Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Voluntários realizam I Ceia de Natal na Rua

Edição nº 1707 - 27 de Dezembro de 2019

Os moradores do bairro João XXIII e adjacências tiveram na noite da segunda-feira 23 uma ceia de Natal, oferecida por um grupo de voluntários liderados por Fernanda Padovani e Renan Otávio Gomes Jr. O evento se transformou num momento único de união, harmonia e alegria do verdadeiro espírito natalino, como  bem definiu o pequeno Emanuel, ao lado da mãe Renilda e da imã gêmea, Emanuela: “É o Natal de Jesus”. 

 

“Sonho que se sonha juntos, se torna realidade

A Ceia de Natal na Rua, conforme explica Renan, é na verdade, a realização de um sonho de Fernanda, que há 15 anos faz a festa de São Cosme e Damião no bairro São Geraldo, e dele também. “O projeto é da Fernanda, que me revelou essa ideia de fazer uma 'Ceia de Natal na Rua', mas temia não conseguir. Ela me passou essa ideia, quando estava me ajudando em outra campanha beneficente, que eu coordenava. E logo pensei: 'Vai dar certo'! E lhe disse: “Vamos fazer. E começamos a correr atrás. E está aí a ceia”, contou, comentando que “o povo de Sacramento tem um coração muito bom”. 

No cardápio: pernil, creme de milho, frango assado, macarronada com almondegas, arroz, tutu, refrigerante e para a sobremesa, gelatina e panetone. Quer melhor? “Tudo doação de vizinhos, amigos, conhecidos, comerciantes, ganhamos tudo, inclusive, os pratos e copos descartáveis e os talheres. Estamos muito felizes”, comemora. 

E se Papai Noel é bom, Mamãe Noel é algo especial, pois quem fez a diferença foi a Fernanda Padovani, que conseguiu reunir um grupo grande de voluntários. “Hoje estou realizando um grande sonho, e exatamente no bairro onde sempre pensei fazer, o João XXIII. E enquanto vida eu tiver, quero fazer esta ceia, claro contando com a ajuda de todos. Foi muita gente empenhada e isso é muito gratificante. Cada sorriso que vejo é o que importa”, afirma, ao lado da mãe Sergimar e do marido Elias, que de acordo com Fernanda, ajudam a pilotar o fogão. “As pessoas da cozinha são escolhidas a dedo, além da minha mãe, meu marido, temos também a Helen, minha sogra Jandira. Tem que ser assim para que as coisas saiam certinhas”, diz.

 Para Renan, dentre todas as doações, uma delas o emocionou muito: um senhorzinho muito pobre doou um punhado de arroz, numa embalagem de macarrão. “Foi uma surpresa e uma emoção muito grande. Sou de família grande, mas muito humilde e fomos criados dentro do princípio de um ajudar o outro e, também, o próximo, pois o pouco de cada um se torna muito para outros.  E para essa ceia aconteceu isso. A Daíse foi quem recebeu a doação do senhorzinho. E quando elas nos contou que ele dividiu seu arroz, ficamos todos emocionados. E hoje queremos ir retribuir levando a ceia para ele, pelo seu gesto de doação, que prova que sempre podemos repartir”.

 A Ceia de Natal, diz a história, originou-se do antigo costume europeu, em que as famílias preparavam bastante comida, composta por diversos pratos, e deixavam as portas das casas abertas no dia de Natal para receber viajantes e peregrinos que, juntos com a família, confraternizavam aquela data tão significativa para os cristãos. Para muitas pessoas, a ceia natalina também está ligada à última ceia de Cristo ao lado de seus apóstolos. Enfim, a ceia sempre remete a um grupo de pessoas voluntárias que comprova o adágio: “Sonho que se sonha juntos, se torna realidade”. E para dar maior brilho à ceia, a praça toda iluminada, reuniu centenas de pessoas em torno da mesa. 

Estou muito feliz, porque nunca vi  uma ceia de Natal na rua..
O coordenador Renan Jr, que é entregador de gás, era a felicidade em pessoa e lembra que o que o despertou para a ação social foi um amigo, portador de câncer, que precisava de ajuda. “Decidi que teria que ajudá-lo. E com o apoio de muita gente conseguimos fazer uma galinhada beneficente e ganhamos até o gás. Percebi que uma ação gera outra, e outra, e outra...” 
De fato foi uma união de esforços para fazer a festa na praça. Devido ao tempo chuvoso, Fernanda apresentou o projeto na Prefeitura e ganhou as tendas. Para a iluminação, de acordo com Renan, Neném Patrola montou a bancada, os vizinhos, Zezeu, estendeu a fiação e iluminou as tendas, e Rodrigo do Carmo cedeu a energia com satisfação, conforme afirmou ao ET: “Estou super feliz porque nunca vi uma ceia de Natal assim na rua”.
A animação da criançada, presente em grande número no local, a praça da Capela de S. Geraldo, ficou por conta das irmãs Fabiola dos Reis Oliveira e Gisele Cristina. “Se tem ceia, por que não fazer a alegria das crianças também com brincadeiras? Ajudando a distribuir a comida em meio a brincadeiras. Cada um pode ajudar de alguma forma e nossa ajuda é alegrar ainda mais a festa”, justificam.  
Para o voluntário Vandeir de Araújo Mota é uma felicidade ajudar ações como esta. “Muito gratificante ver a alegria e o sorriso no rosto das pessoas. Isso nos impulsiona a envolver e trabalhar ainda mais. Admiro muito o trabalho da Fernanda e como ela consegue coordenar tanta gente. Estou muito feliz por poder ajudar a fazer a alegria de tantas pessoas”. 
Renilda das Dores Oliveira era a primeira da fila com os filhos gêmeos, Emanuel e Emanuely e se disse surpresa por ter um Natal na praça. “Nunca vi nada assim e quando fiquei sabendo achei muito bom e vim trazer as crianças”, disse. Para o pequeno Emanuel, muito tímido, ao ser questionado se o Papai Noel passaria em sua casa, respondeu que Papai Noel não existe. Mas ao perguntarmos o que fazia na fila da Ceia de Natal na Rua, deu a resposta mais perfeita: “É o Natal de Jesus”.    
Antes de começar a servir a ceia, Fernanda agradeceu a Deus e todos que colaboraram e convidou todos a rezar o Pai Nosso, considerada a Oração Universal, por ser rezada em quase todas as religiões.