Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Chega, não aguentamos mais: Sacramento pede mais segurança nas rodovias da região

Edição nº 1406 - 21 Março 2014

Uma manifestação pacífica, com pouco mais de mil pessoas, movimentou o centro da cidade na manhã da última segunda-feira, 17. Pais de família, representantes da maioria das organizações, instituições e empresas urbanas e rurais, entidades religiosas, maçonaria, jovens, idosos e crianças, professores e alunos das escolas privadas da cidade, participaram do movimento num grito uníssono: mais paz e menos violência. Incompreensivelmente, professores e alunos das escolas estaduais não participaram da manifestação, por determinação da inspetora escolar, Luzia Borges de Melo. As escolas públicas do município também não aderiram à manifestação por determinação do prefeito Bruno Scalon Cordeiro. 

Os comerciantes que não fecharam as portas, aderiram ao movimento enfeitando as vitrines com a cor branca. Os manifestantes, a maioria vestidos de branco, levaram balões, bandeiras, além de faixas e cartazes com pedidos de paz. Durante a caminhada, que saiu da praça Getúlio Vargas, logo após a audição do Hino Nacional, 

seguindo pela Benedito Valadares, até o cruzamento com a Silva Jardim, retornando pela Visconde do Rio Branco até a Antônio Carlos e, 

dali mais uma vez  concentrada na praça, a multidão leu junto o seguinte manifesto:

 “Sacramento... Conquista... E região... Muita Atenção! O nosso ato é de cidadania. Nós fazemos parte de uma luta social e o que queremos é segurança. São os nossos direitos. 

E o movimento apenas começou! Uma vez. Duas vezes. Cinquenta vezes. Quantas vezes for preciso. Amanhã será melhor! Amanhã será melhor! Amanhã será melhor!”

 

Escolas estaduais e municipais se calaram

Ouvidas pelo ET, através de emeio, as escolas estaduais preferiram se calar, diante da repercussão negativa motivada pela ausência de educadores e alunos. Os diretores Fábio Sebastião (Sinhana Borges), Tânia Moreno (Afonso Pena), Alice Jerônimo (Barão) e Mônica Vieira (Coronel) não responderam à pergunta do jornal: “Na 'Passeata pela Paz', realizada em Sacramento na manhã dessa segunda-feira, 17, quais os motivos que levaram sua escola a não participar do evento?”. O inusitado silêncio dos diretores foi esclarecido depois que o empresário Marcel Cerchi postou pela rede a informação de que a inspetora escolar, Luzia de Melo Borges, proibiu a participação das escolas. Veja o post do empresário:

 

“Todas as escolas estaduais e municipais foram convidadas e estavam se preparando para participar,  mas a inspetora Luzia nos disse, pessoalmente, que não recomendaria a participação. E foi a todas as escolas e recomendou, direta e pessoalmente a todos os diretores, para que não participassem. Ela nos confirmou no nosso segundo encontro que as escolas não iriam participar. E assim tudo ocorreu, não existe qualquer dúvida quanto a isso. Interpretem como quiser”.

 

Confira alguns depoimentos colhidos pelo ET durante a caminhada

“Esse é um evento que partiu da própria população e que teve uma adesão fantástica, porque a segurança pública chegou a um ponto que é impossível deixar do jeito que está. Isso não tem mais como continuar, por isso esse apelo da sociedade às autoridades constituídas. Eu, particularmente, gostaria que estivessem aqui prefeito, delegado, juízes, as autoridades participando junto, porque é uma coisa que vem para ajudar todo mundo, sobretudo, os que  podem fazer alguma coisa pela segurança”. (Marcel Scalon Cerchi, com um grupo de funcionários do Scala).  

“É uma caminhada pela paz, um momento muito importante de reflexão, uma  aula para as nossas  crianças. Acreditamos que se não  as ensinarmos desde cedo, nosso futuro poderá ser pior, por isso acreditamos que a educação é o processo de libertação e de paz”. (De Francine França Amui, diretora da Escola Eurípedes Barsanulfo, acompanhada de professores e alunos). 

“Fechamos a loja e vimos dar a nossa contribuição, todos temos que nos unir e lutar pelo nosso direito de viver em segurança. Vale a pena fechar a loja até um 'poucão', por uma causa dessas”. (Débora Cristina Rocha Gonçalves Silva, da Foco da Moda, acompanhada de funcionárias). 

“Nós da zona rural também sofremos com a falta de segurança, não temos sossego. Vim ontem à tarde pra cidade só para participar da caminhada”. (Dona Luzia de Paula Fernandes, 68, da fazenda  Ritirinho, com a amiga Maria de Fátima Ferreira, moradora do Perpétuo Socorro). 

“A Apae está participando da caminhada pela sua importância  para a sociedade, porque a segurança é tudo. Estamos participando por momentos difíceis na questão de segurança e é preciso a participação e conscientização de todos”. (Elaine Aparecida Oliveira Bizinoto, professora da Escolinha Tio Tofe, acompanhada de outras professoras e alunos).

“Temos motivo de sobra para estarmos aqui. Eu com meus funcionários e clientes fomos vítimas de revólveres duas vezes. Tivemos de deitar todos no chão, enquanto nos assaltavam e nada aconteceu até hoje. Fomos jogados no chão, diante de um revolver e ninguém foi preso. Estamos abandonados.  Nos assaltam no trabalho, não podemos sair de casa, não podemos sair de carro. Nós estamos presos e bandido solto.  Tenho medo de sair de casa, por isso eu peço para as autoridades que  pensem em nós, mudem essas leis, nós precisamos viver em  paz e com segurança”. (Carlos Antonio Gomes com funcionários do Varejão Primo´s). 

“Está demais a violênciae insegurança na cidade e na região. A gente tem medo de sair, por isso precisamos unir forças, pedir às autoridades para que tomem uma providência”, afirma Gustavo Marques de Rezende e funcionários da Clinica Veterinária da Agrolina e Monica Rezende completa “Estamos perdendo vidas. Como professora de História, vejo aqui uma aula que os sacramentanos estão  dando hoje, seguindo exemplo de Mandela, Gandhi, que lutaram  pacificamente. Pediram para vir de roupa branca, mas rapaz não depende de cor, depende de atitude. Paz se faz com atitude e os sacramentanos estão tomando uma atitude”.

“Precisamos nos unir, porque a nossa segurança está frágil. Temos que correr atrás, é direito nosso termos segurança, é o direito de ir e vir. Pagamos por isso, mas infelizmente estamos abandonados. Se não dermos o grito a coisa irá piorando ainda mais, por isso é hora de  correr atrás de nossos direitos”. (Luiz Henrique de Oliveira, acompanhado de uma grupo de funcionários do Supermercado Maísa). 

Unidas, as lojas maçônicas, General Sodré e Acácia do Borá abriram a passeata. “Estamos juntos nessa manifestação pela paz e segurança que nós, cidadãos sacramentanos, tanto almejamos. A insegurança tomou conta, temos medo de ir a Uberaba. A maçonarias se alia aos justos, no combate às injustiças, por isso estamos ao lado dos cidadãos sacramentanos nessa luta”, disse o venerável Ivan Rosa Gomides.

“A insegurança é uma preocupação de todos, porque todos poderemos ser vítimas do que está acontecendo. É na cidade, é na zona rural, é nas estradas, por isso todos temos que nos unir em prol dessa causa”. (De Hermógenes Vicente Ribeiro, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento e funcionários).

Muitos outros depoimentos defenderam e apoiarama manifestação, como empresários e seus funcionários e vários representantes de instituições.  Gabriela Pavanelli, da Sak's, pediu paz, liberdade e segurança; Luciano Wagner, da Inove afirmou que é um direito nosso cobrar por mais segurança; as funcionárias dos laboratório Labieno Soares e IAPC exaltaram a liberdade da causa, afirmando que a diferença está em cada um fazer sua parte; “esta é a razão de estarmos aqui, é importante participar”, completou Aymê Luíza, junto aos idosos do Lar S. Vicente; Cairon Mota, do Supermercado Renata, liderando um grupo de funcionários; “é nosso direito de ir e vir que está em jogo”, denunciou Lucinha Rezende, da Transluandri; e Marcilon Jr., da Magazine das Fábricas, frisou que “vale a pena fechar a loja por uma causa tão nobre, nossa segurança está em risco”; Paula Márcia, da Orca, afirmou enfática: “não dá mais para ficar de braços cruzados”