Festa literária no Reino da Bucolândia

O advogado aposentado Saulo Wilson completou na noite de sábado, as três coisas que podem deixar um homem realizado na vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Das árvores disse que plantou muitas; dos filhos, gerou três com a esposa Perpétua Oliveira. E o último dever de casa cumpriu naquela noite de autógrafos, 22, quando lançou na Casa da Cultura, sua primeira obra escrita, 'No Reino da Bucolândia'. 

Bucolândia é um lugar imaginário, daqueles  fincados no sopé da serra, às margens de um ribeirão, o Emborá, e vem recheado de histórias que Saulo ouviu ao longo de seus bem vividos 87 anos, sobretudo do saudoso professor Iulo Derwil de Miranda. Na sutileza das sátiras, o autor apresenta personagens bucólicas e burlescas como o barão de Alfenas, José Cabral, o professor Antonio de Pádua, o escrivão Diogo Álvares, marquês de São Miguel, conde dos Cocais, o fazendeiro Dindom o Zé Tomé e tantos outros bucolenses. Fala até da invenção  da televisão no Reino e com criatividade e maestria foi inserindo poemas de clássicos autores, como Catulo da Paixão Cearense. Fechando o livro, quatro contos, no anexo intitulado 'Outras Histórias'. 

O livro com 48 contos distribuídos  em  178 páginas  é mais uma publicação da prata da casa, a Editora Bertulucci.  A capa é de autoria do designer Alessandro Abdala, o prefácio, assinado pelo jornalista professor Walmor Júlio Silva, que além da apresentação do autor, declamou o poema Flor de Maracujá, de Catulo da Paixão Cearense, do capítulo 26, intitulado, “De como se fazia uma tertúlia na Bucolândia”. O livro rende boas risadas do leitor, e se lido nas entrelinhas, então...

 'No Reino da Bucolândia' é o primeiro livro de Saulo Wilson, mas a sua verve literária já deu mostras em inúmeros artigos, crônicas e poemas, muitos deles publicados pelo jornal  O Estado do Triângulo, com as 'Histórias do Sacramento Antigo'.

Além da presença do seleto público, secretários de governo, amigos e familiares, a presença do professor e escritor conquistense, Dimas da Cruz, do poeta José Belisário Pereira, que declamou o poema, 'Aqui é meu lugar', de autoria de Chico Urbano. Presenças também dos escritores, Amir Salomão Jacob  e Júlio Cezar Pereira, além do professor e escritor Carlos Alberto Cerchi, sócio proprietário da Editora Bertolucci e responsável pelo cerimonial, com a filha Maria Cerchi. Presença do vereador Pedro Teodoro de Rodrigues de Rezende e Luiz Alberto da Silva, do vice-prefeito Geraldo Majela  e do prefeito Bruno Scalon Cordeiro, que saudou o autor como “uma mente brilhante e exemplo de vida”.

 Saulo, modesta e simpaticamente, agradecendo as homenagens dos amigos, disse:  “Não me julgo merecedor de tanto, mas estamos satisfeitos porque conseguimos fazer a última coisa que deixa um homem realizado: o ato de escrever um livro. Filhos,  tenho  três; árvores, plantei várias e livros, escrevi o primeiro”, disse, lembrando do professor Iulo: “Ele sempre nos dizia: 'a Bucolândia hoje está calma ou a Bucolândia está agitada'... E foi daí que nasceram as crônicas”, disse, ressalvando que, qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais, teria sido mera coincidência”

O seleto público presente foi brindado, além do livro, com belas páginas do cancioneiro popular, interpretadas por duas duplas: Vagner Mendonça e Luiz Feliz, e Odílio Fucsato  e o Prof. Seme Sakr, ambos de Conquista.

Um pouco de Saulo Wilson

Saulo Wilson, 87,  nasceu nas terras do Borá cantadas em verso e prosa pelo seu pai, o professor Homilton Wilson (Margarida Giani Wilson). Iniciou os estudos no Colégio Allan Kardec, escola fundada pelo seu tio, Eurípedes Barsanulfo, e no Lyceu Sacramentano. Aos nove anos, segue para Franca onde conclui os estudos básicos, iniciando sua vida profissional como bancário nos bancos de Credito Real, Nacional de Descontos  e Distrito Federal. 

Em 1952, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde ingressou na faculdade de Direito. Como advogado trabalhou em  diversas empresas no Rio, além de conduzir negócios próprios.  Em 1980,  já aposentado, depois de quase 30 anos ausente, regressou às terras do Borá para assumir a direção da Fundação Lar de Eurípedes e ocupou cargos na diretoria do grupo Esperança e Caridade. 

Fundou a Fábrica de Calçados Eurides e, em 1997, a convite do então prefeito Nobuhiro Karashima, assumiu  o cargo de   Secretario  de Governo e, em 2003, o Turismo. Some-se à sua história a contribuição aos movimentos religiosos e culturais da região e a publicação de diversos artigos para jornais e revistas espíritas.

Saulo casou-se em 1950, com Perpétua de Oliveira, com quem teve três filhos  Eni (José Mauro  de Barros Gabriel), Virgínia (Cauci de Sá Roriz) e Edson Wilson, filhos que lhes deram belos netos, hoje todos adultos.   

Iniciando agora a publicação de sua obra escrita, Saulo Wilson tem entre seus alfarrábios, inúmeros escritos inéditos, inclusive um romance que promete lançar em breve, baseado na vida do fundador da cidade, Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick.