Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Dona Mercedes - Aos 98 nos braços do Pai

Edição nº 1731 - 12 de Junho de 2020

A matriarca Mercedes Joi Borges morreu no último dia 12, vítima de falência múltipla dos órgãos, aos 100 anos, completos em 13 de janeiro último, conforme registro em Cartório, porém, de vida, 98, porque os pais aumentaram dois anos na certidão de nascimento para ela se casar, como se já tivesse completado16. Mesmo assim, Da. Mercedes, amiga querida e leitora assídua do ET, viveu pra valer. Descansa agora, merecidamente, na plenitude do Pai. Seu corpo foi velado no Velório Mauricio Bonatti por familiares e amigos e sepultado no Cemitério São Francisco de Assis, às 14h, após as exéquias proferidas pelo diácono Marcos Vinícius.

Dona Mercedes era viúva de  Américo Raymundo Borges, pais de 15 filhos:  Adair (falecida/casada com Hermes), Altair (Urias), Everton (Maria Aparecida), José Américo (Marlene), Rubens (falecido/casado com Terezinha), Germano (Maria Aparecida), Cacildo (Matilde), Cairo (Maria Concebida), Luiz Antonio ( Lucia Helena), Maria Abadia (Antonio), Jorge Luiz (Adélia), Maria Aparecida (Miguel), Analice (Vanderlei), Sebastião (Paula) e Cleomar e deixa, além dos filhos, 46 netos, 61 bisnetos e 6 tataranetos e um grande legado de exemplos.

Natural de Jubaí, distrito de Conquista, aos seis meses, ficando órfã de mãe, foi morar com seus padrinhos até se casar aos 14 anos. Ao completar 90, em memorável entrevista ao ET, lembrou, toda alegre, como uma menina sapeca de 14 anos foi conivente com os pais ao pregar uma baita mentira no Tabelião, aumentando sua idade, para se casar em 1936 com o jovem Amerquinho.  Foram mais de 50 anos de vida a dois. E sem TV, celular e a correria do mundo contemporâneo, juntos criaram 15 filhos, que lhe deram netos, bisnetos e tataranetos, motivos de sobra para agradecer pela vida que teve.

 Já casada, Mercedes permaneceu morando na fazenda Rifaininha até o início dos anos 60. A vida não foi fácil, a começar dos partos e da criação de 15 filhos, nascidos a cada ano com a ajuda das parteiras da época, Dona Rita Fonseca e Dona Aurora. Dos quinze filhos, apenas os dois últimos nasceram na cidade com a presença dos médicos, Dr Valadares e o Dr Cleomar. 

“Quando o caçula nasceu, eu estava completando 40 anos. Era um filho após outro, diferença de um ano e sete meses mais ou menos”, contou ao ET, sorridente. Além dos filhos, Mercedes tinha os afazeres domésticos. “Em casa era cozinhar pra peão, cuidar da meninada, lavar roupa, costurar, fazer polvilho. Os meninos ficavam meio que jogados, tinha poucas horas que a gente podia cuidar, era na hora do banho, na hora de dormir... Depois as duas meninas foram crescendo e começaram a ajudar, mas logo foram ajudar o pai na lida e eu me arrumava sozinha com a prole restante...”. 

No início dos anos 60, Américo comprou a casa onde ela mora no bairro do Rosário. Ela adorava a casa, porque viveu até o seu último dia pertinho da Igreja. Ia à missa todos os domingos, momento em que agradecia por tudo que construiu durante a sua existência e se dizia uma mulher feliz. “Com Deus a gente faz tudo, vence tudo...”.

Hoje, com certeza, Mercedes colhe ao lado do Pai, os frutos que plantou...