Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Amor Exigente realiza palestra na rua

Edição nº 1409 - 11 Abril 2014

O grupo Amor Exigente recebeu na segunda-feira, 7, o palestrante Sivaldo Vieira de Araujo, da Comunidade Terapeutica Montreal, de Aramina (SP),  para uma palestra sobre prevenção às drogas para familiares e recuperandos. E pasmem! A palestra foi realizada na calçada da Secretaria de Desenvolvimento Social, com iluminação vinda dos postes da via pública, por falta de energia na sala onde se reúnem naquele prédio.

Convidado pela entidade, o ET esteve no local e ouviu a reclamação do grupo, na pessoa da coordenadora do Amor Exigente na cidade, Madalena Fraga Brás. “Desde a semana passada, dia 31, eu cheguei ás 18h para arrumar a sala e aguardar o pessoal e encontrei as luzes desligadas, mas ainda assim, fizemos a reunião, sem a partilha de grupos. Na terça-feira, 1º, estive aqui e o pessoal disse que iria arrumar, mas chegamos aqui hoje e nada”, lamentou. 

De fato, quando a reportagem chegou ao local, Sivaldo Vieira estava afalando no escuro, na calçada do prédio, onde as famílias se aglomeraram, sem possibilidade Hoje chegamos, o palestrante na maior boa vontade,  trazendo datashow e tudo o mais para ilustrar a palestra e não tem energia. Resultado, perdemos muito da palestra, porque o pessoal não ouve e tivemos de realizar a reunião na rua. Quarenta  pessoas, integrantes do grupo aqui na rua. Lá dentro há pouco espaço, não é um local adequado, mas a gente vai levando, agora,  não tem energia”. 

De acordo com Madalena, ela chegou a ligar para o secretário Adriano Magnabosco, mas “ele diz que precisa de um disjuntor e outras coisas e que só daqui uns quinze dias para termos energia”. Para Madalena o corrido é mais um dos entraves na cidade contra o controle e prevenção às drogas e lamenta  o corrido, “uma reunião dessas nunca poderia ser feita na rua. As pessoas precisam de um espaço digno até pra falar sobre as droga se seus males para o usuário, a família, a sociedade. Perdemos uma grande oportunidade de uma boa palestra, com todos ouvindo bem, participando, perguntando e vendo  a realidade das drogas num datashow”. 


Palestrante fala da importância  do encontro

Sivaldo Vieira de Araújo, enfermeiro, proprietário da 'Comunidade Terapêutica  Montreal, de Aramina (SP), falando ao ET, destaca a mensagem deixada aos participantes, famílias que buscam ajuda para vencer problemas relacionados às drogas e de convivência com os filhos recuperandos. 

“- Nossa maior mensagem é para nunca desistir de lutar pelos filhos, mesmo que estejam numa fase adiantada. Os pais, principalmente eles,  não podem desistir. Mas o mais importante é que muitos se esquecem de trabalhar a prevenção com os jovens, adolescentes e crianças. A prevenção é o mais importante da nossa mensagem: prevenir para que outras pessoas não enveredem pelo mundo das drogas. Os que já entraram, não há outra forma, a solução é tratamento mesmo, seja  no Caps, na Igreja, nos grupos de auto ajuda e até internamento”, afirma, destacando que em cada palestra o foco é sempre a prevenção. 

Para Sivaldo a prevenção se faz com presença, com diálogo, com olho no olho. “Não há outro segredo para criar filho se não estiver do lado e atento ao seu dia a dia, às companhias, onde e com quem estão. Manter a família mais unida, porque o que vemos hoje é o pai na sala vendo futebol, a mãe na cozinha vendo novela, uma filha no computador,  outro na internet do celular, outro com a namorada no quarto”, analisa, demonstrando a falta de diálogo no lar. 

De acordo com Sinvaldo, em muitas famílias, o diálogo e as ações conjuntas entre os membros da família tornaram-se coisa rara. “Não há encontros de famílias mais hoje, de irem todos numa sorveteria ou comer uma pizza. As famílias não almoçam juntas mais, nem aos domingos e são esses momentos, esses contatos em família que firmam laços, e afinam o relacionamento familiar”, afirma.

Destaca também a importância da religião, independente de qual seja. “A religiosidade na família é imprescindível, qualquer religião ajuda muito e isso tem que ser cultivado dentro  de casa, desde criança  e dar o exemplo, isto é, se os  pais e mães não têm religião, não praticam uma religião, não adianta mandarem os filhos, porque eles não irão. Religião começa na família e se fortalece com a família”, ensina.

Lembrando o psicopedagogo, Içami Tiba, Sivaldo falou da importância do limite. “Os pais não podem dizer sempre 'sim' aos filhos, dar tudo o que eles querem, sempre fazer sua vontade. É preciso analisar, ver o que realmente é necessário. Em muitas ocasiões, os pais têm que dizer 'não' aos filhos. Essa é a parte mais doída, que nenhum de nós gosta, mas é preciso impor certos limites, do contrário criaremos marginais”, conforme afirma Içami. 

Explica Sivaldo que para compensar as ausências do lar, por conta do trabalho, os pais abrem mão de tudo. “Saem cedo de casa, quando o filho ainda dorme e retornam à noite, quando o filho já dormiu. E, para compensar essas ausências que o mundo de hoje nos  impõem, somos levados a dar tudo o que os filhos querem. Mas não é por aí. Limite tem que ser implantado dentro de casa: respeitar os pais e os outros é obrigação; tirar notas boas é obrigação; dar satisfação de onde e com quem vai é obrigação; a hora de chegar em casa é obrigação... Enfim, limite tem que estar em casa e na escola, em todos os  lugares. 

 

Finalizou, afirmando que facilitar sempre a vida para os filhos é uma porta aberta para a marginalidade. “Infelizmente, só dizer 'sim', facilitando em tudo a vida dos filhos   é uma porta aberta  para muita coisa. Eles têm que aprender a conquistar as coisas...”.