Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

A Educação nos 200 anos de Sacramento

Edição nº 1741 - 24 de agosto de 2020

‘Educação é vida no sentido mais autêntico da palavra... (Anísio Teixeira)

Maria Elena de Jesus

 

Na cidade, o primeiro estabelecimento foi criado em 1889, o Colégio Miranda, por iniciativa do Coronel Manoel Cassiano de Oliveira França, João Derwil de Miranda e Inácio Gomes de Mello.  Naquele ano, enquanto os meninos recebiam ensinamentos no Colégio Miranda, as meninas os recebiam no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, fundado pela professora Ana Borges (Sinhana Borges). Os colégios encerraram as atividades em 1905, mas já funcionava na cidade, desde 1902, o Lyceu Sacramentano, fundado por ex-alunos do Colégio Miranda, dentre eles, Eurípedes Barsanulfo. O Lyceu encerrou as atividades em 1906 e só foi reaberto em 1929, tendo como diretor, o Prof. Ivo Edson de Mattos.  

No ano seguinte ao fechamento do Lyceu em 1906, em 31 de janeiro de 1907, Eurípedes Barsanulfo fundou o Colégio Allan Kardec, o primeiro Colégio Espírita do Brasil. No mesmo ano, no dia 16 de junho, as irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, aportaram na cidade, a convite do Padre Pedro Ludovico Santa Cruz, e fundaram o Colégio Sagrado Coração de Jesus para meninas, que, no entanto, abria exceção para meninos até os oito anos. Em 1914, o Colégio Sagrado Coração de Jesus encerrou as suas atividades. 

Com a morte do Prof. Eurípedes, em 1918, as aulas no Colégio Allan Kadec foram mantidas pelos seus irmãos, Waltercides Willon, até   1927, e Homilton Wilson, até 1941, quando encerrou as atividades. 

Em 1921, o então Agente Executivo (Prefeito) Cel. José Afonso de Almeida conseguiu instalar na cidade o Grupo Escolar Dr. Afonso Pena Júnior, mantido pelo Estado, consagrando-se hoje como a escola mais antiga da cidade em funcionamento. 

Conforme reportagem no jornal A Semana, de 1925, vários fazendeiros mantinham escolas em suas propriedades, a exemplo da Escola do Pedrozo e Escola Rural Mista, na Estação de Jaguara, da D. Olga de Carvalho.

Em 1927, o mesmo jornal, na edição nº 92, de 8 de maio, publicou uma cobrança 'anônima' por melhores escolas: “Escolas! Senhores da vereança! Escolas, mas escolas de verdade”. O pedido se deu no início da gestão do último Agente do Executivo Municipal e Presidente da Câmara, Júlio Gonçalves Borges (1927/1930). No ano seguinte, sete escolas rurais foram criadas nos povoados de Santa Bárbara, Jaguarinha, Capão dos Porcos, Vitorinos, Borá, Divisa e Santa Maria, conforme publicação n'A Semana, em 8 de abril de 1928. 

Das mais de 40 escolas rurais municipais localizadas no município, com o êxodo rural e a nucleação, hoje a Rede Municipal de Educação mantém quatro escolas nos povoados, com transporte escolar gratuito. São elas, EM Cel. Júlio Borges (Jaguarinha); EM 'Dona Maria SantAna (Quenta Sol), EM Dr Djalma Afonso do Prado (Divisa) e EM Nana Kubitschek Soares (Jaguara). E outras cinco na cidade: EM Profa. Sílvia Vieira, Dr. João Cordeiro, Luiz Magnabosco e os Centros Municipais de Educação Infantil: Nildes Moreira Camilo e  Aparecida Cerchi Loiola.

No dia 3 de março de 1933, o Prof. César de Oliveira chega de Uberaba e funda a Escola Normal de Sacramento, hoje a Escola Estadual Coronel José Afonso de Almeida. Ainda nessa década, mais uma escola  é criada, a Escola Noturna Paroquial, por iniciativa do Prof. José Natálio, para oferecer ensino às pessoas adultas. Ele próprio ministrava as aulas, auxiliado pelas professoras Ismalita Derwil de Miranda, Maria de Lourdes Castanheira e Sílvia Aparecida Vieira. 

Em 16 de janeiro de 1964, foi criada a EE Barão da Rifaina. No mesmo ano, a Escola Normal de Sacramento tornou-se estadual e, no ano seguinte, dois novos cursos foram criados: o Colégio Normal Oficial e o Curso Secundário de Segundo Ciclo, anexos ao Ginásio Estadual, com os cursos, Magistério, Técnico de Contabilidade e Eletrotécnica.  Desde 2014, a Escola Coronel tem extensão de salas na Escola Dona Maria Sant´Anna, no Quenta Sol e Cel. Júlio Borges, Jaguarinha.

No final dos anos 60, dado o alto índice de analfabetismo no país (39,6%), o Governo Federal criou o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) dirigido aos adultos. De vida curta, o Mobral foi extinto em 1978, dando lugar, já nos dias de hoje, ao projeto EJA (Educação de Jovens e Adultos). 

Em 1964, a Profa. Corina Novelino, que administrava o Colégio Allan Kardec e o Lar de Eurípedes, fundado por ela, criou o Ginásio Allan Kardec, noturno, extinto em 1971, quando foi estadualizado com o nome de Escolas Reunidas de Sacramento e, em 1.974, já em prédio próprio, passou a denominar-se Grupo Escolar Sinhana Borges, hoje EE Sinhana Borges. 

Outras escolas foram sendo criadas na cidade: Escola Eurípedes Barsanulfo, em 1975, também pela Profa. Corina Novelino e Dr. Tomás Novelino; Colégio Rousseau, do Prof. Elvani Pavanelli, em 2000.   Destaque-se também as extintas escolas infantis particulares, Gotinhas de Mel, de Linda Bonatti Crema;  Colégio XX de Outubro, de Kátia Franzói. 

No início deste Terceiro Milênio, uma parceria entre a Prefeitura e Universidade Professor Antônio Carlos (Unipac) trouxe para Sacramento o curso Normal Superior, oferecendo também o curso Técnico de Enfermagem, também extinta depois de quatro anos de funcionamento. 

A mais nova escola da cidade, Escola Estadual Carolina Maria de Jesus, iniciou as atividades com cursos profissionalizantes em 2015.

O texto nada mais é que uma 'pincelada' na evolução do ensino sistemático no município de Sacramento, mas acreditamos, suficiente para mostrar a preocupação dos governantes e de pessoas tantas que fizeram e fazem a história da Educação.  No ano em que Sacramento comemora seu bicentenário, podemos dizer que a excelência dos resultados é uma mostra do empenho ao longo dos anos   e o cumprimento do que diz a Constituição de 1988, no art. 205: "A educação é direito de todos e dever do Estado e da família...". Nesses 200 anos, educadores fizeram e fazem valer os ideais e as palavras de    Anísio Teixeira, o 'inventor da escola pública no Brasil': "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".      

 

 

Maria Elena de Jesus, graduada em Letras, pós graduada em Linguística, jornalista, presidente do Sind-UTE/Sacramento, 1998/2009 e comunicadora da Rádio Sacramento