêmicos com 259 pontos. 

O desfile das campeãs na terça-feira, que tinha tudo para ser uma grande festa, terminou antes da hora, devido a um tumulto causado pelas próprias escolas.  Primeiro, a13 de Maio protestou contra o segundo lugar, depois de quatro títulos consecutivos, e desfilou com uma faixa de protesto, criticando os jurados.  

A Unidos do Areião encerrou o desfile da noite, como sempre, recebendo as premiações durante o desfile. Porém, terminada a premiação da bateria campeã, os ritmistas seguiram até em frente à arquibancada e ali começou o tumulto, que rendeu até BO, sendo necessária a presença de seguranças e da polícia para acalmar os ânimos e o desfile encerrou ali. Lamentável.

 Destaque-se, a presença do presidente Cesar Donizete de Oliveira e sua esposa, a carnavalesca Meire Idualte, da Beija-Flor, e de Nivaldo da Silva, da Acadêmicos do Borá, na avenida para receber  os seus  prêmios e prestigiar os colegas das escolas campeã e vice. 

Naquele ano, o carnaval sacramentano teve como tema, 'Personagens que fazem história' e, na oportunidade, a Prefeitura homenageou 16 personalidades que marcaram pela sua participação e trabalho a história do carnaval da cidade. Foram homenageados: Rei Momo Murilo;  as baianas  Eva, Maria Miguel e Izinha; destaques, Domingos, Meire Idualte e Reinaldão; os passistas, Tiola e Zezé; fundadores de escolas e blocos, Noninho (Maria Giriza), Mocidade Alegre (Avelu), Macalé e Azor; porta-bandeira Dalva; mestre de bateria, Mirandinha e o organizador do Carnaval, Antônio Claret Scalon (Polaco).  Cada homenageado recebeu um troféu com a sua caricatura, criação do artista Dênis Balduino. 

A inovação daquele ano ficou por conta da participação de músicos da Banda Lira do Borá, Thallys Bianchini (presidente da Banda), Waltinho Rios, Camila Souza e Daniely Oliveira que agitaram o público com as velhas marchinhas e frevos com o grupo da Bateria 2000, que acompanhou o Rei Momo Nelson Borges e as rainhas Jussânia (2012) e Ana Flávia Miguel (2011). Desfilaram também no sábado, as baterias mirins da Unidos do Areião e Treze de Maio e os blocos da 'Alegria', 'As Quase Virgens',   'As Robertas' e o tradicional 'Vai Quem Quer', que faz jus ao nome. O bloco vai passando, o público seguindo e a passarela se abrindo para a folia. 


2013 – 13 de Maio é mais uma vez campeã

Em 2013, a 13 de Maio ganhou mais um título, desta vez com o tema, 'Não só de glórias e triunfos pulsa o coração verde e branco', abordando vários temas de carnavais anteriores da escola. A escola presidida por Anderson de Oliveira obteve 293, incluindo a penalidade de dois pontos por atraso na passarela; a Beija-Flor, que desde 2003 vinha na terceira posição, foi a vice-campeã com o tema, 'Segredos'. E a Unidos do Areião com o tema 'Contos e lendas do folclore brasileiro', ficou com o terceiro lugar com 285 pontos e a Acadêmicos do Borá sob o tema, 'Aquarela Brasileira',  com 259,7  pontos. 

Na premiação individual, a 13 de Maio levou oito troféus.  Os demais foram para a Beija-Flor nos quesitos  porta-bandeira e mestre-sala e destaques femininos infantil e adulto. A premiação individual foi assim distribuída: 

A 13 de Maio ganhou os troféus nos quesitos comissão de frente, ala das baianas, porta-bandeira e mestre-sala, destaque masculino com Michel Rodrigo, bateria, passistas adulto com Rayane Monique e Wares Tadeu e infantil, com Júnior Sudário e Maria Eduarda.

Para a Beija-Flor, os troféus de porta-bandeira e mestre-sala com  Gabriey e Jose Ronan, destaque adulto com Nayane Oliveira, destaque adulto com Natália Galdino.

Houve contestações de resultados em alguns quesitos, por parte da Unidos do Areião, através d e seupresidente, Célio Gomes de Menezes, mas como sempre, não passou de reclamações, ficando o dito pelo não dito.

Naquele ano, no governo do prefeito Bruno Scalon cordeiro, estreou-se na avenida um trio elétrico. E como toda novidade é novidade, o povo aplaudiu e foi atrás do trio, fazendo jus a Caetano Veloso que cantou em 1969 a bela canção, “Atrás do trio elétrico / Só não vai quem já morreu...” E Ludymila comandando o axé foi um show a parte, com um dos carnavais de maior custo dos últimos anos. Oficialmente, disseram que o gasto foi de R$ 600 mil.

 

2014 – 13 de Maio conquista mais um título

2014 foi mais uma vez o ano da tradicionalíssima 13 de Maio, que conquistou mais um título somando 294,5 pontos, com o tema, 'Na visão do seu olhar, o show vai começar', vencendo oito dos 10 quesitos em julgamento.  A Beija-Flor foi a vice campeã com 288,7 explorando um tema já conhecido, 'Circo'. Há dois anos, a Unidos do Areião havia conquistado seu sexto título com o mesmo tema, 'Circo – o espetáculo vai começar'. A escola do Perpétuo Socorro venceu apenas dois quesitos: comissão de frente, porta-bandeira e mestre-sala. E a Acadêmicos do Borá ficou em terceiro lugar com 255 pontos.

A Unidos do Areião, que no dia 7 de janeiro daquele ano completou 13 anos de fundação, não desfilou, por conta da verba, não aceitando a subvenção de R$ 35 mil, (R$ 10 mil a menos que no ano anterior). E, se a  Prefeitura não voltasse atrás, não haveria desfiles. 

De acordo com o então presidente e um dos fundadores da escola Unidos do Areião, Carlos Roberto Gabriel (Tiola), o prefeito havia  prometido um barracão para os ensaios da escola e que estaria resolvido em 15 dias. 

“No dia 14/1, a pouco mais de um mês para o desfile, nos convidaram para uma reunião, onde apresentamos a proposta de R$ 50 mil e mais duas viagens, mas ofereceram R$ 35 mil e a premiação. Além do mais, o dinheiro só seria repassado em fevereiro (...) Como não houve acordo, decidimos doar o valor a ser destinado às escolas e todos assinamos”. 

A Unidos do Areião decidiu que não iria participar do Carnaval.  A decisão foi unânime. Para nós o assunto ficou encerrado”. Mas a questão não parou aí. Dois dias depois, dia 16/1, os presidentes foram novamente convidados para outra reunião. A Prefeitura voltou atrás: R$ 46 mil para cada escola e mais R$ 4 mil em premiação. A exceção da Unidos do Areião, que bateu o pé, ratificando o compromisso feito, as demais aceitaram.. 

O resultado do carnaval agradou ao presidente da verde e branco, Marciano Ferraz , mas desagradou e muito a carnavalesca Meire Idualte e o presidente Cesar, da Beija-Flor, e também Nilvaldo da Silva da Acadêmicos do Borá. “Quando as escolas decidiram que não iriam desfilar, tomei a frente, fui falar com os presidentes, por entender que não poderíamos deixar de participar, de fazer a festa para o povo, mas hoje eu me arrependo disso e dou total razão para a decisão da Unidos do Areão de não desfilar”, declarou Meire. 

A vice-campeã Beija-Flor recebeu premiação individual nos quesitos, comissão de frente, porta-bandeira e mestre-sala, destaques adulto com Nayan Idualte e infantil com  Nayne Idualte e passista infantil com Ana Cristina dos Santos. A campeã 13 de Maio levou os troféus de bateria, ala das baianas, destaque adulto com Gisele Gobbo e passistas adulto com Eliana Silva e Wares Tadeu e infantil, com Júnior Sudário.  

O trio elétrico que foi novidade a partir de 2013, começou a incomodar, porque na sua passagem acabava espremendo quem estava no passeio para assistir à festa, ver a movimentação. Ou seja, a estreita avenida, que na verdade é uma rua, Visconde do Rio Branco, não possui estrutura para trio elétrico. Junte-se a isso a invasão do funk no carnaval brasileiro, espantando a velha guarda amante das marchinhas. 

Um dos pontos altos daquele carnaval foi a homenagem feita pela Prefeitura ao mais longevo batuqueiro, Chiquinho Nortista, Francisco Luciano da Silva, na época com 80 anos, dos quais 37 de avenida, tocando na 13 de Maio, Mocidade Alegre,  Tradição Sacramentana, Beija-Flor e aquele ano tocou para a Acadêmicos do Borá.  Natural de Natal (RN) Chiquinho Nortista chegou a Sacramento em 1954. Outra homenagem foi da Escola de Samba 13 de Maio à ex-presidente Dayse Silvana Maluf Paulino da Costa. 

Naquele ano, o presidente da Comissão Organizadora do Carnaval, Luciano Gobbo, prometeu sonorizar as baterias. Mas ficou nisso.

 

Em 37 anos de Carnaval, XIII de Maio foi a grande campeã 

Foram 37 anos (1978-2015) de carnaval ininterruptos desde sua oficialização. No período, foram distribuídos 36 troféus para sete escolas de samba. A campeã em troféus é a XIII de Maio, escola fundada em 1958, que acumulou 11 premiações (1980, 1992, 1995, 1996, 1999, 2008, 2009, 2010, 211, 2013 e 2014). 

A Mocidade Alegre Sacramentana, de Avelu Silva Araújo, que conquistou o primeiro título em 1978,  deixou de desfilar no início da década de 90, mas acumulou  sete títulos (1978, 1981, 1982, 1983, 1987, 1988 e 1991). 

A Unidos do Areião, fundada em 2001, conquistou seis títulos (2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2012). 

A Operários,  fundada em 1994, por Odorico Vieira e Azor Pereira Guimarães é detentora  de  quatro títulos (1984, 1985, 1986 e 1989).

A Beija-Flor, fundada em 1996, por Meire Idualte e Cesar Donizete de Oliveira, também tem  quatro títulos (1998, 2000, 2001 e 2002). 

A Tradição Sacramentana fundada   em 1990, por Jucelaine e Catão é detentora de três títulos (1993, 1994 e 1997). 

A Unidos da Estação desfilou apenas uma vez, em 1979, conquistando título de campeã. 

A Unidos da Real, fundada por Izinha em 1985, que desfilou até 1989, e a Acadêmicos do Borá, fundada em 2008 por Nicanor de Souza, Paulino Caiana e outros nunca chegaram as ser campeãs.  

Em 1990, ano da estreia da Tradição Sacramentana, desfilou também a 13 de Maio, mas não houve premiação, apenas troféu de participação, por conta de um acordo entre a comissão organizadora e os presidentes das escolas de samba.

Ao longo dos anos, viu-se muita alegria, emoções às lágrimas, risos, abraços, viu-se também muitas reclamações, insatisfações, bate boca que nunca chegou ao bate na boca, mas ano após ano, lá estavam as escolas dando o melhor de si... E de repente tudo acabou.  

 

2015, O FIM DO CARNAVAL 

2015 vai ficar na história como o ano que marcou o fim do carnaval sacramentano. A decisão do então prefeito Bruno Scalon Cordeiro rendeu críticas dos presidentes, de foliões, de comerciantes e vereadores. Mas houve também aqueles que apoiaram a corajosa decisão do prefeito, que, segundo ele, conforme justificou o líder do governo na Câmara, o vereador Raphael Cordeiro, foi por conta da falta de recursos: “O governo não tomou uma decisão isolada, o que motivou o fim do Carnaval foi a queda de arrecadação e a crise híbrida que o país atravessa”, defendeu Raphael em plenário. 

Os presidentes das escolas, Nivaldo da Silva, Meire Idualte e Cesar, Carlos Roberto Tiola e Marciano Ferraz se sentiram desrespeitados por não terem sido comunicados da decisão de Prefeitura em cancelar o evento. 

“A prefeitura deveria ter mais consideração com as escolas, chamar, conversar, abrir o jogo em tempo hábil” - lamentou Meire Idualte, pedindo pelo menos uma justificativa. “Não teremos carnaval, por isso, isso, isso, a gente se sentiria respeitada e iria entender. Poderíamos até lamentar, reclamar, mas iríamos entender”.  

Os presidentes   falaram até em prejuízo, isso porque as roupas da escola inteira eram adquiridas em cidades fora e já haviam sido encomendadas. “Cancelamos tudo e somos obrigados a pagar a rescisão, pagar pelo que encomendamos, porque não dá mais pra eles passarem para frente, está em cima da hora”, declarou Nivaldo e Meire emendou: “A gente tem compromisso com fornecedores”. Marciano Ferraz também lamentou a postura da Prefeitura.

 

Como os vereadores se manifestaram 

O cancelamento do carnaval criou polêmica também na Câmara Municipal. O vereador José Maria Sobrinho rasgou o verbo e bateu pesado. “Faz anos que esse carnaval deixou de ser aquilo que interessava às pessoas sensatas e as famílias de Sacramento para se transformar numa balbúrdia (...)”, denunciou, parabenizando o prefeito Bruno Scalon Cordeiro pelo fim do carnaval.  

O líder do governo à época, vereador Rafael Scalon Cordeiro, disse que o carnaval de rua estava ultrapassado e esclareceu que o prefeito não acabou com o carnaval na cidade, conforme nota à população. “O prefeito Bruno justificou a queda de arrecadação e a crise híbrida do país e não foi uma decisão  isolada...”. 

Pela oposição, o vereador Pedro Teodoro disse que “cortaram tudo que o pobre podia ter, agora cortam também o carnaval...”, criticou, argumentando que o carnaval na cidade era tão bom, que a Prefeitura trouxe até trio elétrico. O vereador lembrou também a divulgação de uma revista com circulação nacional onde se afirma que o carnaval é uma das riquezas do povo brasileiro e  que nos dois anos anteriores  o prefeito e seus apoiadores desfilaram em cima do trio elétrico. 

O vereador Matheus Fonseca comentou os gastos excessivos com o carnaval de 2013 e 2014. Os demais vereadores, Cleber Rosa da Cunha, Leandro Roberto de Araújo, Luiz Alberto da Silva, Márcio Luiz de Freitas e Mateus Pereira não se manifestaram. 

 

2016 – Cada um se divertiu como pôde

O cancelamento do carnaval na cidade, os desfiles e a festa na avenida esvaziaram a cidade, que sempre recebia muitos turistas. Familiares, que tradicionalmente retornavam a sua cidade natal para aproveitar o feriado prolongado, perderam a motivação. Mas trouxe grandes preocupações, sobretudo para os pais, que viam seus filhos saírem para se divertirem nas cidades vizinhas, que cancelaram os desfiles, mas não a festa do povo. 

Enfim, chegou 2016 e o carnaval deu o ar da graça novamente. Se a Prefeitura não faz, o povo faz e cada um preparou o seu carnaval. O evento maior ficou por conta da Art's Comunicação, da empresária Sandra Silveira que levou ao Pacheco's Buffet a 'Festa das Personalidades da Memória do Carnaval'. Abrilhantada pela Banda A3, de Franca, o baile reviveu os bons tempos do carnaval de salão, com a empresária homenageando 14 personalidades que se destacaram ao longo das últimas três décadas, em várias categorias. 

O Samba Viva Hotel também reviveu os momentos de bom carnaval com o Carnaval Multicultural Papangu, sob a regência do mestre Hernani Baraldi, da Full Produtora, em parceria com o Samba Viva.

  No Perpétuo Socorro, o Bar R10, de Rodrigo Mota e Cristina Santos, movimentou a praça Franklin Vieira com cinco dias de folia, com a participação d´a 'Furiosa', bateria da Escola de Samba Unidos do Areião.

No Recanto Prof. José Silveira, dois dias de animados bailes coordenados pelo Grupo Arte de Envelhecer. Na rua Uberaba, Cristiane promoveu uma animada festa, a galera foi se juntando e a  animação varou as noites. 

E no alto do Chafariz, na rua Prof. Antenor Germano, a iniciativa foi de Silaine e João Victor e a festa animou os participantes com as marchinhas. A novidade foi que cada um ficou incumbido de levar alguma coisa, que de fato aconteceu uma grande ação dos moradores em prol da cultura.  

 

2017 – Carnaval está de volta, mas sem avenida e sem desfiles

Em 2017, a Prefeitura abriu mão mais uma vez de organizar o carnaval. Segundo o então prefeito empossado, Wesley De Santi de Melo, justificando o exíguo tempo para organizar o evento, abriu uma licitação. A empresa Two Macarrão Eventos Eireli, de Uberaba, do empresário Alessandro Cardoso da Silva venceu a pregão e organizou o Carnaval. 

O carnaval perdeu o seu formato original. A exemplo do ano anterior, foram quatro dias de um 'showzão' no parque, com parte do público nos camarotes pagos e a grande maioria na pista do parque com entrada franca, mas sem os tradicionais desfiles das escolas de samba e de blocos na avenida Rio Branco.  A festa primou pela segurança, mas perdeu todo seu glamour.  O bom de tudo foi que o povo matou a saudade e de modo geral, agradou e desagradou a gregos e troianos... clamando pela volta ao centro da cidade.  

 

2018 – Carnaval volta para a avenida, 

A voz do povo foi atendida e o carnaval voltou para a avenida, com direito ao 'esquenta' na sexta-feira com o teste do som até a 1h da manhã. E teve Rei Momo, Luiz Alberto da Silva, a rainha Kelly Gonçalves e as princesas, Ester Dayane e Laélfia Letícia Silva, ao som da Bateria Batucada, comandada pelo mestre Testa, com a rainha Julyane Almeida Costa e a madrinha  Ghympera Sharon e um grupo de dançarinos. O 'Bloco da Alegria', comando pelo musicoterapeuta Júlio Pucci também participou da festa de abertura.

 A novidade ficou por conta da união de três escolas de samba, Beija-Flor, 13 de Maio e Unidos do Areião, que improvisaram um desfile com seus integrantes, com direito a bateria da Beija-Flor/Unidos do Areião/13 de Maio, muito samba no pé e muito aplausos do público. E todos eram uma empolgação só. Destaque-se ainda que a porta-bandeira Gabrielly Idualte e o mestre-sala Welder de Oliveira (Zoi), conduziram o estandarte de duas escolas, de um lado a Beija Flor Sacramentana, do outro, a Unidos do Areião, gesto que rendeu elogios e reforço à ideia de união das escolas em prol da volta dos desfiles. 

 

2019 – Nasce o Cordão Samba Sacra 

Nos dois últimos anos, as escolas se uniram e improvisaram um desfile a exemplo de 2018.  Já em 2019, foi criado o Cordão Samba Sacra, idealizado por Adriana Rosa e Luiz Alberto da Silva para reunir os amantes dos desfiles.  O desfile aconteceu no sábado, logo após a entrega da chave ao Rei Momo Luiz Aberto e à rainha Taciane Polatrine e, embora o cordão tenha tido pouca participação, a animação dos foliões superou tudo, embalada pela Bateria 2000 comandada pelo mestre Testa. 

O Cordão contou com a participação do bloco infantil Pierrô e Colombinas, uma ala de coreografia, com foliões da Beija Flor, dos netos de Noninho, num resgate do Bumba meu Boi, da Maria Giriza, criada pelo avô e pelo também saudoso Antônio Besouro, o 'Bloco da Alegria', formado por palhaços e o tradicional 'Vai quem quer'.

Após o desfile, o DJ animou o público por quatro noites seguidas e duas matines. 

 

As escolas voltam ou não voltam a desfilar?

Esta é uma pergunta sempre feita por foliões, integrantes de escolas, turistas, enfim pela sociedade como um todo. Muita gente acreditava que as escolas de samba seriam resgatadas no carnaval do bicentenário de Sacramento. Mas não foi assim. Este ano, para marcar o bicentenário haverá um grande desfile  reunindo pessoas que fizeram história nos bailes do Sacramento Clube e nos desfiles das escolas. Aqueles foram reis momos e rainhas, presidentes de escolas, carnavalescos, passistas, mestres de bateria, baianas, destaques... comandados pela Bateria 2000, que trará no seu elencos, muitos que fizeram parte da bateria do Sacramento Clube. 

Desde a sua fundação em 1968, o ET, fundado em 1º de novembro 1968 acompanha os festejos do carnaval. A partir da oficialização em 1978, sua presença foi maior ainda, sempre acompanhando desde as negociações da verba com a Prefeitura, os ensaios das baterias, os desfiles propriamente ditos, a apuração e premiação final, sempre conversando com presidentes, mestres, carnavalescos e  as queixas sempre eram uma só: a verba é muito pouca para colocar uma escola na avenida.  Mas sempre desfilaram. 

Vejamos que foram 37 anos de desfiles, escolas surgindo e desaparecendo, algumas vezes se falou na criação da Liga Carnavalesca e até na transformação do Sacramento Clube em escola. A liga não saiu, o Sacramento Clube fechou, os desfiles acabaram. Foram dois anos sem carnaval na cidade, 2015 e 2016, mas nesse período de 24 meses não se viu nenhuma iniciativa das escolas de se organizarem, de se unirem e juntas trabalharem para levantar recursos para o resgate. Nada fizeram para voltar.  

Cadê a capacidade de mobilização de seus integrantes? As três maiores escolas da cidade, Beija Flor, 13 de Maio e Unidos do Areião, mais a Operários e Acadêmicos com certeza levavam para a avenida cerca de mil pessoas. Digamos que cerca de 700 pessoas sejam adultos. Claro que entre elas, há aqueles que pulam de escola em escola atrás de títulos, mas toda escola tem a torcida fiel, aqueles que vestem a camisa. E se cada um contribuísse mensalmente com a sua escola? Seria um 'pé de meia'. Se as escolas vendessem as fantasias, até parceladas, a exemplo do que ocorre em tantas cidades? As escolas não têm que dar a roupa, o calçado, a fantasia. Elas têm, sim, que dar condições, opções de escolhas a  seus integrantes para desfilarem. São alternativas,  mas  o certo seria que isso fosse feito através da  Liga.  

Com a retomada do carnaval em 2017, os presidentes se encheram de esperanças de que no ano seguinte voltariam como escola. Mas naquele ano, o prefeito Wesley, em início de mandato, questionado sobre a volta das escolas de samba,  disse: “Depende delas, a passarela é das escolas de samba, mas vão ter que correr atrás. Vivemos outra época. O papel da Prefeitura é realizar o Carnaval, montar a estrutura e manter a segurança. A avenida está aberta para as escolas, e estamos à disposição para ajudarmos a criar a Liga ou Associação das escolas. E ajudaremos o ano inteiro se for preciso, para que as escolas, angariem recursos. Não vamos mais injetar recursos nas escolas, vamos sim, ajudá-las a se estruturarem”.

   Em 2018, durante o desfile improvisado, o ET conversou com Meire Idualte, diretora de Projetos da Secretaria de Cultura, que desde o ano anterior vinha trabalhando pela criação da Liga, realizou várias reuniões com as diretorias para esse fim, mas não deu em nada. “Há um individualismo muito grande, cada diretoria defende sua escola e, por isso não se chega a nenhum acordo. Mas, pretendo continuar lutando, reunindo, conversando para chegarmos a um consenso. Isso é necessário para a volta das escolas para a avenida”, afirma. 

Meire afirma que “cada diretoria defende sua escola”. Que escola? Por que desde que acabaram os desfiles elas só existem no papel. Aí, chegamos à conclusão de que  os presidentes devem repensar e tomar consciência de que as escolas hoje  só são história (e saudade, por que não?) e que terão que começar do zero, talvez com o mínimo,  50,  80, 100 integrantes. Não é hora de pensar o quanto minha escola vai receber da Liga, porque foi tantas vezes campeã.  Nos primeiro, segundo anos não há que pensar em quanto cada uma vai levar, mas pensar em resgatar e mostrar para a sociedade o empenho para tal e, a partir de então, os apoios virão, com certeza. Caso contrário, as escolas nunca mais voltarão a desfilar. Aliás, 'nunca' é tempo demais, mas pelo o que se nota essa é a tendência, porque o que vemos é que o número de blocos vem crescendo mais e mais.