A professora Maria das Mercês Aparecida Maluf Ribeiro 84 morreu às 8h20, do domingo 26, na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, onde deu entrada na noite do sábado 25 por volta das 20h. De acordo com a cunhada Hebe Ribeiro Portela, Marilea, ultimamente, alternava seus dias entre a residência e a Santa Casa, em decorrência do Mal de Alzheimer e complicações decorrentes.
O seu corpo foi velado no Velório Maurício Bonatti, por familiares, autoridades, amigos e centenas de sacramentanos, ex-alunos e conhecidos da grande mestra e diretora da EE Afonso Pena Jr. Após sua aposentadoria, Marilea foi assessora dos ex-prefeitos, José Alberto Bernardes Borges e Joaquim Rosa Pinheiro, chegando a ocupar o cargo de secretária de Cultura e Turismo, no governo Joaquim.
O prefeito Bruno Scalon Cordeiro e os ex-prefeitos, José Alberto e Joaquim cobriram o seu féretro com a bandeira do município. Sobre o seu colo foi também depositada a Medalha da Ordem de Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, a mais importante condecoração do poder Executivo, pelos relevantes serviços prestados ao município como educadora e assessora municipal. O prefeito Bruno Cordeiro decretou também luto oficial de três dias no município com as bandeiras da cidade, do estado e do país hasteadas a meio mastro, no Monumento ao Fundador.
Marilea foi sepultada às 18h no Cemitério São Francisco de Assis, após orações proferidas pela cunhada Hebe, com um pedido a Nossa Senhora para que a acolhesse e a levasse até os braços do Pai, cantando a seguir, a tradicional canção católica, 'Com minha mãe estarei'. O seu esposo, Prof. Amur Ribeiro, muito emocionado, agradeceu a Deus pela vida, pela Marilea na sua vida, afirmando que naquele dia a entregava ao Pai. Agradeceu a todos os presentes e finalizou dizendo que tudo que ele sentiu naquela passagem, naquele momento, foi gerado pelo amor, porque só o amor constrói. Finalizando, pediu a cada uma das pessoas presentes que se voltasse para quem estivesse do seu lado e dissesse: “Eu te amo”, para que Deus naquele momento os ouvisse.
Marilea deixou um rastro de amor...
Falando ao ET, ainda emocionada, Hebe Portella destaca que, o que mais a tocou nos últimos tempos foi o amor vivido por Amur e Marilea. “O que mais senti vendo o casal nesses últimos anos foi a paixão, a delicadeza, a dedicação que meu irmão tinha para com Marilea, a ponto de ele dizer, quando estava aqui em casa: 'Hebe, estou indo embora, porque vou ver minha gata'”.
Prosseguiu, lembrando a vida do casal após sua aposentadoria. “E a Marilea, depois que se aposentou, entrou numa doçura imensa, uma presença amiga, companheira, alegre, engraçada e o Amur cada dia mais apaixonado. O que eu achava bonito neles é que, claro, viveram sua paixão de juventude e pela vida a dois. Mas agora, Amur era apaixonado pela Marilea atual, a Marilea avó, a Marilea do lar. Ela teve um mérito muito grande e eu pude dizer isso ao lado de seu caixão, por ter conseguido fazer meu irmão feliz e presente na vida dela e junto a mim, a minha irmã Leda e à família. Ela falava pra ele: 'Amur, vai lá ver as meninas”; ou, “Hebe, não preocupa não, o Amur resolve”, ou seja, ela envolveu com seu carinho a Leda e eu”.
Expressando a amizade que as unia, Hebe diz que a passagem da cunhada na vida da família Ribeiro só acrescentou. “E louvo muito a passagem da Marilea por nossa família e, principalmente, para o Amur, ela só acrescentou. E isso foi uma dádiva no caminhar dos anos, ela deixou, um rastro de amor, ela tinha 'amorosidade' em relação a nós. Eu sinto a ida dela pelo que o Amur me falou: 'Desde janeiro eu estou me despedindo da Marilea. Eu sentia que ela estava indo'. Então, posso concluir dizendo que de janeiro para cá a Marilea realmente se alquebrou, o estado dela veio se agravando. Mas porque ela era uma turca sadia, forte, altaneira, lutadora, corajosa, ela aguentou todos os reveses porque passou”.
Finalizando, lembrou a liturgia dominical que fala sobre o Bom Pastor. “Mas chegou a hora que o Pai a chamou... Cada um tem a sua hora, o próprio Jesus teve a sua hora, tanto que disse, 'Pai, em tuas entrego o meu espírito'. E ela morreu no dia em que a Igreja celebra o Bom Pastor: 'Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai'. E foi isso que Deus fez em relação ao Amur, à Mitsy, à Ivy e ao Antônio, levou uma ovelha querida. Eu, dentro da minha cristandade, e o Amur também, que é muito religioso, acreditamos, ela está sentindo que o Bom Pastor está lhe dando o consolo, porque Ele é o Bom Pastor”.
Marilea deixa o marido, de 62 anos de feliz união, Prof. Amur Ribeiro, os filhos Mitsy, Ivy e Antônio, genro, nora e netos.
Amigos falam de Marilea
O ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, entrevistado pelo ET, recordou a Profa. Marilea Maluf Ribeiro como uma segunda mãe. “Não fui aluno de Marilea, mas muito aprendi com ela. Com toda sinceridade de coração, posso dizer que Marilea foi minha segunda mãe, que se entusiasmava com tudo o que eu fazia, que espontaneamente se prontificava em me ajudar nos momentos mais difíceis, que esteve presente na minha vida e na vida de minha família, nas alegrias e tristezas. Foi com ela que aprendi que, “Para se viver bem é preciso saber engolir lágrimas e vaidades”, afirmou, lembrando o idealismo da professora.
“Com fama de brava, sem ser autoritária, como educadora foi sempre idealista e autêntica, e sabia como poucas orientar seus alunos e administrar com maestria impecável nosso mais antigo estabelecimento de ensino, o Grupo Escolar Dr. Afonso Pena Jr. Na educação, ela deixou esse legado de mestra às gerações futuras pela formação de milhares de crianças que se tornaram grandes cidadãos na sociedade sacramentana. Bastava esse legado para aqui ser lembrada, a missão nobilíssima de educadora. No Afonso Pena a professora e diretora Marilea fez e é história”, afirmou mais. Veja nesta edição matéria especial do ex-prefeito sobre a Profa. Marilea.
A Profa. Maria Aparecida Miranda Afonso, contemporânea de Marilea no Grupão, fala da colega e amiga, afirmando que ela deixa um legado muito grande. “Era uma mulher muito inteligente, escrevia muito bem, muito elegante, muito prendada, tinha muito bom gosto, uma pessoa muito fina e boníssima, apesar de ser muito brava e exigente na escola - diziam os alunos. Éramos muito amigas, desde o tempo do Afonso Pena e a amizade perdurou a vida toda. Iniciei no Afonso Pena em 1951 e ela que morava em Belo Horizonte, chegou depois, como professora e diretora. Ela sempre foi, como diretora, muito presente, muito zelosa com a escola, os alunos. Tinha paixão pela Educação, talvez herança da mãe, a dona Corália, outra grande educadora, ambas tinham um amor muito grande pela Educação e trabalharam juntas. Na família, foi uma grande filha, irmã, esposa, mãe... Uma perda muito grande para Sacramento, a família, os amigos, agora fica a saudade...”.
A Profa. Zezé Magnabosco, contemporânea de Marilea, lembra da colega como professora e diretora. Trabalhamos juntas como regentes e, quando ela assumiu a direção, me convidou para trabalhar na secretaria. Trabalho estafante ao lado dela no gabinete para fazer toda a escrituração da escola. “Às vezes trabalhávamos os três turnos para dar conta”, lembra Zezé, que preenchia todos os documentos a mão. Só mais tarde veio a máquina e, internet, nem se falava naquele tempo.
Posso dizer que só trago boas recordações da Marilea, uma professora exemplar, enérgica, sim, mas muito educada, cuidadosa, rigorosa com as coisas do Afonso Pena, esclarecida, educada no Colégio Sion, de Belo Horizonte, quando chegou foram muitos os elogios. Enfim, aprendi muitas coisas com ela. Fora da convivência profissional era uma amiga que gostava de saber de nossos afazeres diários, trocando confidências amenas dos afazeres domésticos. Senti muito a sua morte” – disse a colega.
Outra colega contemporânea, Agnes de Carvalho Loyola, lembra da professora como colega de magistério e, mais tarde, como diretora. “Posso dizer que só tenho boas recordações de Marilea, muito dedicada, se entregava de corpo e alma para o bem do Afonso Pena. Tinha até um certo ciúmes, como se a escola fosse dela. Muito competente, tanto na sala de aula como regente, como na direção da escola, que foi durante muitos anos” - lembra.
Recordando o temperamento forte da Profa. Marilea, a colega diz que isso não a desmereceu em momento algum. “Embora fosse muito enérgica, brava nas suas atitudes, Marilea fazia tudo isso para o bem da Educação, mesmo porque não guardava ressentimentos de ninguém, sua coerência era total, primando pela disciplina, pela organização e pelo que o ensino exigia” – disse a Profa. Ágnes, afirmando que sentiu muito sua morte.
“- Ontem, passando em frente ao Afonso Pena, senti uma grande nostalgia, aliada a uma tristeza e a uma saudade muito grande daquele tempo em que ali estávamos trabalhando. Marilea, muito ordeira, educada e prendada, com uma organização a toda prova, construindo na escola um dos mais completos arquivos da história de Sacramento. Me deixa muita saudade, não apenas da colega de magistério, mas da amiga que tive em muitos momentos fora da escola, muito amiga de minha família. Enfim, grande educadora e amiga inesquecível”.
Para Cida Miranda, Marilea deixa um legado muito grande. ‘‘Era uma mulher muito inteligente, escrevia muito bem, muito elegante, muito prendada, tinha muito bom gosto, uma pessoa muito fina e boníssima, apesar de ser muito brava e exigente na escola - diziam os alunos.
Éramos muito amigas, desde o tempo do Afonso Pena e a amizade perdurou a vida toda. Iniciei no Afonso Pena em 1951 e ela que morava em Belo Horizonte, chegou depois, como professora e diretora. Ela sempre foi muito presente, muito zelosa com a escola, os alunos. Tinha paixão pela Educação, tanto ela como a mãe, Da. Corália, tinham um amor muito grande pela Educação. Na família, foi uma grande filha, irmã, esposa, mãe... Uma perda muito grande para Sacramento, a família, os amigos... Agora fica a saudade...”.