Rede Brota Cerrado homenageia Carolina Maria de Jesus

A Rede Brota Cerrado de Cultura e Agroecologia realizou no último sábado a 3ª edição do Festival de Cultura e Agroecologia prestando uma homenageou a escritora sacramentana Carolina Maria de Jesus pelo aniversário natalício de seus 101 anos de nascimento, marcando também a comemoração do Dia Internacional da Mulher, no último dia 8.   

Na sua explanação, o professor Carlos Aberto Cerchi, que coordenou os trabalhos e tido como o maior divulgador de Carolina em Sacramento e região, justificou que a Rede foi pioneira como marco de homenagem à Carolina por ocasião de seu centenário no ano passado, colocando-a como tema do festival, 'As 100 Primaveras de Carolina Maria de Jesus'.

Dentre as apresentações artísticas, destaque para as participações da Banda Lira do Borá, regida pelo maestro e músico da reserva da PMMG, Paulo Constâncio; Orquestra e Violas regida pelo Prof. Creu e encerramento com a declamação de poema e música de Catulo da Paixão Cearence, interpretados por Álvaro Juarez e seu filho, o músico Vinícius, e Walmor Júlio Silva.

A Rede Brota Cerrado de Cultura e Agroecologia é uma ONG que congrega pessoas e entidades que reconhecem a importância de se preservar o patrimônio cultural e ambiental de Sacramento, uma das portas de entrada do Parque Nacional da Serra da Canastra, situado em um dos biomas continentais do Brasil: o cerrado. A Rede foi idealizada em 2012 e criada por Maria de Fátima Archanjo Sampaio, doutora em Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável pela UNICAMP. A Rede Brota Cerrado é  a responsável pela realização do Festival de Cultura e Agroecologia. 

Sacramento tem mulheres especiais

A idealizadora e criadora da Rede Brota Cerrado, Maria de Fátima Archanjo Sampaio, presente no Festival de Cultura e Agroecologia, realizado na noite do último dia 14, na Casa da Cultura, justificou a importância do Festival ao lembrar os 101 anos de nascimento de Carolina Maria de Jesus. “Queremos fazer uma alusão ao Dia Internacional da Mulher, através de Carolina que é símbolo dessa nossa  luta por uma relação mais harmoniosa com a terra”, destacou, frisando também o momento de reflexão. 

“- A Rede Brota Cerrado de Cultura e Agroecologia não quis deixar passar em branco uma oportunidade para estarmos refletindo juntos  através da arte, lendo trechos de sua vida, conversando sobre as crises grandes que estão acontecendo, ter um pensamento aberto para tudo o que vem acontecendo no município, no estado e no país. 

Sacramento é uma terra especial, tem pessoas especiais, mulheres especiais, como Carolina. Então temos muito o que discutir e refletir nosso processo de transformação, ainda mais agora que a presidenta Dilma incluiu  o Feminicídio no Código Penal. E isso é muito importante, porque as mulheres ainda estão lutando por igualdades e que no exemplo de Carolina, que usou a literatura como libertação, que repensemos nosso dia a dia”. 

Questionando o papel da mulher no mundo atual, Maria de Fátima ressaltou também a importância da transformação. “Quantas Carolinas temos no Brasil? Em Sacramento? Pessoas que por meio da Arte e da Agricultura poderiam se emancipar, ter um respeito,  um tempo natural. É importante chamar a atenção das pessoas que estão ao nosso alcance para essa transformação. O propósito inicial é uma relação mais  harmoniosa. Ninguém aguenta mais tanto desamor, tanto sofrimento, tanta violência e não é só no Brasil. Assim como Carolina usou a literatura, nós usamos a arte em geral para essa transformação”. 

No saguão da Casa da Cultura, uma mostra de todos os produtos que são comercializados todas as manhãs de sábado, na Feira do Produtor, onde a Rede Brota Cerrado inaugurou uma nova banca. Na mostra, uma gama de produtos: abacate, milho, limão, acerola, polpas para sucos naturais diversos, doces diversos, leites, queijos, mandioca, mel e até sal. 

“- Aqui juntamos cultura e agricultura e estamos em parceria com uma rede grande formada por 3.500 produtores dos Sul do país (Paraná e Santa Catarina ) e, agora com  São Paulo e Minas Gerais e, inauguramos recentemente em São Paulo, uma estação de troca de mercadorias. Eles nos mandam produtos de lá e nós enviamos os nossos para o Sul. Tudo  começou  com caminhão de manga que mandamos para o Paraná, lá não produz manga e estamos abertos à  participação de qualquer produtor”. 

Para participar da Rede Brota Cerrado basta comparecer à feira e fazer a inscrição e participar das reuniões, no último sábado do mês, cada vez numa propriedade para conhecer os produtos e as alternativas. A participação é gratuita.