Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O drama de uma parturiente na Santa Casa de Sacramento

Edição nº 1426 - 08 Agosto 2014

Rodou as redes sociais esta semana um vídeo mostrando a revolta de uma mãe, ao retirar da Santa Casa, por volta das 21h00 do dia 1º, a filha que aguardava para dar à luz, há mais de seis horas, por falta de atendimento médico e de ambulância. 

De acordo com a mãe, a filha deu entrada na Santa Casa por volta das 14h00, já com fortes dores. No hospital, ficou sabendo que o médico responsável pelo parto estava viajando e os plantonistas não faziam o parto. Os enfermeiros tentavam manter calma a paciente, mas o esposo percebeu que a situação ficava sem solução. Preocupado, ligou para a sogra, que mora em um sítio próximo à cidade, pedindo para vir acompanhar a filha.

Conta a mãe que chegou por volta das 17h00 na Santa Casa e a situação continuava a mesma. A filha sofrendo, sentindo muitas dores. “Quando entrei na sala, fiquei desesperada, vi minha filha gemendo de dor, já quase desmaiando e o médico não chegava. Chamei a enfermeira e ela só dizia: 'Calma, calma... É assim mesmo'. Foi quando eu disse: Pelo amor de Deus, não tem ninguém? Meu genro quis chamar um médico particular, mas disseram que ele não podia entrar no hospital. Mas ela vai morrer, pelo amor de Deus! – eu gritava”, contou, lembrando que várias pessoas passavam na porta e balançavam a cabeça, como que dizendo: 'Não é possível que isto esteja acontecendo'. 

Segundo a mãe, já eram quase  21 horas, quando a filha suplicou a ela que a retirasse do hospital. “Minha filha me pedia, 'pelo amor de Deus, me tira daqui. Faz alguma coisa, mãe' – e as enfermeiras só pedindo: 'Tem que ter paciência'. Como ter paciência num momento desses? Com tanto ambulância na Prefeitura, não tinha uma para transportá-la para Uberaba. Qual mãe não fica desesperada? – perguntou, afirmando que, diante da situação, tomou a decisão “de uma mãe que não quer deixar a filha morrer sem socorro”.

“- Eu peguei a maca onde estava minha filha e saí puxando pelo corredor até a porta do pronto socorro. As enfermeiras tentavam impedir, eu puxando para fora, elas para dentro. As enfermeiras pediam: 'Não faz isso, não faz isso'. Mas eu estava decidida e respondia: 'Vou levar minha filha eu mesma para Uberaba, se não ela morre aqui sem socorro'. E saí em disparada. Graças a Deus, no trevo de saída da cidade, encontrei com meu filho que tem um carro mais veloz, e chegamos em Uberaba em meia hora”.

A paciente deu entrada no Hospital de Clínicas (Escola) por volta das 21h30 do dia 1º, sem nenhum papel de transferência da Santa Casa de Sacramento. Em Uberaba, segundo a mãe, não houve também tempo de preparar os papeis de internação. “Correram com ela para a sala própria e ganhou, através de parto normal, uma filha linda, com 3,460 kg e 59 cm, que recebeu o bonito nome de Eloísa Vitória”, contou, aliviada, a mãe, reconhecendo que a neta Eloísa nasceu já conquistando sua primeira 'Vitória', a vida!

Até a edição desta matéria, dia 6, mãe e filha encontravam-se ainda internadas no Hospital de Clínicas. A preocupação da família era o tempo demasiado que a paciente aguardou para a filha nascer, razão de estar ainda hospitalizada.

Emocionada, após narrar todo o fato, diz a mãe que não sabe como teve tanta força para enfrentar aquela situação. “Como Deus me deu tanta força para chegar a tempo?”, pergunta, consolada pela outra filha, que completa: “Era para ter acontecido o pior, mas graças a Deus conseguimos”.

A mãe finaliza não desejando que o fato se repita mais com nenhum outro paciente. “Meu Deus, foi terrível. Espero que nunca mais isso torne a acontecer, com ninguém. Nunca vi nada igual na minha vida”. 

Diante da repercussão do caso, a Santa Casa publicou ‘Nota de Esclarecimento’ .

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, acerca dos fatos ocorridos no início da noite do dia 01 de agosto p.p., vem a público esclarecer que a paciente T.C.R.S, 22 anos, ingressou no Pronto Socorro da Instituição às 17h35m se queixando de dores abdominais no baixo ventre e, ao ser constatado que a paciente estava em início de trabalho de parto, foi encaminhada imediatamente para a internação onde lhe foi ministrado soro próprio objetivando aumento da dilatação que permitisse a realização do parto normal. Todo esse procedimento foi realizado e assistido pelos 02 (dois) médicos plantonistas que estavam presentes na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento desde a entrada da paciente no Pronto Socorro, sendo eles os Drs. Thiago Castanheira B. Oliveira (CRM/MG 63055) e David Sene Oliveira (CRM/MG 63056) além do pediatra Dr. Thales R. Vasquez (CRM/MG 49.327) e respectivo corpo de enfermagem. 

Durante a sua internação a paciente exigiu a presença de um médico de sua preferência, entretanto, foi informada que não seria possível atender tal solicitação uma vez que, além de não conseguirem contatar o profissional solicitado pela paciente, a sua internação por ter sido realizada pelo Sistema Único de Saúde exige que seja o paciente atendido pelos médicos plantonistas presentes no momento do atendimento. Ainda durante sua internação, foi constatado que paciente não havia tido evolução que possibilitasse a realização do parto normal e, após decisão conjunta do corpo clínico foi disponibilizada uma vaga no Hospital das Clinicas da Universidade Federal do Triangulo Mineiro “Hospital Escola” e solicitada a presença da UTI móvel para que realizasse o transporte da paciente para a cidade de Uberaba. 

Considerando que antes de todo transporte de pacientes para quaisquer cidades e em quaisquer situações a UTI móvel passa por uma assepsia completa no seu interior, até a sua chegada para a remoção da paciente passaram-se 20 (vinte) minutos aproximadamente e, durante esse período a paciente por conta própria e sem autorização de nenhum dos médicos presentes decidiu por abandonar o centro cirúrgico argumentando que não poderia mais esperar e ignorando todos os pedidos da equipe médica e de enfermagem, entrou no veículo que era conduzido por sua mãe e se evadiu da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento a despeito de todos os riscos de tal decisão para a própria paciente e também seu filho. 

Importante esclarecer ainda que tão logo a paciente se evadiu do hospital, o veículo da UTI móvel chegou para o seu transporte, já com médico e enfermeiros a postos como é exigência em casos dessa natureza. Diante disso, foi solicitada a presença da Polícia Militar afim de que fosse lavrado o respectivo boletim de ocorrência. A Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, entidade que sempre atendeu a toda a população de Sacramento independente de sua condição financeira lamenta profundamente o ocorrido e reafirma seu compromisso com a prestação de serviços médicos de forma séria, ética, eficiente com observância plena de todos os procedimentos médicos em seus atendimentos e rechaça todo e qualquer boato infundado e difamatório sobre o episódio. 

Por derradeiro, informa que toda a documentação referente ao caso encontra-se no prontuário da paciente na sede da Instituição e, por se tratar de dados protegidos por sigilo profissional, caso seja determinado judicialmente a sua exibição, a Santa Casa de Misericórdia de Sacramento o fará de forma irrestrita e desde já se coloca à disposição das autoridades competentes para eventuais esclarecimentos.

Sacramento, 06 de agosto de 2014

 

Santa Casa de Misericórdia de Sacramento

José Alberto Borges

 

Provedor