Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Sem lixo úmido, catadores fazem coleta seletiva

Edição nº 1431 - 12 Setembro 2014

Agentes ambientais foram capacitados pela Secretaria de Meio Ambiente, da Prefeitura para a implantação da coleta seletiva, em cumprimento à Lei  Federal nº 12.305, que estabelece o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga os municípios a fazerem a adequação da disposição final de seus resíduos sólidos gerados, ou seja, acabar com os lixões.  Para isso, os agentes estão distribuindo,  nos bairros da cidade,  kits que contêm um bag, para depósito e armazenamento dos reciclados, um imã de geladeira e um folder informativo sobre os tipos de resíduos (úmido ou rejeito e secos/recicláveis) e os dias da coleta.  

A campanha tem também um caráter de conscientização com a presença dos agentes ambientais nas escolas municipais para apresentar aos alunos o processo de reciclagem, assim como a forma correta de separar o lixo. 

O comércio também foi orientado sobre a coleta especial do papelão, um resíduo que gera muito volume e traz dificuldades de armazenamento. Toda terça-feira um caminhão  passa no comércio para coletar os resíduos de papelão e,  encaminhá-los para triagem na Usina dos Materiais Recicláveis do Município. 


Usina de Materiais Recicláveis só recebe lixo seco

Os poucos trabalhadores da Usina instalada em abril de 2010, substituindo o antigo Lixão da cidade, em entrevista ao ET afirmam que o serviço diminuiu, porém as condições de trabalho para a separação melhoraram muito. Logo que a Usina foi inaugurada pelo governo anterior, o lixo úmido começou a ser separado no terreirão, cimentado para essa finalidade. Mas como a área fica a céu aberto, os urubus comiam praticamente todo o lixo separado, inviabilizando o serviço.  Com a administração atual, a partir deste ano a Usina passou a receber apenas o lixo seco, para a alegria dos trabalhadores do local.

Conversando com os recicladores, representados por José Américo Alves Nunes, o novo presidente da Associação dos Catadores, que ainda está sendo oficializada, e seu irmão, José Eurípedes, o ET foi informando de que a Usina voltou a operar há três meses, porém, no tempo que ficou desativada, a prensa não funciona mais e a borracha que servia de esteira para transportar o lixo seco para a separação desapareceu. 

“- Trabalho aqui há muito tempo, desde a inauguração, em 2010. Começamos a compostagem naquela época, mas não deu certo, por conta dos urubus, mas continuamos trabalhando separando o lixo.  Aí,  no ano passado paramos de trabalhar, porque  o lixo ia todo para Uberaba. Este ano o Marcelino (Marra, secretário de Governo, grifo nosso) e o Gilmar, do caminhão que recolhe o lixo, nos chamaram pra trabalhar  aqui de novo, com  o lixo seco. Então, iniciamos o serviço,  a gente separa e vende pro Carlão, aqui na cidade mesmo”. 

Com a desativação da Usina José Américo explica que o lixo é apenas separado: “Não tem a prensa, nem a esteira. Aí só colocamos nos bags separadinho e vendemos sem prensar. A prensa não funciona, nem  a  esteira. Quando ficou parado aqui, furtaram a borracha da esteira”, informa, mas reconhece que só pelo fato de trabalhar com o lixo seco, melhorou muito. “É bem melhor, porque o lixo vem mais separado, mas ainda falta muita coisa aqui pra melhorar”, informa, ressaltando a falta de conscientização de muitos moradores. “Infelizmente, ainda tem gente que não obedece os dias do lixo úmido e outros, ainda, misturam lixo seco  com úmido.  Ainda encontramos sacolinhas com restos de comida, rejeitos e até fezes de cachorros”.

Após a separação de todo o material reciclável, o lixo restante é recolhido e levado para o aterro sanitário em Uberaba, assim como o  lixo  úmido e rejeitos.  

De acordo com Eurípedes, a empresa recolhe o lixo seco na cidade apenas um dia na semana, na sexta-feira, cerca de quatro caminhões. “Além do lixo da sexta, vem para a Usina o lixo do comércio, especialmente o papelão, que é recolhido na terça-feira e, ainda, os lixos coletados na zona rural. A cada três semanas temos também o lixo das oficinas mecânicas”, explica José Eurípedes, informando que os trabalhadores recebem muito pouco. “Dá para tirar um pouco mais de um salário mínimo”, revela.  

José Américo explica que agora será uma nova Associação dos Catadores. “Aquela Associação que existia no governo anterior não sei se ainda existe, nós estamos arrumando a nossa, agora”. 

A coleta seletiva foi lançada oficialmente no município no dia 27 de fevereiro de 2010, com a previsão de  iníciar a  separação dos lixos úmido e seco, por parte da população, o dia 1º de março, medida que foi adotada por muita gente. Porém, esperava-se que a partir dessa data, o caminhão de lixo também iniciasse a coleta fazendo o recolhimento do lixo nos dias estipulados,  o que não ocorreu. 

 

Na época, criou-se a Associação dos Recicladores de Materiais de Sacramento (Aremas) e os 17 trabalhadores tinham grandes expectativas de melhorias, até porque, no dia 10 abril do mesmo ano, foi inaugurada a Usina de Materiais Recicláveis com baias, prensa  e esteira para separação do lixo. Os resíduos úmidos seriam separados para compostagem, como foi tentado por algum tempo. Os resíduos eram enleirados para a formação de adubos, porém os recicladores só ficavam com o trabalho, pois os  urubus não davam trégua.  Apesar da boa vontade e trabalho da Associação na Usina, na cidade, pouca gente respeitava a separação do lixo. Assim, a coleta seletiva acabou não emplacando, o lixo chegava todo misturado, até que, com o novo governo, a Usina foi desativada. 

 

Coleta seletiva traz beneficios ambiental, social, educacional e econômico 

A coleta seletiva do lixo um processo que consiste na separação dos resíduos domésticos (seco, úmido e rejeitos) depende exclusivamente de cada cidadão, que deve separar o seu lixo para a coleta nos dias indicados: segunda, quarta e sábado, a coleta de lixo  úmidos (restos de comidas, verduras e demais alimentos) e rejeitos (papel higiênico, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos) e nas sextas-feiras, lixo inorgânico, que é o lixo reciclável ou lixo seco (papeis, papelão, plástico, saquinhos e caixas de leite,  garrafas pet, latas, metais, embalagens de produtos diversos, etc)

A reciclagem de resíduos tornou-se uma ação importante na vida moderna, devido ao aumento do consumo, à diminuição do tempo médio de vida da maior parte dos acessórios que se tornaram indispensáveis no dia a dia e a grande quantidade de objetos e produtos descartáveis, que  trouxeram um grave problema: que destino a dar quando perdem utilidade? Daí surgiram os profissionais da reciclagem, que aproventam boa parte do material descatardo, desde que estejam em boas condiçoes para a utilização, daí a importância da seleção do lixo. A separação no lixo evita a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumentando o valor agregado e diminuindo os custos de reciclagem. O  lixo úmido, por sua vez,  vai para aterros sanitários transformando-se em adubo. 

 

A coleta seletiva traz inúmeros beneficios à sociedade como um todo nos aspectos ambiental, social, educacional e econômico. No aspecto ambiental, há o aumento da vida útil dos aterros sanitários, a partir da diminuição de resíduos que deixarão de ir para estes locais, isto é, haverá menos lixo na natureza. Os maiores beneficiados por esse sistema são o meio ambiente e a saúde da população. No aspecto social, destaca-se a geração de trabalho e renda aos catadores de materiais recicláveis, o resgate da cidadania dos catadores por meio de sua organização em cooperativas e associações. No âmbito educacional, temos a  mudança de hábitos e valores no que diz respeito à proteção ambiental, conservação da vida e desenvolvimento sustentável e, no aspecto econômico, temos a redução gastos com aterramento dos resíduos e a diminuição de gastos com a limpeza pública, dentre outros.O objetivo da coleta seletiva não é gerar recursos, mas reduzir o volume de lixo, gerando ganhos ambientais.