Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Lixo não recolhido gera protesto

Edição nº 1420 - 27 Junho 2014

Que o lixo não foi recolhido na sexta-feira (20), em boa parte da cidade, é fato. Mas como acontece diariamente, nos dias da coleta, um  funcionário vai à frente, retirando os sacos das lixeiras amontoando-os nos passeios, inclusive, em frente a portões e garagens de residências, conforme reclamações já registradas pelo ET. E não foi diferente naquela sexta-feira, data em que  Rogério Pereira Pires, morador na esquina da rua Treze de Maio com a rua Antônio Augusto da Silva Neto assumiu que decidiu dar um basta na questão, amontoando todo o lixo no meio da rua. 

Chamado ao local, o repórter do ET ouviu a reclamação de sua esposa, Orlinda Aparecida de Oliveira, proprietária do salão de cabeleireira Tok Especial, há 15 anos.

“- Ocorre que as pessoas ainda não estão bem informadas sobre os dias diferenciados de coleta dos tipos de lixo, seco, úmido, reciclável... E a maioria continua colocando na rua todo tipo de lixo. E chega o primeiro lixeiro e junta tudo na porta do meu salão. Depois, muitas vezes bem mais tarde, vem o caminhão com outros lixeiros que analisam o lixo, recolhem um pouco e deixam o resto na minha porta. Vem cachorro, rasga os sacos em busca de comida e fica aí essa lambança”, reclamou. 

De acordo com Orlinda, o lixo fica lá, por dias. “Mesmo porque nunca tivemos varredores por aqui para a varrição das ruas. Entendo que o lixo tem necessidade de ser recolhido, mas até a população toda ser conscientizada, ele não pode ser largado nas lixeiras, dependurado nos portões, nas árvores, nas calçadas... Ele deve ser retirado e levado para um local adequado. O que não pode é ficar amontoado na porta da gente. Nós pagamos impostos e não podemos aceitar isso”, frisou. 

De acordo com Orlinda, “o secretário Marcelino Marra esteve no local para resolver a questão, mas foi muito mal educado”. “Faltou ele me dar um tapa na cara. Não estamos na ditadura, não é época mais de ditadura, vivemos numa democracia política. Mas agora, depois que o Dr. Bruno entrou, tudo se resolve lá no fórum, e o negócio não deve ser assim. O povo tem seus deveres, mas também tem direitos, não foi só o Rogério quem pôs o lixo. Não fomos só nós, foi gente que deixou na nossa porta. O meu salão virou uma porta de lixo, porque os lixeiros deixam aqui para ser recolhido. E como não foi recolhido, óbvio, vamos retirar da nossa porta. Isso não é problema meu, é problema da Prefeitura e a empresa coletora está aí pra trabalhar e solucionar. E não chegar aqui com arrogância, de forma a nos intimidar”, lamentou.

Muito nervosa, Orlinda desabafa e põe pra fora o que a vem magoando.   “Não tenho medo de ameaças, não tenho medo de secretário, de prefeito... Sou uma cidadã, trabalhadora, pago impostos e sei muito bem dos meus direitos. O povo não pode mais calar a boca e achar que tudo está bom, que a Prefeitura manda e desmanda, como tem dito o nosso prefeito: 'Eu faço do jeito que eu quero, eu sou o prefeito'. Mas não é por aí, tem que ser feito do jeito que o povo precisar que seja feito. Será que os funcionários amontoam lixo na porta da casa do secretário, do prefeito?”, perguntou.

Orlinda esclarece que essa reivindicação não é só dela, e que, antes de o marido colocar o lixo no meio da rua, ela ligou para a PM comparecer ao local. “A polícia não veio para nós, mas o Marcelino também chamou e a PM também não veio. “Achei muito certa a atitude da PM, se não veio para o povo, não veio também para a Prefeitura. É correto, porque ela não tem partido, o papel dela é fazer a segurança pública, não é fazer o que a Prefeitura manda. Parabéns, à Polícia Militar!”, cumprimentou. 

Finalizando, Orlinda faz um apelo aos funcionários públicos da Prefeitura: “Peço aos funcionários que tenham um mínimo de respeito para com a população, e não é só por mim, não. Quero respeito com toda população de Sacramento, porque estamos apenas reivindicando os nossos direitos, a porta da minha casa nem a de ninguém  é lixão da Prefeitura. Ao invés de reclamar com a empresa que não faz o serviço certo, vem desacatar o cidadão’’, alerta.

A questão rendeu muitos comentários no feicebuque. Confira na coluna 'De Olho na Rede'.

 

Secretário acusa morador de incitação a desordem pública

Através de emeio, o ET entrou em contato com o secretário Marcelino Marra que, através da diretora de Comunicação da Prefeitura, Juliana Ivo Costa, informou que o fato não passou de “um caso isolado praticado por um cidadão, visivelmente, embriagado, contrariando as normas adotadas pelo município, em se tratando da coleta de lixo”.

Afirmou o secretário que “a mudança nos dias para a coleta de lixo, foi amplamente divulgada, desde dezembro de 2013 por meio de jornais, rádios, carros de som, como também visitas nas residências deste município por parte dos educadores ambientais, onde foi deixado todo material  explicativo”. 

Sobre o lixo entulhado frequentemente na porta do salão Tok Especial, justificou o secretário que é um procedimento adotado pela empresa quando recolhe o lixo. “Trata-se de uma forma como a empresa terceirizada e contratada pelo Município procede. Entretanto, no dia do ocorrido o caminhão coletor e seus trabalhadores, ainda não haviam feito a operação nesta rota”. 

 

Acusando o morador Rogério Pereira Pires de estar “visivelmente embriagado” e por praticar um “ato de incitação a desordem pública”, Marcelino Marra foi à Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência. Finaliza afirmando que “esse tipo de provocação não será tolerado pela administração municipal, que sempre agirá no rigor da lei, na defesa dos interesses de toda sociedade sacramentana”. 


Lixo amontoado em cruzamento rende BO

O eletricista Rogério Pereira Pires, 49, procurou a polícia na sexta-feira, 20, para denunciar o não recolhimento do lixo amontoado em frente a sua residência na rua Treze de Maio, no bairro Chafariz. À PM Rogério relatou que, “incomodado com não recolhimento do lixo na rua Treze de Maio, bairro Chafariz, onde reside, juntou todo o lixo com os demais vizinhos e o depositou todo na rua e, a seguir, acionou a imprensa local para denunciar a situação”. Rogério informou ainda que o último  dia da coleta havia ocorrida no dia 18 e, que após a atitude adotada pelos moradores, somente o lixo seco, reciclável, havia sido recolhido, ficando o restante na rua. 

O secretário Marcelino Marra, 48, também lavrou ocorrência,  relatando que o serviço da coleta vem sendo realizado diariamente, com exceção do dia 19/06, feriado de Corpus Christi. E disse mais que o fato de o lixo não ter sido recolhido em sua totalidade no dia 20/06, se deve à mudança da coleta nas sextas-feiras, quando a empresa recolhe somente materiais recicláveis. 

De acordo com Marcelino, à PM, a mudança ocorreu há duas semanas e que estava sendo noticiada pelas rádios da cidade, pelo próprio caminhão de coleta e por folhetos com imã deixado nas residências.

 

Rogério disse desconhecer a mudança.