Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Seca no Lago de Furnas, revela cidade submersa em 1963

Edição nº 1434 - 03 Outubro 2014

A estiagem prolongada que atinge o Sul de Minas desde 2012 trouxe prejuízos, poeira, ar seco, longas áreas de vegetação onde havia água. Mas do fundo do lago, trouxe também parte da história de uma região que viu sua paisagem mudar em 1963. Para trazer o progresso, a construção do reservatório de Furnas 'enterrou' terras, fazendas, casas e até uma cidade. Enterrou histórias. Com a estiagem, veio à tona a antiga torre da igreja de Guapé (MG) que surgiu do fundo da água. Pontes e antigas estrada de terra 'voltam à vida' (e até ao uso) em Tres Pontas. Andar pelo cenário da seca, que 'assombra' os moradores da região há cerca de dois anos, é visitar o passado do Sul de Minas.  Ao lado da estrada que liga Alfenas (MG) a Campos Gerais (MG), uma ponte desativada na década de 1960 agora está à mostra. A ponte era a principal ligação entre as duas cidades até a criação do reservatório do Lago de Furnas, que abastece a hidrelétrica de mesmo nome. O slocais estão se tornando ponto sturísticos

 

Revelado pela seca, barco a vapor de 1940 começa a ser retirado em MG

A estiagem que atinge o Sul de Minas tem transformado as margens do Rio Grande em um verdadeiro museu ao ar livre. Muitas embarcações e pontes que estavam no fundo do rio estão vindo à tona. Em Ribeirão Vermelho (MG), um barco a vapor da década de 1940, uma das revelações da seca, está sendo retirado.  O nível de água no Rio Grande baixou cerca de 10 metros com a estiagem. Uma retroescavadeira faz a escavação, que exige cuidado para não danificar a estrutura do barco corroída pela água, que será recuperado e colocado em exposição.

 

Paredão de antiga usina reaparece com seca do Rio Verde em Varginha

Estrutura fazia parte de usina que abastecia municípios na década de 1950. Situação de rio causa preocupação a presidente de comitê hidrográfico.

A seca fez reaparecer um paredão construído há 100 anos para represar o Rio Verde e gerar energia em  Varginha (MG). A barragem fazia parte de uma usina que era responsável pelo abastecimento de 52 municípios do Sul de Minas. A unidade foi desativada no final da década de 1950.

A atual situação do Rio Verde, que em muitos pontos agora parece apenas um pasto, surpreende os moradores.

Pela primeira vez, seca a principal nascente do rio São Francisco, em MG

A nascente do rio São Francisco, que está localizada dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, está seca. Segundo o chefe do parque, diretor Luiz Arthur Castanheira, para a imprensa nacional, o evento é inédito e o motivo para isso foi a sucessão de secas que atingem a região há pelo menos três anos.

O parque tem 200 mil hectares de área e preserva, além das nascentes do São Francisco, outros monumentos naturais. Serve como divisor natural de águas das bacias dos rios São Francisco e Paraná.

“É um fenômeno natural que ocorre sempre, diminuindo a quantidade de água. Mas a seca está muito forte este ano. É a primeira vez que as nascentes altas do São Francisco estão secas. O pessoal do parque aqui disse que nunca viu nada igual a isso”, afirmou.

Castanheira, acrescentando que  , apesar da nascente seca, o curso do rio, que se estende por 2.700 km, de Minas até o litoral de Alagoas, não está ameaçado, já que outros rios e riachos o alimentam. “Aqui, na verdade, é o começo do rio, mas tem muito tributário mais para baixo. Essa nascente seca serve para mostrar como estamos com problemas com a pequena quantidade de água”, disse.

DE acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, a bacia do rio corta seis Estados: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás e uma pequena parte do Distrito Federal, chegando a 504 municípios. O rio é a única alternativa de água para milhares de pessoas que vivem no semiárido desses Estados.

O rio também é alvo da maior obra do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), com a transposição que constrói dois canais com um total de 477 km, que vão retirar água do rio e levar a 390 municípios do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Segundo o Ministério da Integração Nacional, as obras físicas do projeto estão 62,4% executadas, e a entrega dos canais deve ocorrer em 2015.

Além da seca, o parque da Serra da Canastra também está sofrendo com os incêndios. Desde o dia 20 agosto, o chefe do parque disse que já foram dezoito focos registrados.

 

Por conta dos incêndios e de obras na estrada de acesso, o parque foi fechado até 6/10.