Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Mastologista faz palestra sobre Outubro Rosa

Edição nº 1699 - 01 de Novembro de 2019

O mês de outubro, considerado o mês de conscientização sobre o câncer de mama, por isso intitulado Outubro Rosa, encerrou-se em Sacramento nessa quarta-feira 30, com uma palestra proferida pelo mastologista (especialista das glândulas mamárias), Dr. Cleber Sérgio da Silva, do Hospital Hélio Angotti, no Centro Administrativo.

Na oportunidade, em entrevista ao ET, depois de 1h30 de palestra, Dr. Cleber falou sobre a importância do evento. 

“O câncer de mama é o mais frequente na mulher brasileira. Todos os anos, cerca de 60 mil mulheres estão tendo esse diagnóstico e essa incidência não tem diminuído, porque não há prevenção para o câncer de mama. São vários aspectos relacionados, idade, genética, que fazem com que seja impossível impedir a doença, mas podemos, sim, diagnosticar precocemente”. 

Chama atenção o médico para o diagnóstico precoce. “Quando ocorre esse diagnóstico precoce, o tratamento é menos radical, menos agressivo e de menor custo, tanto para o Estado quanto para o paciente, porque muitas vezes só a cirurgia é suficiente, sem a necessidade da radioterapia ou quimioterapia, que são tratamentos pesados. Foi essa a mensagem que deixei na palestra”, disse.   

Alertando a sociedade para que o diagnóstico seja feito a partir dos 40 anos, e não dos 50, conforme diretriz do SUS, frisou: “As mulheres não devem seguir a diretriz do SUS, que libera o exame entre 50 a 69 anos, a cada dois anos, deixando assim um grande percentual de mulheres, até com câncer, de fora”. 

Defensor do exame precoce, para isso vai falar aos vereadores de Uberaba, alertando sobre esse cuidado preventivo a partir dos 40 anos. “Quero fazer um apelo às autoridades para que, através da via política, possam antecipar essa autorização do SUS a partir dos 40 anos”. 

De acordo com Dr. Cleber, mais de 50% das mulheres brasileiras que têm câncer de mama apresentaram a doença antes dos 50 anos. “Então, essa medida do SUS de preconizar, estabelecer idade a partir dos 50 é ineficaz, porque deixa muitas mulheres de fora. Hoje, em muitos lugares e até no próprio Hélio Angotti adotamos 40 anos, mas é preciso que isso deve ser estendido para todo o pais, porque quando mais cedo detectar a doença, maiores são as chances de cura”, alerta, afirmando que o sistema de rastreamento de câncer de mama no país é muito falho no Brasil. 

Para o cirurgião, o 'Outubro Rosa' é um rastreamento oportunístico. “O ideal seria o Janeiro Rosa, o Fevereiro Rosa, o Março Rosa... Essa seria uma forma inteligente que cobriria toda a população, agilizaria o processo e aumentaria a cobertura”, observou, citando os países europeus. 

“Na Europa, a população alvo é definida no início do ano. Em Sacramento, quantas mulheres completariam 40 anos em 2020? Todas elas receberiam uma carta da Secretaria de Saúde convidando para o exame em determinado dia e hora, a partir de janeiro. Em um ano, a população alvo seria toda atendida”, exemplificou.

“É esta forma inteligente que está faltando no Brasil, por isso a cobertura é tão pequena. A título de informação, em 2017, a população alvo no Brasil para fazer a mamografia era de cerca de 11 milhões de mulheres e, apenas 2,7 milhões fizeram o exame. Quer dizer, mais de dois terços das pacientes não procuraram o sistema para fazer, por dificuldades várias. Resultado:  ficou por isso mesmo. 

 

Finalizando, segundo Dr. Cleber, é muito fácil agilizar essas questões pelos recursos que as secretarias de Saúde podem utilizar. “Se não quer mandar uma carta, manda um SMS. O Brasil é um país que tem mais celulares que habitantes, então seria uma forma inteligente, eficaz e que ampliaria bastante o número de atendimentos”.